vinte e sete. matthew espinosa

2.8K 270 98
                                    

A tarde em Castaway Cay foi incrível. Almoçamos em Serenity Bay e passamos a tarde inteira na água, o que resultou em uma exaustão enorme na volta para o navio. Percebi que metade das coisas que levamos não foi necessária, e me lembraria disso na nossa próxima parada.

— Onde será que se inscreve pra morar num navio desses? – Maile perguntou enquanto caminhávamos pelo corredor em direção ao cinema.

— Você está mesmo empenhada nisso, hein? – ela riu.

— Matthew você já olhou pra esse lugar? Dá vontade de chorar todo dia que eu acordo e lembro que estou aqui. – ela rodopiou pelo corredor com os braços abertos e eu comecei a rir.

— Você só acordou um dia aqui, Maile, e foi hoje! – ela deu de ombros e entrelaçou nossas mãos de repente.

— Eu não acho que isso seja necessário. – comentei rindo fraco, mas sem entender muito. Maile não respondeu e eu resolvi deixar pra lá.

Pouco tempo depois ela começou a apertar minha mão e eu continuava sem entender o motivo. Foi só quando chegamos em frente ao cinema do navio – e seu pequeno grupo de pessoas – que eu liguei os pontos.

Decidi não fazer perguntas ou comentários, já que ela também não se mostrou disposta a isso. Apenas apertei sua mão de volta para passar segurança e entramos.

✿✿✿

Assistimos "Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar" entre um cochilo e outro. Decidimos voltar para a cabine e descansar ao invés de ir jantar, afinal, não tínhamos feito isso desde que voltamos de Castaway Cay.

Quando eu acordei, Maile já estava desperta e comendo. Ela estava entretida demais no sofá para perceber que eu tinha acordado, e só deu atenção quando eu levantei e fui até a bandeja.

— Serviço de quarto de novo?

— Não é todo dia que eu tenho esse luxo. – sentei-me ao seu lado e comecei a petiscar o que ela tinha pedido como jantar.

— Eu sinto que estamos desperdiçando nosso tempo aqui com comida e sono. – ela riu e concordou.

— Mas quem consegue controlar essas duas necessidades? A gente precisava descansar, ou eu ia dormir no restaurante mesmo, com a cara no prato. – foi minha vez de rir — Tô falando sério, eu estava morrendo de sono.

— Eu percebi, você dormiu mais do que eu. – lembrei.

— Foi uma péssima ideia ter ido a esse cinema, desde o começo.

Eu não sabia se ela se referia a todo o processo de ir ao cinema, mas tinha uma leve sensação de que sim. Pensei em perguntar sobre, mas ela me interrompeu antes, mudando o assunto.

— A gente poderia ficar lá fora agora... Sabe, ar fresco. – ela gesticulou se abanando.

— Ar fresco. – imitei seus gestos e ela riu — Claro, sei sim. Vamos, então? – levantei e ela fez o mesmo.

Decidimos ir até a Quiet Pool, uma piscina reservada para adultos no deck 11, e ela era ótima pelos mesmos motivos de Serenity Bay. Ficamos em silêncio por uns cinco minutos, apreciando a mesma vista, cada um ao seu próprio modo, mas juntos. E então ela começou, ainda encarando o horizonte.

— Foi de repente. Durante o início do ensino médio. – fiz menção de perguntar sobre o que ela estava falando, mas ela logo me interrompeu — Essa... Fobia. Eu era nova no colégio, e tentar ser simpática com todos não deu muito certo. As meninas mais velhas fofocavam sobre mim, diziam que eu era falsa por ser tão legal com todo mundo. Mas não era verdade, quer dizer, qual o problema em ser legal com as pessoas?

1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora