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   Eu gritei e chorei, sem me importar se estávamos num hospital ou não. A presença de Ciel foi constante ao meu lado, e quase digo reconfortante... Naquele momento ele era a pessoa que eu conhecia a mais tempo naquele lugar, mas acho que na verdade ele estava ali mais para impedir que eu fizesse alguma coisa idiota, tipo achar uma faca e sair atrás de Dominik. Não nego que pensei nisso.

Eu já estava completamente derrotada quando a porta se abriu depois sabe-se lá quanto tempo, eu estava deitada na maca, com o braço cobrindo os olhos e não tinha nenhuma vontade de sair daquela posição para ver quem era.

— ela esta melhor? — ouvi a voz de Eliot, porque aquele idiota sempre sumia? Eu era a mestra dele, ele deveria ficar ao meu lado o tempo todo, não é? Nunca tinha me importado, mas agora seus desaparecimentos súbitos me irritavam profundamente e só me empurravam mais no precipício de minha depressão.

Eu queria ver nem ouvir mais ninguém, eu estava cansada demais... Ano queria pensar e nem lembrar de nada... Queria penas dormir, mas o sono não vinha.

— minha dama? — a voz quase alegre de Eliot me perturbava. Será que ele não notava que Kate tinha acabado de morrer?

Eu não tinha mais forças para gritar e nem queria falar, apenas virei de costas para ele, acima de tudo não queria que me vissem chorando.

— as suas amigas... Natsume e Yukihime, mandaram isso... — sua voz agora era mais baixa, eu podia sentir angustia e preocupação vindo dele. Ou eu estava simplesmente sensível demais. O que era mais provável.

Senti-o se afastar e silencio tomou o quarto.

Lentamente me virei para ver o que tinham me mandado, meus olhos ardiam e minha cabeça doía, mesmo assim pensei que algo de meus novos amigos poderia me ajudar. Quase deitei em cima das embalagens de chocolate que Eliot tinha trazido, eu queria sorrir, mas não tinha vontade nenhuma agora, apenas queria que me deixassem quieta.

Sabia que meus dois servos permaneceriam ali, eternamente se eu quisesse. Ou mais ou menos isso.

Me virei para, o travesseiro cobrindo minha cabeça.

— e? ... — eu perguntei, nem mesmo eu reconheci minha voz — o que faremos agora?

Tudo que eu queria era que alguém me dissesse o que fazer... Eu só queria que alguém me dissesse algo que me fizesse andar para frente de novo.

Eliot abriu a boca, mas eu já tinha uma ideia do que ele falaria.

— se você falar "para qualquer lugar que você queira" ou algo assim, eu juro que vou ai te bato — eu o cortei.

— e o que você espera que nos façamos? — Ciel parecia cansado, ele jogou a cabeça para trás e pensei no quanto ele deveria estar exausto, ele lutou, me protegeu, me seguiu pelos corredores, me impediu de matar um homem, ou quase isso, e ainda tinha que ficar me escutando reclamar, eu no lugar dele provavelmente já teria surtado. — nós tivemos nossa liberdade roubada a muito tempo atrás... Desde então só fizemos o que os outros queriam... Não temos exatamente perspectiva de futuro muito convincente.

— vocês querem... Sua liberdade de volta? — eu já estava acabada. Se eles falassem que queriam provavelmente seria o golpe final, se eles quisessem queria dizer que eles não queriam ficar perto de mim e, na pior das hipóteses, eles iriam querer que eu morresse para se libertarem.

— quem sabe? Acho que liberdade seria bom — Ciel disse depois de alguns segundos de silencio, eu senti meu corpo ficar muito mais pesado que antes, mas eu já não tinha lagrimas para chorar, provavelmente já tinha gastado o estoque de toda a minha vida.

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora