— ele tem bom equilíbrio, mas caso ele o perca você pode ter um tempo para ataca-lo — disse Eliot, ele tinha passado os últimos 40 minutos me dando dicas sobre como derrubar meu oponente, em especial, Charles.
Estava sentada em minha cama, pensando em quão curta tinha sido a minha vida que nem mesmo tinha prestado atenção nele, ou nos outros.
Estávamos todos em meu quarto, eu terminava de preparar. Não sabia o que poderia ou não fazer, afinal Charles não tinha me especificado regras. Natsume tinha ficado junto comigo, preocupada, andando para lá e para cá, Yukihime estava encostada num canto com sua expressão congelada, Arthur estava sentado no chão calado, tinham falado para ele prever o futuro para saber se eu ganharia ou não, mas eu não quis saber, Eliot estava sentado na cama, me dando dicas e dicas sobre como eu poderia bater em Charles e Ciel, de longe o mais útil, estava me ajudando a achar roupas apropriadas para quando apanhar doer menos, todos completavam para que aquilo parecesse meu pré-funeral, afinal todos sabíamos que eu iria apanhar, Charles era maior, mais forte e mais experiente que eu... Se ao menos houvesse uma maneira de diminuir aquela desvantagem...
— hei — Ciel estralava os dedos em frente a meu rosto, ele se abaixou e nivelou as nossas alturas — ficar nervosa antes de uma luta apenas faz você ficar irracional quando vai atacar ou defender, vai apenas te fazer ficar atrapalhada, mais do que você já é quero dizer — ele fez menção a rir, mas quando viu que sua provocação não teve o efeito desejado, parou.
Cerrei os dentes, sentia o bolo na minha garganta, a verdade era que eu queria chorar e me desesperar naquele momento, já previa minha hospitalização, mas eu não ia demonstrar aquilo.
Ciel batel palmas.
— certo — ele disse atraindo a atenção de todos — agora todos para fora — ele abriu e aporta e todos o encararam atônitos, quando começaram os protestos, os de Eliot acima de qualquer outro ele o colocou para fora a força, fazendo com que todos saíssem em seguida.
Ciel se abaixou novamente e afagou minha cabeça. Fiquei surpresa com o gesto de carinho inesperado, mas impressionavelmente ele sempre sabia quando faze-los, aquilo era seus instintos de lobo ou de servo?
— eu sei que você está nervosa, mandei os outros embora, já pode chorar agora se quiser — olhei Ciel assustada, seu rosto, sempre de cenho franzido e a boca torta num riso sarcástico agora parecia suavizado, ele parecia preocupado, um rosto que ele mostrava apenas quando estávamos a sós.
— como você? ... — perguntei atônita.
— sempre que você fica nervosa, ou você começa a dar risinhos histéricos, ou sente vontade de chorar, mas você nunca chora na frente de ninguém, por isso trinca o maxilar desse jeito — ele colocou a mão em meu rosto e cutucou suavemente onde o estava meu musculo masseter — e se sente vontade de chorar e está muito concentrada pensando, você fecha os punhos e enterra suas unhas — e pegou as minhas mãos e as abriu e eu vi a marca de minhas unhas que tinham se enterrado na pele, nunca havia percebido que fazia coisas como aquelas, as vezes parecia que Ciel me conhecia melhor do que eu mesma, mas era impossível de acordo com o pouco tempo que tínhamos passado juntos.
Era estranho, parecia que eu tinha passado anos com ele, não apenas alguns meses, ele sabia o que eu gostava e não gostava, o que fazer para irritar e provocar, mas ao mesmo tempo sabia que aquelas provocações não iriam ser ressentidas no futuro, e desde o princípio ele entrou no joguinho que criamos de sarcasmo. Eu tinha ficado mais próxima dele nos últimos meses do que tinha sido com pessoas que conhecia a anos.
Suspirei, mais calma.
Abri os olhos novamente e me dei conta o quão perto Ciel estava. Recuei subitamente assustada, sentindo meu rosto arder. Querendo ou não Ciel era um homem e eu era uma moça recatada, aquela proximidade era de mais para mim, aquilo não era nada bom para o meu coraçãozinho.
— o que foi? — Ciel me olhou momentaneamente confuso, era impressionante como ele passava a ter expressões de repente.
— nada — disse com minha voz esganiçada me denunciando.
— ah e? — ele disse erguendo uma sobrancelha e com um meio sorriso atrevido, antes que eu pudesse desconversar ou algo assim — você parece nervosa de outra maneira agora — disse estranhamente... Feliz?
Ele colocou as mãos dos meus lados, como se para prevenir que eu fugisse e avançou.
— o que você acha que está fazendo pulguento? — eu perguntei entredentes para ele, empurrando-o com as pernas em seu peito, ele apenas riu e eu o empurrei com mais força.
Quando me dei conta que era impossível vence-lo apenas com minhas forças eu apelei para o que tinha aprendido nas aulas de magia, sem um círculo era mais difícil realiza-las, mas não impossível, e com treino podia-se aperfeiçoar ainda mais, me concentrei, visualizei mentalmente o círculo que queria, um que tinha visto em um livro, que me desse mais forca física, senti suor começar a umedecer minha testa e a dor de cabeça começando e empurrei Ciel com tudo o que tinha, e o homem-lobo foi parar sentado no chão, piscando aturdido.
Pisei em um de seus joelhos, mãos na cintura e me sentindo extremamente poderosa.
— o que foi pulguento? — perguntei com um sorriso repleto de superioridade (provavelmente infundida) — o gato comeu sua língua?
Antes que Ciel pudesse falar qualquer coisa eu tive uma epifania.
—é isso! — eu falei, talvez tivesse finalmente achado um jeito de fugir de mais umas semanas no inferno — levante logo Ciel! — eu disse correndo para a mesa que estava no meu quarto, procurando canetas e as roupas que Ciel tinha separado para mim — eu preciso de ajuda aqui.
— ajuda? — perguntou ele, confuso — com o que?
— eu achei um jeito — disse para ele triunfante — de conseguir ganhar do Charles!
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Guerras dos Magos Mestiços I - Passado
خيال (فانتازيا)Elizabeth Bliss era uma garota ordinária... Até ter uma forte febre e descobrir que não era apenas uma garota normal, mas sim uma maga mestiça! Após libertar um lobo meio homem, que agora diz ser seu servo, ela é arrastada para uma guerra centenária...