Guerras dos Magos Mestiços I - Passado

26

   Eu estava reconsiderando pela milionésima vez minha decisão quando Dominik entrou no meu quarto acompanhado de sua secretaria sinistra, Carla.

Já não era a primeira vez que eles vinham me visitar nos últimos três dias, desde minha pequena luta (ou massacre) com Charles.

Eu tinha ficado de cama todos esses dias, recebendo tratamento na cama, assim como medicamentos e possivelmente alguma coisa de mágica para me curar mais rápido, que devia ter algum efeito colateral, pois eu andava tendo sonhos bizarros com lutas e guerras.

— Charles O'maley foi formalmente punido hoje — anunciou Carla.

— punido? Por que? — perguntei, ainda tinha um pouco de dificuldade para sentar, afinal, Charles tinha deixado um hematoma de quase um palmo em meu externo, e me disseram que eu apenas não havia quebrado as costelas porque eu tinha aumentado a minha resistência com os círculos, se não o tivesse feito, provavelmente eu estaria morta, ou pelo menos eu pensava isso — achei que nossa luta tivesse sido autorizada.

— ele foi autorizado a lhe aplicar um teste — explicou Dominik — nunca permiti tal atrocidade contra um de meus protegidos.

— nunca deveríamos ter confiado essa missão a um homem como aquele — disse Carla, ela parecia quase enojada — uma escoria como aquela, sempre será escoria.

— e quem é você para falar dele Carla? — Dominik a olhou com um olhar penetrante que chegou a arrepiar até mesmo a mim — ou deveria chama-la de Carman?

Carla esticou as costas de uma forma que eu achei que a virariam do avesso, ela parecia realmente irritada, assim como Dominik deveria estar por trás daquela fachada calma, mas eu sinceramente não queria ver os dois lavarem a roupa suja no meu quarto. Não no meu quarto.

— então... — eu os interrompi — o que ele tem para ser chamado de escoria?

— você terá que perguntar a ele minha jovem — disse Dominik e puxou uma cadeira para se sentar à beira de minha cama — eu vim discutir algo mais sério com você — eu o olhei mais atentamente — não há tempo para você terminar esse treinamento.

— o que? — disse Ciel indignado, eu tinha esquecido a sua presença naquele quarto — você viu o resultado daquela luta? Ela não está pronta!

— achei que o seu trabalho fosse protege-la lobo — Dominik o examinou — não achei que veria algum problema.

— você acha que essa idiota vai simplesmente se deixar proteger? — meu servo rosnou ainda mais alto — você não a conhece bem então.

— idiota é você, idiota — eu o xinguei e olhei com desconfiança para Dominik e Carla — tempo? Do que você está falando? Minha vinda para cá foi muito repentina e os ensinamentos desorganizados de uma forma de que eu aprendesse o mais rápido possível em pouco tempo... — eu podia jurar que agora aqueles dois pareciam quase impressionados com a minha perspicácia — porque você fala tanto em tempo?

— você percebeu, não é? — Dominik suspirou levemente — a verdade é que você só poderá ir nessa missão, enquanto não despertar sua parte serva...

— achei que eu já a tinha despertado... Afinal eu fui perseguida por aquela raposa e tudo mais... — eu disse sem entender mais nada.

— não — explicou Dominik, e eu podia jurar que naquele momento ele parecia pelo menos uns dez anos mais velho — o que você quebrou foi o selo que bloqueava a magia da sua família e da sua... Sua metade serva ainda não despertou... E o único meio de nos podermos nos infiltrar em meio aos regulares é quando não despertamos, ou eles poderão sentir o que somos... — eu estava entendendo apenas em parte... O que diabos isso tinha a ver comigo afinal? — um mago mestiço demora, em média um ano e meio para despertar... Alguns antes... Alguns depois... Mas não podemos nos arriscar se você é precoce ou retardatária... Precisamos desesperadamente da informação que você irá obter.

— você... Não estão colocando expectativas demais encima de mim? — minha falta de confiança começava a me fazer vacilar — quer dizer... É impossível que eu vá conseguir... Eu nem mesmo consegui derrotar o Charles... E se por acaso alguém mais forte aparecer?

— é impossível — Dominik nem mesmo esperou que eu terminasse de fraquejar — mesmo quando humano comum aquele homem já era insanamente forte, ele poderia derrotar um servo se quisesse, mas agora, com novos poderes, é raro achar alguém que consiga se igualar a ele — olhei para ele sem entender o significado daquelas palavras — escute... Antes mesmo de vir para cá Charles O'maley era parte da máfia irlandesa... Um assassino de aluguel fortíssimos a quem poucos podem se comparar... Então não se preocupe com ele — Dominik se levantou e foi a caminho da porta — e quanto ao êxito da missão, não se preocupe. Nós a guiaremos por todo o caminho, com segurança e certeiramente, podemos não nos igualar aos magos regulares quando se trata de tecnologia, mas ainda assim temos nossas fontes... Não vamos permitir que morra assim tão facilmente. Somos mais duros do que aparentamos — dito isso ele simplesmente se retirou, deixando obvio que eu realmente não tinha a escolha de desistir mais e que com certeza eu teria êxito.

Novamente eu estava assustada.

Nunca tinha passado por coisas assim antes e não se podia falar que eu era forte o suficiente para resistir aquela pressão sem enlouquecer e agora eu não tinha chances de fugir, Dominik iria me usar naquele plano de um jeito ou de outro e eu não poderia dizer "puxa! Mudei de ideia! ". O verdadeiro linchamento viria se eu falasse isso.

— dama Elizabeth? Você está bem? — Eliot pareceu surgir ao meu lado com alguns sanduiches que ele mesmo estava comendo — você está pálida.

Olhei para os meus servos, meu estomago estava embrulhado e minhas mãos tremiam e suavam. Eu estava em pânico.

— não — senti lagrimas se acumulando em meus olhos e limpei-as antes de caírem — impossível! Eu não posso fazer isso.

Ambos se aproximaram, não sabia quando a presença daqueles dois se tornou reconfortante para mim.

— o que quer fazer então? Fugir? — surpreendentemente aquela proposta não foi feita com sarcasmo ou escarnio, foi uma alternativa legitima e dada por quem eu menos esperava, ou seja, Eliot e não Ciel.

Olhei para eles esperançosa, impressionantemente aquela parecia uma boa ideia naquele momento. Eu realmente estava começando a ficar louca de verdade.

— vocês... — reuni folego o suficiente para perguntar o que poderia ser a ideia mais idiota do mundo — vocês iriam comigo? — eu sabia que não adiantava nada usar charme. Minha cara de choro era horrível.

— e o que mais faríamos? — perguntou Ciel com sarcasmo, mas eu podia jurar que sentia uma pontinha de felicidade vindo dele.

— claro! — já Eliot respondeu sorrindo — onde minha dama for eu também irei!

— arrumem as coisas — eu disse seria, me levantando da cama e me recompondo — nós iremos hoje à noite.

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