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Acordei com um edredom fino sobre mim e um cheiro estranho no ar, levantei de imediato ao recordar sobre os acontecimentos do dia anterior e sentei num pulo com o coração disparado. Tudo para dar de cara com Ciel ao lado da cama de costas para mim em sua forma meio humana meio lobo. Seminu, obviamente.

— Ah! — ele exclamou sem muito interesse — ela está viva — ele disse e voltou para o livro que tinha nas mãos. Ele parecia são e salvo.

Senti náuseas e pontadas de dor no braço esquerdo e logo cai novamente deitada, sem forças para me levantar. Por mais incrível que fosse, Ciel me amparou cuidadosamente.

— Cuidado — ele alertou. Parecia estranhamente calmo — você perdeu muito sangue, não pude te curar como da última vez... Desculpe — eu ouvia as palavras que saiam da boca dele, mas não conseguia conectar muito o conteúdo, Ciel estava sendo gentil? — você precisa se recuperar, então descanse. Quando você estiver melhor você irá aprender a se esconder e a manter o controle de seus poderes.

Fiz menção de levantar novamente, mas a mão firme de Ciel no meu ombro me manteve no lugar. Minha garganta estava seca e minha língua parecia uma papa que se recusava a formar palavras.

Notando minha dificuldade Ciel me alcançou um copo cheio de água do qual bebi avidamente e então finalmente consegui formular algumas perguntas que fizessem mais sentido.

— Como...? — minha voz estava rouca e minha dor de cabeça era imensa — por quê ...? E onde...?

— O garoto chamado Blake que diz que te conhece nos trouxe para cá — Ciel se sentou na beirada da cama esperando eu devolver o copo — disse que esse lugar é seguro... Feito para pessoas como você... Já eu não tive escolha porque você foi raptada como uma princesa — ele acrescentou com sarcasmo e ele deu um daqueles seus sorrisos lupinos que eu estava começando a pegar raiva.

Revirei os olhos e tentei me concentrar nas questões importantes.

— O que são pessoas como eu? — pergunte com a voz um pouco mais firme — tem alguma diferença nas bruxas?

Ciel hesitou e depois suspirou.

— Acho melhor deixar o seu amiguinho lá te explicar, nunca fui muito bom nisso — ele disse e não era como se eu já não tivesse notado aquilo... Ainda lembrava da explicação desastrosa sobre o que eu era. Ainda não tinha ideia de como tinha mantido a calma. Relativamente — mas você já me parece um pouco melhor... Acho que vou te ensinar o básico para controlar seus poderes — ele disse com um suspiro.

— Precisa ser agora? — sentia-me extremamente cansada não apenas fisicamente, mas alguma coisa estava estranha — mas espera... Porque agora? — questionei — você nunca quis me ensinar, você disse que estamos num lugar protegido, então porquê...

Não pude terminar de falar, pois nesse momento a porta do outro lado do quarto se escancarou com um estrondo e o garoto que eu tinha visto fardado estava nela.

— Minha senhora! — ele falou empolgado enquanto me olhava, sorriu e começou a vir rapidamente em minha direção com passos pesados.

Agora sem o quepe eu podia ver que ele tinha cabelos cor de areia e olhos castanho avermelhados, ainda vestia a mesma farda antiga, ela tinha alguns remendos, mas ainda assim parecia bem cuidada.

Um pouco antes que ele se lançasse em minha cama Ciel o pegou pelo colarinho da farda e o jogou para longe e mesmo que o rapaz fosse musculoso se recuperou com agilidade e não perdeu o sorriso.

— Você! — Ciel se aproximou e olhou ameaçadoramente para ele — o que pensa que está fazendo?

O rapaz não parecia afetado pela ameaça, ele se limitou a se sentar no chão sem se aproximar mais e a limpar seu casaco. Ele parecia no máximo aborrecido pelo inconveniente de ter sido lançado alguns metros de distância e com a intenção de ser usado para limpar o chão.

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora