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   Foi informada que deveria comparecer a uma das casas dos chalés para minha primeira aula de magia. Um misto de empolgação e nervosismo tomava conta de mim.

Será que eu seria boa nisso? E se eu não fosse? Eu era tipo um daqueles personagens idiotas que não são bons em nada, mas que no futuro se mostram supergeniais? Acho que não.

Bati na porta, hesitante e mordi o lábio inferior enquanto demorava para abri-la.

Uma mulher abriu para mim, seu nome era Lorena, uma mulher por voltas dos trinta e poucos, cabelos louros que desciam em cachos pelas costas até a cintura e radiantes olhos violeta. Ela usava uma calca jeans boca de sino e uma camiseta de tricô verde com flores amarelas e pantufas. Pantufas de coelhinho!

— oi, é... —comecei nervosamente. Magia. Eu queria aprender magia. Queria agora. Praticamente me sentia Harry Potter — me falaram para vir aqui... para lições de magia.

Lorena sorriu.

— então vamos, entre — ela me convidou e deu espaço na porta — vamos até a sala — ela me guiou pela casa.

Era como os outros chalés, mas esse parecia mais... personalizado. Dúzias de quadros enchiam as paredes, a maioria de paisagens, mas alguns outros com seres que eu nunca tinha imaginado existir. Sorri ao olhar as assinaturas, todas da mesma artista, todas começando com a inicial L.

Lorena me levo até a sala, era igual a de minha casa, mas a dela tinha algumas telas limpas num canto, assim como um cavalete encostado na parede, um sofá com mais flores de diversas espécies e cores bordadas e várias revistas de artesanato espalhadas.

— eu vou fazer um chocolate quente para nos... enquanto isso se acomode, logo depois vamos começar sua aula — ela me olhou antes de ir — você sabe os fundamentos básicos?

Balancei a cabeça negativamente, ela saiu pensando para a cozinha enquanto eu admirava suas pinturas, todas pareciam retratos e, se olhasse por muito tempo, pareciam se mexer.

Me surpreendi quando uma xicara de chocolate fumegante apareceu em minha frente, eu tomei um gole, hesitante que queimasse minha língua.

— pois então... — ela pegou uma folha A2 e colocou sobre a mesa de centro — acho que vai ser mais fácil explicar a você com desenhos — eu quase fiquei ofendida com a ideia, até ela se justificar rapidamente — não é com você! Sou eu — agora eu estava levando um fora — eu sou parte Musa e, se não me expressar por artes, me perco rapidamente — ela sorriu, em teoria ela seria minha professora... não é?

Ela pegou um pincel e mergulhou num pote de tinta azul e começou a narrar.

" Foi assim que nos, magos viemos parar neste mundo. Rês as lendas que nós não somos daqui"

Olhei fixamente as linhas azuis, elas tomaram forma de um mago em estilo cartoon, com direito a chapéu pontudo e toga, e começou a se mover pela página", como um desenho animado.

" Nossos antigos contam histórias que nós abrimos um portal para vir para cá.

O mago moveu as mãos e abriu um buraco negro azul, pelo qual saíram mais versões dele.

" E que os demônios seguiram esse portal até aqui também.

Do portal azul começaram a sair seres disformes e criaturas horrendas, outras mais bonitas como fadas e náiades.

Eu olhava hipnotizada para a cartolina, apesar do estilo de desenho as cenas eram até macabras e distorcidas.

"Não sabemos o porquê tivemos que abandonar nossa terra.

Apareceram vários pontos de interrogação envolta do mago, o resto estava limpo, como se nunca tivesse outro desenho no papel.

"Talvez um grande desastre, mas não sabemos... o que sabemos é que não havia magia nessa nova terra!

O maguinho moveu as mãos, tentando fazer mágica, mas apenas fagulhas azuis saíram de seus dedos, mas sem nenhum resultado.

" Então descobrimos que podíamos invocar a magia, fazendo uma conecção entre essa dimensão e anterior, tirando proveito de parte de nossa magia anterior.

O mago fez vários círculos aparecerem no ar, criando nuvenzinhas e raios.

" Então, para que possamos usar magia, temos que ser como um canalizador, entre essa dimensão e aquela, usando os círculos para materializar o que queremos, ou invocar s fenômenos. "

— então porque a magos que não precisam de círculos? — eu a interrompi e olhei para ela, os olhos de Lorena estavam maiores, sua íris e pupila tomavam quase todo os seus olhos e suas orelhas estavam levemente pontudas, suas mãos estavam mais longas e finas, feitas para artes delicadas e manuais.

— eles ainda veem os círculos em sua mente — ela explicou, voltando ao normal — é rápido, mas menos efetivo e precisa de concentração.

— e como eu faço para... canalizar... a magia? — eu olhei novamente o maguinho, mas agora ele era apenas um rabisco inanimado.

— isso você tem que sentir... — ela pareceu séria, apesar do que, o que ela falava, me impossível — é como uma pequena corrente elétrica no ar... pessoas mais sensíveis e experientes conseguem acumula-la a seu redor, tanto para usar em um momento que precise, tanto como sinal de força.

Lembrei da primeira vez que vi Dominik, de como a pressão do ar pareceu mais pesada e como senti essa corrente elétrica.

— tente — Lorena incentivou — respire fundo, feche os olhos e se concentre, procure sentir o que está a sua volta.

Eu tentei. E fiquei um tempo daquele jeito. Mas parecia mais fácil eu encontrar a paz espiritual por meio daquela meditação do que sentir alguma "corrente elétrica mágica". Talvez fosse melhor eu simplesmente pôr o dedo na tomada? ...

Meu nariz cocou e eu espirrei, abri os olhos e dei um sorriso de desculpas.

Lorena pareceu pensativa novamente.

— vamos tentar algo diferente... — ela desenhou um círculo intricado num canto da folha — aqui, olhe — ela me mostrou o símbolo, um círculo entre dois pentagramas, todos ligados por linhas até o centro, fazendo uma estrela estranha, no centro, triângulos e trapézios o enfeitavam — isso é um círculo básico de fogo, se você por energia aqui, ele vai criar uma pequena brasa que vai correr o papel...

Ela empurrou a cartolina em minha direção.

— toque o papel... — ela instruiu e eu toquei o círculo, hesitante, se aquilo ia pegar fogo eu ia me queimar também? Ela pareceu pensativa novamente, será que não tinha planejado nada do que me ensinaria ou estava imaginando seu próximo quadro? — sabe quando você segura uma pilha entre os dedos? — confirmei com a cabeça e engoli em seco, ainda estava muito ansiosa — sabe aquela sensação de energia indo embora? —confirmei novamente — tente fazer isso.

Me parecia impossível, mas eu tentei.

Me concentrei e senti meu braço se contrair várias vezes por se manter no lugar e fazer um esforço imaginário ao mesmo tempo. Trinquei os dentes e estava suspirando para desistir quando finalmente senti um formigamento na ponta dos dedos.

Lorena bateu palmas.

— isso! Você não tem que forçar ou resistir — ela disse — apenas relaxe. A magia está no seu sangue, então quando você chama-la, ela respondera. Apenas relaxe — ela repetiu.

Tentei relaxar, mas é algo meio difícil para uma pessoa ansiosa, mesmo assim fiz o meu melhor esforço.

O resultado foi uma pequena explosão que levantou fumaça como se uma formiguinha tivesse explodido uma dinamite.

Eu puxei minha mão rapidamente, temendo me queimar.

— viu — Lorena ria — você pegou o jeito!

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora