dezesseis. matthew espinosa

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— Você paga o táxi e a pizza. – foi assim que Maile me cumprimentou quando eu abri a porta de casa.

— Me desculpe? – perguntei sem entender nada.

— Você quis a live aqui, você banca. Simples assim. – ela entrou e eu vi o táxi esperando lá fora.

— Você... Argh! – sai para pagar o motorista e logo entrei, fechando a porta atrás de mim — Isso é sério?

— Claro que sim. Você me fez sair do conforto do meu quarto para ter uma conversa sobre algo desnecessário, é mais do que justo que você pague pela minha viagem. – ela não parecia brincar, era como se ela realmente não fizesse a menor questão de estar ali para ter aquela conversa.

— E a pizza?

— Você acha que eu trabalho com fome? – as expressões de incredulidade dela eram as melhores, tinha que admitir.

— Tudo bem, mas antes de tudo, não é uma conversa desnecessária.

— Claro que é, já falamos sobre isso. – ela se acomodou melhor no sofá e evitou contato, fixando o olhar nas unhas.

— Você parece não ter entendido muito bem o que isso significa. Magcon pode ter decaído com um tempo, mas foi a primeira oportunidade de muita gente grande hoje em dia. Shawn, os Jack's, Cameron e Nash... Pressplay segue o mesmo princípio.

— Matthew, eu já disse que não quero. Eu não me encaixo nesse universo, eu não sou assim. Agora será que dá para esquecer esse assunto?

— É por achar que está me usando? Porque eu sinceramente não acho. Mas, se você tivesse, eu também não ligaria, não é como se eu estivesse no meu auge. Além do mais, você sabe cantar. – ela me olhou surpresa, como se eu tivesse revelado para o mundo seu maior segredo — É, eu sei que você foi convidada como atração musical.

— Você nunca me ouviu cantando, me poupe Matthew.

— Okay, isso é mentira. No dia do passeio você ficava cantarolando umas coisas no carro. – ela pareceu surpresa de novo — É, queridinha, eu sei do seu segredo.

— Okay, primeiramente eu não sou sua queridinha, não me chama assim de novo. Segundo, eu não sabia que você estava prestando atenção. – ela comentou nervosa, um pouco envergonhada também. Não sei de quê — Você estava tão ocupado no celular.

— Eu não sou surdo, Maile. – ela deu de ombros.

— Fico feliz por você, mas isso de Pressplay não vai rolar. Por favor, não insiste.

— Cara, você é inacreditável. Tipo, você tem a chance da sua vida nas mãos e tá jogando fora. – comentava enquanto andava pela casa — Você pode sair de lá com um contrato, sabia? Se apresentar para milhares de pessoas, ser mundialmente famosa. Mas não, vai ficar fazendo charme e não sei o quê. Ao menos me dê um motivo plausível!

Eu provavelmente soava como um amigo invejoso, mas não me conformava com aquilo. Era estúpido. Porém, ao olhar para ela me dei conta que ela não parecia nem um pouco feliz. Na verdade ela parecia prestes a explodir, mas respirou fundo e se concentrou.

— Eu estou em processo de tratamento para demofobia, Matthew. Ou medo de multidões, caso você não saiba. Parece estúpido, eu sei, mas eu não tenho controle sobre isso. É por esse motivo que eu sempre digo que não me encaixo nesse universo. É por isso que YouTube para mim é só um hobbie e insistir nesse assunto é rude.

Eu sabia muito pouco sobre isso, quase nada. Nunca fez muito sentido pra mim, mas eu tentava respeitar e ser empático. As pessoas são diferentes, afinal de contas. No momento eu me sentia um idiota, muito mais do que o normal.

1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora