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Eliot cumpriu com sua palavra de fugir comigo.

Após escapar de seus braços por uma vez não houve mais nenhuma hesitação a quanto me manter firmemente presa, não importando o quanto eu me debatia, chorava ou gritava. O máximo que consegui receber naquela situação foi uma ameaça de Sasha para me amordaçar.

Me deixe cair num desespero silencioso, desistindo de tudo enquanto via o túnel sendo desfeito atrás de mim. Não podia fazer mais nada agora, apenas esperar que Ciel estivesse bem.

Submersa em pesar, mal ouvia a terra desabando e os passos pesados de Eliot ritmando perfeitamente com os cascos de Sasha e nem mesmo ouvi quando falaram comigo, assim como perdi completamente a noção do tempo.

Quando chegamos Eliot esperou até o buraco fechar completamente para me gentilmente me pôr no chão. Não sei o que ele esperava que eu fizesse com aquele túnel de apenas meio metro de fundura... Cavar com as próprias mãos até chegar em casa?

— Como foi? — Blake apareceu correndo no jardim de onde começamos nossa caminhada e sua expressão animada passou rapidamente para confusão — onde está Ciel? — ele olhou para os lados e depois para o buraco fechado, ele deixou a boca aberta como se fosse dizer alguma coisa, mas não soubesse ao certo o que enquanto entendia que algo tinha dado errado.

— Tinha uma pessoa na casa — explicou Sasha — era um bruxo... E tinha um necromante como servo.

— Bruxa — disse com a voz sem expressão — você sabia que a Kate era uma bruxa também? — perguntei para Blake entredentes, me sentia enganada, como se a minha vida inteira fosse um reality show para me enganar e esconder coisas, como se eu descobrisse que meus pais eram agentes secretos...

Mas de pais você ate poderia esperar coisas assim, mas amigos? Em teoria essas eram pessoas que eu confiava e conhecia desde pequena, como podia serem parte de um mundo inteiro diferente e nem mesmo me dar uma pista? Tinha alguém verdadeiro ao meu redor?

Voltei para dentro da casa sem olhar para nenhum dos presentes. Não era a primeira vez que isso acontecia, me diziam que eu negava minhas emoções e por isso ficava assim, praticamente inerte, sem sentir quase nada, somente algo que poderia ser confundido com um profundo tédio ou inexpressão.

— Ciel sentiu alguém dentro da casa — ouvi a voz de Eliot explicando enquanto eu batia em retirada, sinceramente não queria ouvir... Se Ciel queria contar alguma coisa, ele que aparecesse ali e contasse ele mesmo para mim — ele disse que era alguém conhecido e que provavelmente não ia fazer nada... — a voz de Eliot sumiu conforme eu fechei a porta de vidro da varanda atrás de mim.

Fui em direção as escadas para ir para o meu quarto. Mais uma vez eu queria apenas ficar sozinha e silencio.

Tive a leve percepção de ver Yukihime e Natsume passando por mim, mas eu as ignorei e aparentemente elas fizeram o mesmo... Aparentemente não sabia o que estava acontecendo ou o fizeram por gentileza.

Quando finalmente cheguei ao meu quarto numa lentidão agonizante porque aquela mansão era gigantesca demais.

Não lembrava o quanto a falta de emoções me deixava inerte e exausta, mas uma coisa era certa: eu não ia mais chorar. Já tinha prometido isso para mim mesma a muito tempo.

Fechei a porta e me joguei de costas na cama, mesmo que meus olhos estivessem secos eles doíam e logo joguei um braço por cima deles para cobri-los e trazer um pouco de escuridão fresca, mas o bolo em minha garganta não ia embora.

Eu não estava pensando em nada quando bateram na porta. Tentei ignorar as batidas, mas aparentemente não escapar tão fácil de quem quer que fosse.

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora