A manhã já passava da metade quando me reuni com Blake para acertar a minha "estadia".
Nos reunimos na biblioteca do lugar, um cômodo onde caberia três vezes o a sala da minha casa, com estantes abarrotadas de livros antigos, um ou outro divã se encontrava espalhado ao acaso e no fundo uma mesa de madeira polida abarrotada de papeis de todos os tipos.
— Impressionante, não é? — Blake me perguntou quando entramos — parece até o cenário de um filme, mas a verdade e que as outras casas simplesmente jogam aqui os livros que eles iam jogar fora, então temos um acumulo gigantesco de livros velhos, poeira e foco de alergias.
Ele riu e me guiou até a mesa do fundo tirou várias pilhas desorganizadas da frente até finalmente poder me olhar do outro lado, me sentei a sua frente.
De certa forma eu estava inquieta com todo aquele ambiente formal e também por que eu não tinha conseguido me recuperar 100% dos choques sucessivos. Ciel e Eliot tinham me acompanhado como dois guarda-costas, Eliot aparentemente tinha simplesmente esquecido que tinha ficado chateado no dia anterior, ou ele simplesmente percebeu que estava sendo infantil e voltou ao normal.
Ou o que eu achava que seria o normal para ele, já que eu mal o conhecia a um dia e tinha falado ainda menos com ele... Agora ele tinha achado uma nova distração: importunar Ciel e eu com certeza colaboraria com ele com todo o prazer.
Junto com Blake veio Sasha, aparentemente era ela que cuidava de toda aquela papelada gigantesca. Ela que pegava os papeis, analisava e em seguida colocava em uma pilha especifica ou então em uma gaveta e também não duvidava que resolvia a maior parte dos problemas dali.
Blake me olhou e ergueu uma sobrancelha, apoiou os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos. Se eu não soubesse que ele tinha a minha idade, acharia que estava falando com alguém mais velho ou mais experiente... E talvez realmente fosse, sabe-se a quanto tempo ele estava fazendo papel de anfitrião naquela casa e ainda mais quando ele disse que Taú era o mais velho humano na casa se deu a entender que seus pais não estavam ali.
— Você parece estar realmente estar levando tudo isso muito bem — ele me parabenizou — muitas pessoas levam no mínimo semana e algumas anos pra aceitar bem... E ainda há aqueles que nunca se recuperaram... Para a sua sorte isso quer dizer que você vai poder ter quase uma vida normal.
Quase...
A palavra reverberou em minha mente dolorosamente.
Eu não queria ser quase normal. Eu queria ser normal... Queria poder ir pra casa e esquecer toda aquela maluquice. Eu não tinha aceitado tudo completamente, mas lutar contra tudo isso era só pior.
— Fazer o que — eu dei de ombros tentando o meu melhor — sou uma pessoa extremamente adaptável — apesar de ter dito aquilo eu sabia que não era verdade não tinha muito o que fazer, afinal conseguir mentir para mim mesma era a melhor de minhas especialidades.
— Então... — ele continuou lentamente, me avaliando como se pudesse ver atrás das mentiras — nós temos algumas regras aqui... E tenho algumas recomendações a fazer... Ah! E há um documento para você assinar para que possa viver aqui de agora em diante.
— Viver aqui? — esganicei — eu-eu não posso! Eu tenho família! Tenho as minhas coisas! — gaguejei implorando e quase rindo de nervoso, mas de certo modo já sabia que ele falaria isso, apesar de eu ter esperança de que ele me dissesse que passaria apenas um tempo... No máximo alguns meses... Não anos...
— Você diz isso, mas não parece muito surpresa — Sasha falou com voz calma, com as feições meio de cervo ela parecia uma legitima ninfa. Mais ninfa até que Iana.
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Guerras dos Magos Mestiços I - Passado
FantasyElizabeth Bliss era uma garota ordinária... Até ter uma forte febre e descobrir que não era apenas uma garota normal, mas sim uma maga mestiça! Após libertar um lobo meio homem, que agora diz ser seu servo, ela é arrastada para uma guerra centenária...