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— você está irritada? — me perguntou Eliot dela vigésima vez durante o jantar.

— eu já disse que não estou irritada — respondi com rispidez maior do que a planejada.

— ... Certeza? — ele perguntou novamente preocupado, o que poderia ter sido gentil se já não tivesse repetido aquilo mais de dez vezes — você parece irritada.

— o que a irrita é você perguntar para ela a cada cinco minutos se ela está irritada — respondeu Ciel irônico.

— e de quem você acha que é a culpa? — falou Eliot acusadoramente.

— vocês dois querem parar?! — Eu falei o mais baixo possível, eu tinha me sentado acidentalmente em uma mesa vazia e cada um dos dois servos malucos tinham sentado cada um de um lado, agora eu me arrependia amargamente de tê-lo feito, a proximidade de Ciel ainda me deixava desconfortável pelo susto que ele me dera a pouco tempo no corredor e Eliot conseguia ser irritante o suficiente para mim considerar o porquê dele ter sido preso naquela pedra — ou talvez seja melhor vocês dois irem para outro lugar e me deixarem em paz!

— ah! Eu disse que ela estava irritada — disse Eliot — pulguento! Peça desculpas!

— pelo que? — Ciel desafiou — não lembro de ter feito nada de errado! Você que tentou me enforcar, primeiro você precisa pedir desculpas para mim.

Minha cabeça latejava, não apenas por culpa daqueles dois idiotas que discutiam inutilmente entre si, mas ultimamente o peso de não poder voltar para casa começava a se instalar em meus ombros e agora eu tinha dito impulsivamente que bolaria um plano... Eu sabia que ninguém ia realmente cobra-lo de mim, mas se eu tinha dito que faria, então eu faria. O único problema era que eu não tinha nem ideia de por onde começar e já não podia mais contar com a ajuda de Blake por vergonha.

Eu voltei a comer, absorta em meus pensamentos e só me dei conta que meus dois servos quase me esmagavam, quando um deles batem em meu braço e derrubou a comida que estava no meu garfo.

— vocês querem parar com isso? — eu disse entre dentes e eles parecem compreender que eu os espetaria com minha faca se não parassem.

— eu não disse? Ela está irritada... — disse Eliot novamente.

— já disse que não estou irritada! — disse erguendo minha voz, ao mesmo tempo que eu me levantava, minha cabeça doía e eu não conseguia mais manter aqueles joguinhos tão facilmente.

Olhei para as outras mesas e vi que outras pessoas me encaravam, peguei meu prato pela metade, já não sentia mais vontade de comer e me retirei, percebi que Ciel e Eliot me perseguiam enquanto eu ia embora e só tive tempo de olha-los da pior forma que pude.

— se me seguirem eu vou realmente mata-los — ameacei e continuei andando, enquanto eu deixava os dois atônitos para trás.

Me arrastei até meu quarto e bati a porta sem querer, sem me importar com mais nada me joguei de cara na cama, aproveitando o silencio que conseguira naquele para aplacar a minha dor de cabeça fulminante.

Ouvi do outro lado da porta a conversa abafada entre Ciel e Eliot sobre se seria ou não seguro abrir a porta e, quando tentaram, a porta foi fechada rapidamente quando atirei um travesseiro nela.

Não sabia dizer quantos minutos tinham se passado, eu podia até mesmo ter cochilado se perceber, mas em algum momento ouvi batidas hesitantes na porta. Me apronte para atirar outro travesseiro, mas a voz que veio do outro lado da porta me fez hesitar.

— podemos entrar? — a voz abafada de Iana.

Soltei algo que não pareceu mais que um grunhido, já que meu rosto estava novamente enterrado no colchão, e as pessoas do outro lado da porta devem ter tomado com uma afirmação que poderiam entrar.

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora