A Cronologia do Desespero

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Se eu soubesse sobre os eventos trágicos que aconteceriam naquela noite, eu jamais teria saído de casa.

"Tique-taque... tique-taque..."

Fantasiada de "Alice" (Madness Returns), eu aguardava a carona que me levaria ao inferno

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Fantasiada de "Alice" (Madness Returns), eu aguardava a carona que me levaria ao inferno.  Não sei se já havia mencionado, mas estávamos indo a uma festa à fantasia, uma dessas festas onde o verdadeiro intuito é apenas vender drogas ilícitas.
Bem, como Clarisse havia me proibido de sair naquela noite, eu precisaria ser sorrateira, mas ainda havia outro problema a ser resolvido: eu estava devendo dinheiro ao Otto, e não tinha como pagar. Então tinha que fazer a única coisa que havia para ser feita: roubar o dinheiro de Clarisse.

"Tique-taque... tique-taque..."

Eu sabia bem onde ela guardava todo dinheiro que ia juntando ao longo do mês para as despesas da casa, dinheiro que ganhara fazendo faxinas e alguns bicos com costura. Clarisse sempre trabalhou muito para conseguir o nosso sustento, poderia não ser boa mãe, porém era uma mulher forte e corajosa, vivíamos sem luxo, mas nada nos faltava. Foi dolorido abrir a lata de batata "Pringle's" que ficava em cima da geladeira e retirar todo o dinheiro que havia dentro dela, foi como se eu estivesse  vendendo a minha alma. Eu sabia que daquele momento em diante não haveria mais volta!

"Tique-taque... tique-taque..."

Corri para o carro assim que saí de casa, já eram mais de onze horas, provavelmente Clarisse já estava dormindo, ela sempre dormira muito cedo.

Ao entrar no carro, Milena imediatamente me perguntou de forma um tanto quanto desvairada:
- Trouxe a grana?
Respondi que sim e a expressão preocupada no rosto dela suavizou-se.

Milena não  era minha amiga, era apenas uma garota da minha escola a quem um dia, não sei porque diabos, compartilhei os meus tormentos. Eu jamais poderia imaginar, mas ela também tinhas seus esqueletos escondidos no armário; Milena era uma usuária de drogas.

"Sei de algo que pode fazer você  se sentir melhor", ela me disse naquele mesmo dia em que nos conhecemos, depois me apresentou ao Otto... e  fim da linha, assim começara essa história.

No início era só maconha, depois passei a cheirar cocaína às vezes, e nessas festas havia sempre algo novo a ser experimentado. Eu não era viciada, só queria afrontar a "grandeza física", eu julgava que destruindo o meu corpo e a minha mente, "tique-taque" haveria menos tempo para o meu sofrimento.

O local da festa ficava quase do outro lado da cidade, um pouco antes de descer a serra rumo ao Rio de Janeiro. Demoramos pelo menos uma hora para chegar até lá, a casa parecia estar abandonada, era um pouco velha e suja, não havia vizinhança. A música estava alta demais e as luzes me deixavam tonta, aceitei quando Milena me ofereceu uma bebida, e depois fomos dançar.

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