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   — Kate! Kate! — eu chamava seu nome já sem muita esperança de resposta, podia-se ouvir o desespero em minha voz e minhas lagrimas desciam grossas e pingavam no rosto de minha amiga.

Ela agora estava pálida, sua pele era fria, sangue manchava seus lábios e escorria pelo queixo, coloquei a mão em seu ferimento do peito e ela voltou encharcada de sangue morno e esse mesmo sangue se esvaia numa velocidade incrível e manchava as roupas que ela usava.

— ai meu deus! Kate! — eu pressionei a ferida para estancar o sangue — você vai ficar bem — eu solucei alto e gritei por ajuda, queria parecer otimista quanto aquele machucado, mas meus olhos me traiam e as lagrimas não paravam de escorrer — calma, eu vou estancar aqui e vou conseguir ajuda, você vai ficar bem! — eu continuei gritando por ajuda mas nenhuma resposta veio, a minha volta tudo pareceu ter se acalmado e as lutas cessaram, tudo parecia numa calma apocalíptica com as construções queimando se despedaçando a nossa volta.

Eu ainda pedia ajuda em desespero quando ouvi uma risada rouca.

— isso é bem a sua cara mesmo — disse Kate com dificuldade, engasgando com o sangue — mas Lizzy... — ela empurrou minha mão que tentava, em vão, estancar seu sangue — já chega — ela me olhou tristemente — eu já não tenho mais salvação... Eu... — ela tentou falar mas tossiu sangue — eu já imaginava que terminaria assim... So fico feliz... Fico feliz que você esteja bem.

— não! — eu não podia aceitar aquilo, mais uma onda de lagrimas me afligiu e eu mal conseguia falar — você não pode morrer! Você é a minha única família de verdade! Você é a única que ficou comigo quando todos foram embora! — eu gritava e cada palavra saia dolorosamente — você não pode morrer! Eu vou te salvar!

— Lizzy... — ela passou a mão tremula, limpando meu rosto — por favor... Eu te prometi... Lembra? — ela parecia se esforçar cada vez mais a cada palavra — prometi que ao te deixaria mais... Chorar... Então por favor... Sorria esta?

Eu me forcei a sorrir em meio as lagrimas e quando sua mão estava caindo eu a segurei, em troca, Kate sorriu também, um sorriso pintado de sangue e tristeza, tremulo e que parecia de despedida.

— não! Kate não! — eu gritei quando seus olhos começaram a se fechar — não me deixe!

Uma mão me agarrou pela cintura e me puxou, eu gritei, gritei o nome de Kate enquanto a via ela me dar um sorriso fraco e fechar seus olhos pela última vez.

Eu me afastava rapidamente enquanto via uma nova horda de pessoas e não pessoas que tinham se reagrupado se prepararem para atacar novamente.

Era Eliot que me carregava, ele tinha se livrado da jaqueta e eu estava apenas com a sua camiseta em farrapos, razoavelmente limpa, Ciel corria a nossa volta em forma lupina e eu não conseguia tirar meus olhos de minha amiga ali. Caída. Morta.

Alguém tampou minha visão, três pessoas ainda restavam de pé, a frente de seus atacantes, vi Carla, apenas olhando sadicamente aqueles que vinham para seu toque nefasto e Charles, cheio de sangue enquanto balançava seus quatro bastões de metal que agora me pareciam meio tortos e, ao centro, estava Dominik dando ordens de fuga aos que restaram naquele lugar e ele segurava uma imensa espada de metal brilhante, cujo nenhuma gota de sangue ousava ficar. Nem mesmo o sangue de minha melhor amiga, ali caída no chão.

Gritei de dor e frustração, perdendo de vista todos enquanto entravamos novamente na floresta, mas agora não para fugir... Pelos menos não fugir pelo mesmo motivo de antes.


am devaIj

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora