1 | faking it · m. espinosa [✔️]

oitenta e oito. matthewespinosa (+)

— Onde estava e por que demorou tanto para atender? – Kristen perguntou após três chamadas perdidas que descarregaram meu celular.

— Eu estava ocupado, e você descarregou meu celular.

— O que estava fazendo?

— Vendo um filme.

— Com a Maile? – e voltamos à programação normal.

— Se quer tanto saber da Maile, por que não liga para ela em vez de para mim? – respondi impaciente.

— Credo, cadê sua educação, hein?

— Foi embora, junto com a Maile.

— Como é que é? – minha irmã parecia assustada, como se eu tivesse ligado da cadeia dizendo que precisava de fiança — Não me diz que vocês terminaram.

— Claro que não, enlouqueceu? Ela só precisou ir embora, afinal de contas, está tarde.

— Então vocês brigaram?

— Por que você acha que algo ruim aconteceu?

— Você que ficou todo estressadinho do nada, ué.

— Afinal de contas, o que queria saber?

— Matthew, eu não estou gostando do seu tom.

— Tudo bem, me desculpe. Mas é sério, eu ainda não entendi o motivo de sua ligação tão urgente. – ironizei a intensidade no final da frase.

— A internet quer saber o que aconteceu depois do fim da transmissão de hoje, e por isso, eu também.

— Isso é sério? Olha, Kris, eu te amo, mas essa intromissão na minha vida já está ficando demais. – confessei, passando a mão nos cabelos de nervoso. Eu estava sendo muito rude com minha irmã? Provavelmente — Eu aprecio seu apoio ao nosso relacionamento, mas tem coisas que cabem a mim e à Maile, e somente. Agora, se tiver mais alguma coisa que seja, de fato, importante para falar, ligue amanhã. Por favor.

A linha ficou silenciosa, e eu não esperei por alguma resposta. Dei boa noite e desliguei o telefone.

A questão era a seguinte: a paciência do meu dia tinha acabado.

Assim que a live terminou, eu e Maile tivemos uma conversa sobre o que ela tinha acabado de confessar. A princípio foi uma realização estranha, tipo, "ela realmente me ama" e essas coisas. Eu não estava nem um pouco preparado para ouvir algo assim, mas é um sentimento legal, devo admitir. Maile ficou um pouco envergonhada – eu não a julgo, no mínimo umas cinco mil pessoas viram aquilo –, mas quando começamos a conversar, ela levou tudo com a maior tranquilidade. Sua maior preocupação foi me assegurar de que "você não precisar dizer nada" e sinônimos da frase. E por mais conveniente que aquilo parecesse, eu acreditava que também era genuíno, e não simplesmente uma forma de me acalmar.

Depois de nos entendermos, fomos assistir a um filme, e assim que os créditos rolaram, ela já estava se preparando para voltar para o apartamento da amiga. Amanhã é seu último dia aqui em Los Angeles, e como a viagem é pela tarde, ela pretende acordar cedo para aproveitar o restinho da cidade.

Tudo ia bem, até eu entrar nas redes sociais. A recepção do Twitter não foi exatamente a mesma da Maile, e todos perguntavam sobre o meu "eu te amo" – que, só para constar, não havia acontecido.

Chega a ser engraçado como as pessoas dão tanta importância para isso, mas ao mesmo tempo não. Na verdade, essa "importância" é bem superficial, não é sobre o sentimento e o que ele realmente representa, e sim sobre a reciprocidade das palavras.