O que ser normal?
Pensar como a maioria?
Ser a minoria oprimida?
Ou simplesmente ser o ser humano artificial desse milênio?
Eu tinha muitas perguntas, nenhuma resposta e uma certeza:
Eu definitivamente não era desse tempo!Eu havia sido forjada nas estrelas em uma galáxia muito distante, eu era como o "Pequeno Príncipe", um ser de outro planeta que buscava conhecimento para entender as coisas do seu mundo.
Meu nome é Helena, nome de origem grega que significa "tocha", de acordo com o dicionário de nomes o termo hélê quer dizer "raio de Sol", significando, portanto: "a reluzente" ou "a resplandecente". Reluzir ou resplandecer nunca foi o termo mais apropriado para a Helena que sou, a Helena que fui ou a Helena que um dia eu quis ser. Porque em todo tempo me senti fosca, embaçada e apagada.
Por toda a minha vida escolar, nunca fugi ao meu estigma de esquisita. Diferente das outras garotas da minha idade, no primário eu era para minha professora e para as outras crianças "A esquisitinha", uma garotinha tímida de óculos de grau, que usava uma inusitada mochila vermelha do "Jaspion".
No ensino fundamental me julgavam "A esquisita", pois eu não praticava esporte e não tinha interesse pelos garotos populares da escola, no recreio estava sempre sozinha a ler alguma aventura dos "Karas" (serie de livros da literatura juvenil do escritor Pedro Bandeira).
Já no ensino médio, somado a todo meu comportamento pouco convencional, recebi o rótulo de "Muito esquisita". Ao contrário da maioria da minha classe, eu não gostava de expor minha vida particular em redes sociais, preferia curtir o momento a postá-lo, ligar ao invés mandar mensagens. Nunca fui moderna, e trocava qualquer programa "imperdível" por um bom livro. Por isso era comum ouvir risinhos pelas minhas costas, afinal eu estava sempre lendo alguma revista científica ou um livro com a capa rasgada de Machado de Assis ou Miguel de Cervantes. Preferia ouvir Legião Urbana, Engenheiros ou Beatles a qualquer coisa que estivesse fazendo sucesso no momento, "Helena é esquisita, só curte coisa velha", eles diziam. Tudo que para "eles" era ultrapassado, para mim era atemporal. Mas eu não perdia meu tempo defendendo minhas ideologias, impondo meus conceitos ou criticando os outros. Não estava preocupava em estar certa ou errada, eu só queria ser quem eu verdadeiramente era.
Antiquada, saudosista e vintage, eu era assim e me orgulhava disso. Uma garota que queria ter nascido em outra década, em outra época, ou quem sabe em outra era. Uma garota esquisita, que só queria compreender e desafiar o tempo.
Existem muitas teorias sobre o tempo, com certeza você já ouviu falar sobre o "Efeito borboleta", eu demorei bastante tempo para entender esse termo, mas por fim acabei por racionar que ele se refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos. "A teoria do caos é um campo de estudo em matemática, com aplicações em várias disciplinas, incluindo física, engenharia, economia, biologia e filosofia". (Tive que pesquisar no Wikipedia). Enfim, "O efeito Borboleta" corresponde ao fato que pequenos gestos como o simples bater de asas de uma pequena borboleta poderia modificar o curso natural das coisas, ocasionando, quem sabe, uma tragédia do outro lado do mundo. O que pode nos levar a crer que viagens no tempo não seriam propriamente seguras, pois qualquer alteração no passado, mesmo que pequena, poderia fazer um estrago arrebatador no futuro.
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O Tempo
Mystery / Thriller"Jamais poderemos entender os mistérios do tempo" O Tempo é uma viagem cronológica cheia de suspense e mistério através de uma mente perturbada. Helena não era uma adolescente como as outras da sua idade e todos seus defeitos e qualidades a faziam...