32

596 46 5
                                    

|Susana|

De pijama vestido, cabelo despenteado, umas olheiras infinitas e um filme rasca na TV.
Era este o meu final de tarde ideal para deprimir ainda mais.

A Maria saiu não sei com quem, disse que iria jantar fora e provavelmente não chegaria muito cedo a casa.
Já esperava isso vindo dela afinal é sexta feira e ela não trabalha amanhã mas eu sim por isso prefiro ficar a deprimir na minha sala de estar e comer até ter uma overdose.

Uma caixa de lenços de papel ao meu lado para limpar as lágrimas e uma garrafa de água para não ficar desidratada com tanto choro.
O filme era horrível mas fazia-me chorar horrores. Talvez por ser mesmo horrível.

Ouvi a campainha e estremeci. Sempre que estou sozinha em casa e ouço a campainha o meu sangue começa a ferver e as minhas mãos a tremer.
Tenho sempre medo de quê seja o Edgar e quando eu abrir a porta ele faça algo muito pior do que já fez ao longo destes tempos.

Levantei-me só sofá calçando os meus chinelos em seguida e caminhei até à porta.
Olhei pelo olho mágico vendo André.
Suspirei ao ver o moreno ali em frente a porta.
A sua cara não era a mais alegre mas também o que é que eu esperava? Que ele estivesse feliz com tudo aquilo que eu disse? Sou muito estúpida.

Abri a porta e logo o seu olhar chocou no meu.  Os seus cabelos estavam ao natural, sem gel nem nada, estavam despenteados e tenho de confessar que adoro vê-lo assim.
Ele tinha umas calças de fato de treino justas vestidas, uma t-shirt preta da Nike e uns Nike airforce calçados.

-Posso entrar? - perguntou o moreno e eu sem dizer nada apenas lhe cedi passagem.

André entrou no meu apartamento e eu fechei a porta seguindo o rapaz até à sala de estar onde reparei que ele tinha uma saca plástica na mão.

-Trouxe o jantar para nós. - ele levantou a saca. - posso ir á cozinha?

Eu apenas assenti e ele dirigiu-se à cozinha sendo seguido por mim, chegando lá ele pousou o saco na bancada da cozinha e tirou o que tinha dentro do saco e de seguida abriu um dos armários e tirou de lá dois pratos.

- André! - chamei pelo moreno e logo ele parou o que estava a fazer para olhar para mim. - Eu quero pedir desculpa. Eu sei que fui uma idiota. Fui injusta contigo, comparei-te com o Edgar e não o devia ter feito pois tu não és nem nunca serás como ele. Desculpa a sério, eu não queria dizer aquelas coisas, eu estava de cabeça quente, tinha tido problemas no trabalho, as mensagens do Edgar não param de entrar no meu telemóvel, ele não para de me pressionar. Eu estou com medo. E este medo está a preencher-me de tal maneira que só me dá vontade de esconder-me do mundo, não falar com ninguém, não olhar para ninguém. Eu só quero que isto acabe de uma vez e que eu possa finalmente andar na rua descansada. Eu não tinha o direito de te julgar daquela maneira, de te chamar mimado, de te comparar com ele. Eu não tinha direito de te magoar.

- Ouve! - André aproximou-se de mim e agarrou a minha face com as suas grandes mãos. - Eu gosto de ti, eu adoro-te, eu amo-te. Eu seria incapaz de te fazer alguma coisa. Eu seria incapaz de te tocar da maneira que ele fazia. Eu só quero ver o teu sorriso, porque é o teu sorriso que faz o meu. Tu não sabes o quão doloroso foi ouvir aquelas palavras saírem da tua boca, da boca da miúda que eu gosto, da miúda que eu quero e que eu imagino do meu lado. Eu admito que estou muito magoado mas não consigo dizer-te que não te perdoo pois já estava á espera deste pedido há bastante tempo, pode até não ter passado muito tempo mas cada minuto para mim é equivalente a um ano, mas eu não vou esquecer tão cedo porque foi muito mau ouvir aquilo da rapariga que eu gosto.

-Desculpa, eu não queria eu juro que eu não queria. - não consegui conter o choro e comecei a soluçar.

- Não! Não chores por favor princesa. - ele beijou a minha desta e abraçou-me e como é óbvio eu retribui o abraço. - Eu quero que saibas que eu te adoro e não vou deixar que aquele traste te trate mal! Nunca mesmo!

Paris || André & Afonso Silva ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora