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Eu ainda estava sonolenta quando senti alguém mexendo nos meus cabelos, mas a pessoa era tão delicada que eu nem podia imaginar quem era.

Gemi em protesto de ter de acordar.

— Me deixa dormir Kate — resmunguei, minha amiga muitas vezes tinha a mania de mexer em meu cabelo quando dormíamos juntas na minha casa, já que eu morava sozinha não tinha muitos empecilhos e eu gostava da companhia.

Ouvi uma leve risada e meu cabelo foi afagado mais suavemente, tentei abrir meus olhos, mas eles pareciam cobertos por areia.

Abri-os lentamente e descobri que definitivamente não estava em casa, olhei ao redor desorientada e sem focar em algo especifico.

De súbito lembrei de tudo e levantei rapidamente, mas minhas costas rígidas protestaram pela mudança repentina de posição, uma manta que me cobria deslizou por meus ombros e procurei desesperadamente por meus óculos para enxergar com mais clareza.

— Te acordei? — perguntou Ciel suavemente, eu balancei a cabeça negativamente apesar de ser uma mentira obvia demais — você realmente não enxerga muito bem — ele deu uma pequena risada, não debochada como antigamente, mas novamente de forma ainda suave. O estresse pós traumático e experiencias de quase morte realmente podiam mudar uma pessoa.

— Isso é meu — falei para ele quando meus óculos em suas mãos, ainda estava meio entorpecida pelo sono, deitei minha cabeça na cama e olhei para ele me esforçando para enxergar, sem meus óculos tudo o que via era uma figura borrada.

Ciel tirou os óculos e gentilmente os colocou em mim, agora o via claramente e sua expressão era tão suave quanto suas palavras e agora parecia bem. Na verdade, ele parecia até uma pessoa completamente diferente.

— Você está... — comecei a falar mas fui interrompida quando ele colocou um dedo sobre os lábios me pedindo silencio e em seguida apontou para trás de mim onde Eliot parecia dormir desajeitadamente sobre uma cadeira, estava meio sentado em uma cadeira que parecia pequena para ele, de braços cruzados e quepe baixo, não pude deixar de rir sobre a situação quase cômica e tranquila.

Cocei os olhos e eles ainda estavam irritados por causa de um dia inteiro chorando, principalmente quando eu não estava acostumada a isso.

— Você... — Ciel passou a mão no meu rosto ao redor de meus olhos — você andou chorando? — ele parecia genuinamente preocupado e eu só queria sacudi-lo e gritar "claro que sim seu idiota!".

— Você está bem? — brinquei — parece meio alterado... Tipo... Se preocupando com os outros.

Por um momento Ciel pareceu angustiado.

— Elizabeth eu preciso... — Ciel começou a falar, mas por algum motivo parou na metade da frase, agitou as orelhas e encarou Eliot.

Olhei também para Eliot que parecia não se mexer, primeiramente nada aconteceu e depois ele estremeceu e espirrou, acordando.

Nesse momento pensei o quão boa era a audição de lobo de Ciel.

Eliot piscou várias vezes e então focou os olhos em Ciel e levantou num salto sorrindo.

— Pulguento! — ele falou animadamente — você está vivo!

— E você também — disse Ciel voltando ao mal humor de sempre — infelizmente.

— O que é isso? É isso que se diz para a pessoa que salvou a sua vida? — disse o berserker magoado e emburrado como uma criança.

— Eu não precisava ser salvo — rosnou Ciel — eu estava muito bem sem você. E sairia muito bem sozinho — o lobo disse cruzando os braços.

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora