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   Um dos homens que estavam com Charles tirou um pano do bolso, o objeto se expandiu até parecer uma colcha e eles estenderam-no na rua, nele estava desenhado os símbolos do portal que levava ao acampamento, pensando bem, se eles tivessem nos capturado, eles não poderiam andar com três pessoas inconscientes na rua não é? Apensar de que agora nós tínhamos duas pessoas inconscientes e os resto machucado. A mulher que lutava com Eliot aparentemente tinha batido a cabeça e apagou e um dos homens que lutava com Ciel também.

Nós entramos no círculo e eu, inconscientemente, me agarrei na manga de Ciel.

Quando chegamos na cabana eu não tive tempo de me recuperar. A cabana estava em chamas.

Não consegui ver quem me pegou, mas me tiraram de lá tão rápido quanto chegamos e assim que saímos a construção ruiu, virando uma pira enorme, lançando fagalhos para todos os lado.

— esperem! Me deixem tira-la de lá! — um dos homens que viera conosco começou a berrar, outros o seguravam, pois ele queria se lançar ao mar de chamas que tínhamos acabado de fugir e então eu entendi: a mulher que tinha ido também agora não se encontrava entre nos. Ela tinha ficado dentro da casa.

Ouvi gritos e me arrisquei a olhar envolta.

O lugar estava um pandemônio.

Chalés queimavam e pessoas gritavam. Homens e mulheres lutavam, alguns eram humanos, alguns não. Criaturas aladas de mais diversos tipos sobrevoavam o local, algumas lutando, outras atacando pessoas no solo e algumas até mesmo carregando magos e corpos se encontravam espalhados pelo chão.

Meus olhos estavam arregalados, eu não conseguia desviar o olhar daquele inferno. Me faltava ar e eu estava paralisada de medo.

Eliot me tirou de meu torpor quando me puxou para chão, um mago lançara uma bola de fogo em nossa direção, que explodiu nos restos da casa que tínhamos saído.

Meus ouvidos chiavam e parecia que estava meio surda, mas aquilo tinha me despertado. Eu tinha que achar Natsume e os outros.

Me livrei de Eliot e corri pelo caminho que levava até a casa em que estávamos, numa esquina trombei com uma pessoa desconhecida que, sem dizer nada, simplesmente tentou me matar, sem hesitação.

Eu cobri meus olhos tentando me proteger enquanto o magico tentava conjurar sabe-se lá que coisa para me acertar... E teria conseguido se Ciel não tivesse saltado sobre mim diretamente sobre o homem, arrancando sua garganta com uma mordida.

Ouvi Natsume gritar.

Eu não tinha tempo para ficar horrorizada com aquela cena de Ciel coberto de sangue e o homem com a coluna aparecendo no pescoço.

Eu simplesmente corri, percebi que Ciel correu a minha frente para abrir caminho e fui o mais rápido que consegui.

Incrivelmente a casa não estava pegando fogo, mas a porta estava arrombada, por toda a casa podia-se ver sinais de luta, os moveis no chão, quase tudo quebrado e espalhado, cortes e fissuras na madeira das paredes e sangue. Havia sangue por todo lugar que eu via.

Outro grito e sons de luta vieram do segundo andar.

Ciel, que tinha parado ao meu lado para observar o local, rosnou e se lançou escada acima, mais rápido que um raio e eu o segui.

A visão era a mesma do andar de baixo, mas cacos de vidro da janela se espalhavam por todo o lugar.

Mais sons de luta vieram do quarto de Natsume, a porta estava arrombada e vi Ciel pulando em alguma coisa lá dentro. Eu corri e o que Ciel atacava era um gigantesco escorpião cor ferrugem, onde devia estar a cabeça começava a fronte de uma mulher, começando pelos quadris, como se fosse um centauro, só que ao invés da parte cavalo era escorpião, mas as mãos eram pinças gigantescas e o corpo era coberto com as escamas que pareciam extremamente duras, onde se podia ver a pele humana, ou quase, ela era de um tom avermelhado, como se tivesse passado tempo demais no sol, mas o pior problema era provavelmente aquele calor. O corpo da criatura parecia ser quente, acima de sua pele e carapaça o ar tremulava em vapor.

Ciel a mordia num ombro, mas a armadura era dura demais e aquela criatura tinha uma certa vantagem em atacar pelas costas.

— Ciel! — eu gritei, mas eu tinha esquecido que eu estava inutilmente impotente no momento.

Quando o chamei tive certeza que Ciel olhou para mim, mesmo que não pudesse ver a cauda venenosa se mexendo, eu tinha certeza que ele ouviria quando eu o chamasse. Ele soltou e pulou fora rapidamente, exatamente no momento que o ferrão venenoso desceu sobre ele.

Para nossa sorte ela acertou as próprias costas, para o nosso azar nem mesmo ela conseguiu perfurar a carapaça avermelhada.

Ciel pulou novamente sobre a criatura, mordendo exatamente onde ela havia acertado, arranhando com as unhas e quebrando com dentes aquela armadura e, por fim, conseguiu arranca-la, expondo a pele quente, que agora sangrava onde teve suas partes arrancadas. O lobo pulou novamente, sem piedade, mesmo quando ela gritou e gemeu de dor e não soltou nem quando ela cortou suas costas com as pinças que pareciam laminas.

Porem ele foi lançado para longe, a criatura tinha conseguido faze-lo solta-la e o lançou na parede. Seu ombro tinha sido arruinado e agora ela tinha um braço quase arrancado e inutilizado, mas isso não a impedia de atacar, ela tentou pisoteá-lo com suas patas afiadas, que abriam buracos até mesmo no assoalho quando pisava no chão.

Algo a impediu, uma estalagmite de gelo apareceu do nada e atravessou seu peito, abrindo um rombo da grossura de minhas pernas, a criatura gritou de novo, sangue negro soltava vapor e o gelo em contato com o calor da criatura chiava, derretendo rapidamente a ponto de soltar vapor. Ciel não perdeu tempo, atacou a garganta desprotegida do ser e arrancou sua cabeça, mas seu corpo não parava de se contorcer, a cauda se agitando e a ponta se enfincando na madeira aleatoriamente e a pinça restante acertando o ar, no instante seguinte pelo menos uma dezena de estalagmites de gelo transpassavam seu corpo, cortando-a do chão até, quase, o teto.

Olhei além da carcaça e vi meus amigos, Yukihime a frente, provavelmente ela que tinha causado aquela destruição de gelo, com as mãos no chão, com o gelo brotando a partir delas se espalhando pelo cômodo.

— Natsume! Yukihime! Arthur! — eu os chamei e avancei pelo quarto, uma camada de agua agora forrava o chão e, o que antes era um cadáver bizarro, agora ele parecia virar carvão sem fogueira, soltando uma fumaça oleosa e negra, que fedia a carniça.

Yukihime se levantou, ela parecia mais magra e pétrea e sua aura mais gelada, não parecia ter mudado muito, mas parecia estranhamente fria, ela simplesmente me olhou e me deixou passar, sem nenhuma reação.

— Elizabeth! — me chamou Natsume, ela parecia diferente, não emocionalmente, afinal ela ainda chorava e parecia, de certa forma, aliviada, mas seu físico mudou completamente: suas mãos tinham garras e sua uma pelagem branca listrada de preto, suas roupas estavam semirasgadas, de sua saia saía algo que serpenteava, a princípio pensei que fosse uma cauda, mas logo percebi que era uma cauda de cobra e, onde sua blusa estava rasgada, percebi uma levíssima pelagem marrom, suas orelhas e dentes pareciam mais pontudos que o normal.

Sacudi a cabeça violentamente, não tinha tempo de ficar impressionada naquele momento e já tinha visto tantas cenas aterradoras que não sabia como aquilo ainda me impressionava.

A última coisa que percebi foi o sangue, uma grande quantidade dele se espalhava por seus braços e a fonte era quem ela amparava: Arthur.

O garoto estava branco como cera e o sangue provinha de seu braço esquerdo, ou da falta dele. Arthur tinha perdido tudo a partir do cotovelo, ele segurava firmemente um torniquete improvisado e Natsume lhe dava assistência, ele estava jogado no canto com ela, aparentemente tinha perdido muito sangue e não parecia totalmente lucido... E muito menos totalmente acordado.

Eu sabia que algo daquele tipo podia acontecer... Dava graças por Natsume e Yukihime estarem bem, mas Arthur estava muito machucado e precisava de assistência, eu os levaria para fora e então procuraria a outra pessoa com quem eu também me preocupava e provavelmente estava ali: Kate.


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Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora