noventa. narração

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— Eu realmente não acredito que deixei de dormir para adiantar as coisas dessa viagem e esse urubu de avião não vai decolar. – Maile reclamou frustrada.

O horário do voo foi alterado em cima da hora, e agora ela precisaria esperar mais uma hora.

— Se você quiser a gente volta pra casa. – Matthew ofereceu — Não precisa ficar uma hora enfurnada aqui.

— Vai só dar trabalho, eu vou precisar voltar depois mesmo. Vou ficar aqui.

Os dois caminhavam lentamente pelo aeroporto. Maile carregava sua mochila nas costas e um travesseiro debaixo do braço, enquanto Matthew carregava uma sacola com lanches recém comprados.

Enquanto ela avisava do atraso para a amiga que a esperaria em Nova Iorque, Matthew observava atentamente seu semblante: a testa levemente franzida, as narinas infladas e o maxilar contraído. Para ele aquilo era extremamente engraçado, porque "Você fica tão bonitinha quando está emburrada.", mas Maile não concordava com nada.

— Para de olhar, garoto. Parece um psicopata. – ela se pronunciou após guardar o aparelho celular. Matthew continuava rindo, mas se aproximou para abraçá-la.

— Sabia que você parece um Chihuahua quando fica brava? – ele comentou com o queixo apoiado na cabeça dela — Ai! É sério, Maile, para de me bater. – reclamou entre risos.

— Você é um idiota.

— Mas você já viu um Chihuahua latindo? Ele faz o maior alarde do mundo, mas ninguém dá bola porque é uma coisinha tão minúscula. Todos se perdem na fofura dele.

— Eu odeio você. – a garota até que tentou se segurar, mas também ficou com vontade de rir.

— Não foi o que você disse esses dias. – os dois continuavam andando abraçados pelo aeroporto, e Matthew agora exibia um sorriso convencido.

— Cala a boca.

Depois de tanta caminhada, eles finalmente encontraram um canto para se acomodarem. Matthew estava sentado no chão com as pernas esticadas, enquanto Maile tinha a cabeça apoiada no colo dele e o resto do corpo encolhido para não atrapalhar tanto a passagem.

— No que está pensando? – ele perguntou.

— Se eu deveria te contar a verdade agora ou não.

— Que verdade?

— Que sua mãe e irmã me pagaram para namorar com você, porque nenhuma delas aguentava mais sua solteirice. É por isso que a gente se dá tão bem.

Matthew ficou em silêncio por um segundo, e Maile, que estava com o rosto virado para frente, voltou sua atenção para cima, observando o garoto.

— O fato de que isso faz sentido é assustador.

Ba dum tss. – e então ela começou a rir.

— Credo, não tem graça, Maile.

— Claro que tem.

— Depois eu sou o psicopata.

Antes mesmo de Matthew terminar a frase, Maile já estava começando a sua, completamente indignada.

— Esse sinal do seu nariz é o pior dos meus pesadelos, pelo amor de Deus.

— Fecha os olhos então. Eu hein, menina louca que foram me arranjar.

— Matthew é sério. – Maile levantou-se e apoiou um dos braços no carpete do chão, ao lado das pernas de Matthew — Ele não é alinhado... Tipo, isso dá muita agonia, sabe?

1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora