Voltei para casa aterrorizada, todos os rostos que vi no caminho pareciam me julgar pelos meus atos e havia aquela estranha sensação de estar constantemente sendo observada.A cronologia dos acontecimentos estava confusa, faltava um fragmento do tempo para que eu pudesse entender o que havia acontecido comigo naquela naquela casa. Contudo o que mais me amedrontava era que a qualquer momento eu poderia voltar a ouvir aquelas vozes em minha cabeça. Antes eu flertava com a loucura, agora ela me desafiava.
Entrei em casa com receio, seria difícil encarar Clarisse de frente, por sorte ela não estava. Fui para o chuveiro não para lavar o meu corpo, era preciso lavar a minha alma, purificar o meu espírito e afastar de mim todos aqueles pensamentos ruins.
Despi aquelas roupas estranhas, procurando alguma marca de violência em meu corpo, olhei-me no espelho e tive vergonha do meu reflexo. Não sentia nenhum tipo de dor ou incômodo que pudessem sinalizar que algum tipo de violação havia acontecido, mas eu não conseguia me livrar da repulsa pelo meu corpo que eu sentia. De repente notei um hematoma em meu braço direito, um vestígio de que alguém o havia segurado com extrema força.
Liguei a ducha e entrei no box, esfreguei minha pele com desespero, enquanto a água caía, a minha mente vagava. Então o barulho do chuveiro foi ficando cada vez mais distante e de repente eu não estava mais no banheiro da minha casa.
Fui transportada para um lugar escuro, podia-se ouvir a música vindo de longe, talvez de algum outro cômodo, eu estava deitada em uma cama estranha, o forte cheiro de mofo me incomodava. A imagem daquela cena então foi ficando mais clara, o lugar era um quarto o qual eu não reconhecia, de paredes amareladas que eram ligadas ao teto branco, por uma linda sanca de gesso. De repente a porta se abriu em um rangido fúnebre, fechei os olhos na intenção de que o tempo me levasse de volta ao banheiro de minha casa, ouvi os passos pesados sobre a madeira que revestia o chão. Meu coração batia em ritmo acelerado, até era possível ouvir o som do medo dele ecoando pelo quarto. Foi então que senti o peso de um corpo sobre o meu, consoante a uma respiração profunda arfando em meu rosto pálido.
Por lapso abri meus olhos e eles encontraram o rosto com maquiagem de caveira, e os terríveis olhos de íris negras dilatadas, profanamente me encaravam.
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O Tempo
Tajemnica / Thriller"Jamais poderemos entender os mistérios do tempo" O Tempo é uma viagem cronológica cheia de suspense e mistério através de uma mente perturbada. Helena não era uma adolescente como as outras da sua idade e todos seus defeitos e qualidades a faziam...