sessenta. matthew espinosa

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Eu e Maile estávamos em bons termos, ou quase isso. Depois do fracasso que foi nossa troca de mensagens uns dias atrás, eu acabei ligando para ela na manhã seguinte a fim de ter uma conversa de verdade.

— Hey! Se não é meu terceiro Espinosa favorito. – ela atendeu.

— Tudo bem, eu sei que a Kristen é a primeira, mas quem roubou o segundo lugar? – perguntei indignado.

— Burnie. – ela respondeu e riu, tossindo em seguida — Quase morro, culpa sua.

— Mas eu nem fiz nada! – ainda estava indignado. O Burnie? Sério?

— Eu tô comendo um donut cheio de açúcar de confeiteiro, quase me engasguei rindo. – revirei os olhos — Mas então, a que devo a honra de sua ligação?

— Precisamos conversar né?

— Ah, mas você acha?

— Maile, eu tô falando sério.

— Ué, eu também estou. Tem certeza de que precisamos conversar?

— Claro que sim.

— Ok, pode começar.

— Bem, eu acho que você poderia começar. Por que nunca me disse que gostava de mim de verdade?

A essa altura do campeonato ela nem podia negar, e ela sabia disso. Por muito tempo eu acreditei que aquilo era apenas a Maile fazendo seu papel, fazendo aquilo que foi paga para fazer – e muito bem. Até me senti culpado quando comecei a enxergá-la de outra maneira, por mais que não admitisse a ninguém, mas agora vejo que não adiantou de muita coisa.

— Teria feito alguma diferença?

É claro que ela tinha uma resposta.

— Não sei. E nunca saberemos pelo visto.

— Eu acho que nós dois sabemos exatamente a resposta, mas não tem problema. – ela respirou fundo — Dia 30 estamos de volta, seria legal se você aparecesse uma horinha. – entendi o recado, ela não queria se estender.

— Tudo bem, estarei lá. Me mande o horário depois.

— Claro, até mais.

— Até. – e fim da chamada.

Ela mandou a mensagem com as informações do vôo no dia seguinte, enquanto eu gravava um vídeo novo com a Alissa Violet. Isso me fez lembrar de que nós, como um 'casal', não tínhamos nenhum vídeo juntos. Hora de providenciar.

✿✿✿✿✿

Eu já estava no prédio da Maile há alguns minutos, e pelo visto ela já estava a caminho. Pedi para o porteiro não contar nada, e me restava surpreendê-la na porta do apartamento.

Liguei a GoPro – que eu tinha trazido com a intenção de gravar um vlog – e comecei a falar sozinho, informando a quem fosse assistir que naquele exato momento eu estava escondido.

Eu esperava amenizar o clima depois do vídeo, e até conversaria sobre o beijo se ela quisesse. De qualquer forma, eu só queria que voltássemos ao que éramos antes.

— No dia da festa foi a maior bagunça. A gente se reuniu pra tirar uma foto com todo mundo e do nada as poses começaram a desmoronar e todo mundo foi caindo pro lado. Foi hilário. – ouvi a voz da Maile saindo do elevador, provavelmente ela estava conversando ao telefone.

Quando soube que a Maile estaria na festa de despedida, a única coisa que eu consegui pensar foi: ela está confortável? Desde que ela me contou toda sua trajetória de fobia essa é a única coisa que me vem à mente quando eu a vejo em grupos. Parece meio bobo, mas já é automático.

1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora