O Falso Sorriso

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"Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?"
-Legião Urbana

Sexta-feira 10:30 da  manhã.

Era um dos tantos edifícios velhos do centro do Rio, a portaria tinha uma iluminação fraca, e as paredes eram escuras, o porteiro sentado em uma mesa de mogno no canto do Hall de entrada se quer olhou para gente. Thiago então, se dirigiu ao painel onde indicava todas as salas em uso no prédio, e constatamos que o andar e número do escritório, batia exatamente com o que estava indicado no cartão que tínhamos recebido de Vanessa.

Entramos no elevador. Ao ouvir o som que avisava que havíamos chegado ao nosso andar de destino, meu coração bateu de forma acelerada, mas eu não disse nada. Caminhamos até a sala em silêncio, havia uma porta de vidro com o nome da dona de minha casa
gravado, além do nome de alguns outros advogados.

A porta não estava trancada, por isso depois de nos olharmos por alguns instantes,
entramos.

- Bom dia! - disse Thiago à uma moça loira que estava na recepção - Nós gostaríamos de falar com a doutora Catarina Magalhães!
- Tem hora marcada? - respondeu a moça de forma pouco educada.
- Diga que é Helena, filha da Raquel de Teresópolis! - exclamei de forma enfática, trazendo o olhar de desdenho da moça para a minha pessoa.

- Sentem-se e aguardem um pouco, por favor!

Eu e Thiago seguimos a breve instrução da secretária. E então, pude observá-la pegando o telefone e fazendo uma chamada que durou apenas um minuto. Sim eu tinha o poder de mensurar o tempo, e não era preciso  um relógio para isso.

O local não era grande, mas não foi possível ouvir o que a secretária disse ao telefone, enquanto nos encarava friamente. A moça então, desligou o telefone e veio até onde nós estávamos.

- A doutora vai recebê-los! Só aguardar! Vocês aceitam um café ou uma água?

- Não, obrigada! - respondeu Thiago e eu apenas balancei a cabeça negativamente.

Ela então virou as costas, e voltou para traz do balcão da recepção. Olhei em torno e só então percebi a presença de outras pessoas na sala.

Observei um grande relógio velho na parede, e fiquei prestando atenção ao movimento dos ponteiros, quinze minutos foi o tempo que aquele relógio marcou pela espera que tivemos até a moça vir em nossa direção novamente. Mas para mim, foi como esperar por uma eternidade. Meu poder de mensurar o tempo, lembra-se?

- A doutora Catarina vai recebê-los agora! Por favor, me acompanhem!

Thiago encarou-me, meu peito doía e ele parecia sentir a mesma dor. Então, segurou firme em minha mão e seguimos a secretária de mãos dadas.

Passamos por um corredor estreito, que se assemelhava muito a um labirinto com várias portas, o local era bem maior do que eu imaginava. Enfim, a moça parou em frente a uma daquelas tantas portas, a qual se não houvesse uma placa com o nome da Doutora Catarina, eu jamais seria capaz de distingui-la e acredito que a secretária também. Mas, um detalhe chamou minha atenção na pequena placa de vidro grudada na porta velha de madeira escura.

"Doutora Catarina Magalhães, Juíza titular da Vara da infância, da Juventude e do Idoso da capital do Rio de Janeiro"

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