vinte e oito. matthew espinosa

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Seis de junho: aniversário da Maile.

Era nosso terceiro dia no cruzeiro, e os planos de hoje para os tripulantes incluíam – principalmente – uma parada em Nassau, Bahamas. Quando acordei, Maile estava atravessada no sofá-cama segurando o controle da televisão, ela com certeza não conseguiu dormir e resolveu assistir.

Aproveitei para tomar banho e repassar as atividades do dia: passaríamos a manhã na cidade, almoçaríamos no navio e voltaríamos pela tarde para uns minutos na praia. Durante a noite, eu tinha pedido uma pequena surpresa no restaurante e também já tinha encomendando uma das lembrancinhas que eles oferecem à parte. Ainda era estranho pra mim ter toda essa intimidade com a Maile e fingir ter algo mais do que o que realmente tínhamos, mas pelo bem do nosso disfarce, eu precisava. E além do mais, ela merecia.

Não demorei muito para ficar pronto, e perto das oito foi a vez da Maile acordar.

— Bom dia. – ela me cumprimentou casualmente.

— Bom dia.

— Que horas são?

— Três para as oito. Estamos a vinte minutos de Nassau, melhor se aprontar. – informei fazendo pouco caso da data.

— Tudo bem. – ela coçou o olho e entrou no banheiro, visivelmente ainda com sono.

— Vou esperar você lá fora, pode se trocar no quarto.

— Tudo bem. – ela respondeu e trancou a porta.

Imediatamente eu peguei uma caixa com o presente dela e deixei a cabine. Confesso que precisei da ajuda da Kristen com isso, e ela quase não me ajudou porque achou a ideia ridícula, mas como eu já tinha concordado com o cruzeiro ela acabou cedendo.

Dei uns cinco minutos de desconto antes de deixar a caixa na porta da cabine e me esconder. Com mais dez minutos a Maile abriu a porta e se agachou para pegar a caixa. Depois disso eu fui para o deck principal esperá-la como se nada tivesse acontecido.

— Eu odeio você. – foi o que ouvi de Maile assim que ela surgiu no deck.

— Hey! Eu nem fiz nada. – me defendi.

— Você é um cínico. – ela me deu um tapa de leve e começou a rir.

— E você não está usando seu presente, miss.

E nem espere que eu use.

— Ah, Maile, qual é? Eu fiz com tanto carinho e amor. – ela olhou pra mim com uma cara suspeita — Você vai mesmo rejeitar aquela obra prima? Você ao menos leu o cartão?

— Aquele que dizia "Feliz aniversário, Maile Simpatia! Que os dezenove te tratem como a verdadeira Miss que você é."? – assenti sorrindo orgulhoso — Você é ridículo, Matthew.

— Isso não é atitude de Miss. – me fiz de ofendido — Vai mesmo rejeitar aquela faixa exclusivíssima desenhada por minha pessoa? Ficou um charme! Nem vou falar da coroa.

— Matthew! Eu não vou usar aquela faixa, muito menos a coroa.

— Mas deu tanto trabalho escrever e desenhar com cola glitter! Eu não acredito nisso. – balancei a cabeça e ela começou a rir.

— Eu disse pra não me chamar de Miss Simpatia. – ela deu de ombros e fez menção de sair, mas eu segurei seu braço.

Como a sorte estava ao nosso lado, nem aqui estávamos livres do nosso público. Seguindo em direção à fila para o desembarque, estava uma garota com uma toalha de uma das minhas primeiras coleções pendurada na bolsa de praia. Eu apenas a vi de relance, mas percebi que ela estava nos observando sem se dar conta de que eu estava fazendo o mesmo através da visão periférica.

1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora