setenta e sete. matthew espinosa

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 Quando decidi que pediria a Maile em namoro – pela primeira vez e de verdade –, não tive muito tempo para pensar bem no que faria. Na verdade, até agora eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo, e eu já estava nessa há dez dias.

Lembrei do dia em que eu a levei para conhecer parte da minha família, e lembrei também do que ela inventou como meu 'pedido de namoro':

"Eu disse que você mandou o Harry me entregar uma carta e um anel de compromisso em uma das viagens que ele fazia a Nova Iorque. E que na carta tinha escrito que se eu aceitasse conhecer você melhor, eu deveria usar o anel quando viesse para Los Angeles. Daí eu também disse que você estava na sala do Harry quando eu cheguei de viagem, esperando pra ver se eu tava usando o anel."

Ela disse que fez isso porque o pedido de namoro era dela, e seria do jeito que ela quisesse. E foi aí que eu percebi que aquilo era específico demais, e que no fundo poderia expressar um desejo real dela. Ou não. Mas enfim.

Escrevi uma espécie de convite para uma "colaboração" e mandei para o Harry imprimir e entregá-la. Junto, também tinha uma passagem para Los Angeles, que serviria como meu "anel" – se ela aceitasse o convite, viria para Los Angeles com a passagem, literalmente. O que ela não saberia a princípio, é que tal colaboração é o próprio namoro.

Claro, nada disso estava explícito. A mensagem não tinha nada demais além do convite e da ênfase de que o assunto a ser tratado (ou seja, a colaboração) era algo importante para mim. Eu também deixei claro que ela não precisava aceitar, mas que caso sim, eu estaria esperando no aeroporto.

Maile era responsável e curiosa, então eu sabia que ela iria abrir a carta de imediato. Tanto para ver do que se tratava quanto para poder responder qualquer que fosse a situação. No entanto, até agora ela não tinha comentado nada comigo e eu cheguei até a perguntar ao Harry se algo deu errado, mas ele me garantiu que entregou e falou tudo como eu pedi.

Eis que eu me dei conta de que ela também deveria estar fazendo surpresa. Quer dizer, ela poderia muito bem estar fazendo um suspense, e eu acreditava realmente que esse fosse o caso.

Ainda mais depois dela tweetar algo sobre o tráfego de Nova Iorque e reclamar de morar tão longe do aeroporto hoje mais cedo.

Era isso.

Eu queria muito, ou melhor, eu precisava muito que a Maile viesse. E olha que isso nem era garantia de que ela aceitaria o pedido, mas eu realmente precisava vê-la e ao menos ter a chance de colocar o plano em prática.

Falando nisso, eu acabei decidindo improvisar toda a coisa, já que decorar uma sequência de ações e palavras não estava dando muito certo. No mínimo, ridículo.

Na minha cabeça tudo estava organizado, mas só na minha cabeça mesmo. Por fora eu estava uma pilha de nervos, e tudo piorou quando deu a hora do desembarque.

Fiquei inquieto. Tentava me controlar, mas enquanto eu pensava em tentar me controlar, meu pescoço já estava se esticando à procura de uma Maile com alguma roupa bem nova-iorquina ou ultra colorida, a depender do humor dela.

Aos poucos os passageiros recém chegados daquele específico voo iam se dissipando, e a área de desembarque ficava cada vez mais cheia, mas nada de Maile.

Esperei mais um pouco, talvez ela estivesse resolvendo alguma coisa, sei lá.

Dez minutos e nada.



Quinze, e uma notificação do Instagram.



mailepenekai acabou de publicar uma foto.

"Pausa nas equações e parágrafos para apreciar o Central Park... Prioridades."


Okay, entendi.






★★★★★ 

notas da autora: uuuuuu, problemas no paradise, adoro. 

sem mais delongas, espero que curtam um pouquinho desse capítulo. essa semana ainda sai outro. o dia é quatro de setembro ;)






1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora