oitenta e dois. matthew espinosa

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Faltava pouco para o horário que eu tinha marcado com a Maile, e eu estava fazendo os últimos ajustes com a câmera e repassando uma improvisação de 'discurso'. Eu tinha tanta coisa para falar, que me perdia com as ideias.

Falando em ideias, o que eu pensei para hoje foi o seguinte: eu levarei a Maile para um restaurante em Studio City, o que é mais ou menos de vinte a vinte e cinco minutos daqui, de carro. Chegando ao restaurante, que é onde eu estou agora e comentarei o porquê, a recepcionista nos levará até a mesa – reservada de última hora hoje de manhã – e o jantar seguiria normalmente. Eis que, em algum momento, eu ia começar a falar sobre a colaboração e entrar no assunto "Quando você mentiu para minha família sobre a forma que eu te pedi em namoro". Com sorte, ela não vai entender o que eu quero dizer antes da hora. Enfim, depois do meu discurso, é torcer pelo sim.

E como eu não sou besta, contatei o restaurante e perguntei se eu poderia gravar (em segredo da Maile) nosso jantar, ou pelo menos parte dele, a única que importa. Eles concordaram, contanto que nenhum dos demais clientes ou empregados fossem expostos, e, obviamente, que a imagem do restaurante não fosse denegrida. Moleza.

Era por isso que eu estava no restaurante, tentando esconder a GoPro em um lugar estratégico. Eu pretendia usar aquela gravação como o tal 'vídeo' de colaboração, e também queria registrar esse momento de vitória da humanidade e milagre divino. Daria certo? Aí já não era comigo.

Depois de conseguir o que queria, já era hora de buscar Maile na casa da amiga e voltar para o restaurante como se eu nunca tivesse entrado aqui antes.

✿✿✿

— Maile, eu não vou te pedir para cometer um crime. Relaxa, você tá toda tensa. – eu ri, mas só porque ninguém tem o direito de ficar mais tenso do que eu aqui.

— É só que você tá fazendo tanto mistério, eu não sei o que esperar. – ela passou a mão na perna pela terceira vez desde que entrou no carro. É oficial, Maile Penekai está derretendo pelas mãos.

— Não se preocupa, não é nada ilegal. – comentei enquanto descia do carro, após ele parar em frente ao restaurante — Pensando bem, talvez seja.

— Matthew! – Maile me olhou assustada — Você está brincando, né?

— Claro que sim, sua boba. Desce logo. – ofereci minha mão para ajudá-la e ela aceitou.

— Que espécie de restaurante macabro é esse que você me trouxe? Não tem nenhuma sinalização. Isso nem parece um restaurante, Matthew.

— Essa é a intenção. – eu acho né, realmente esse lugar não parece nada com um restaurante do lado de fora — Vem, vamos entrar.

— Se isso for alguma brincadeirinha sua e isso aqui for uma casa mal assombrada, eu juro que eu nunca mais falo com você. Eu falo sério.

O desespero da Maile era engraçado, ela fazia de tudo para me deixar ir à sua frente, ainda duvidando de que aquele lugar fosse um restaurante.

— Sua imaginação é de outro nível. – finalmente entrei e ela me seguiu — Viu só? É um restaurante.

Ela começou a observar cada canto do local, enquanto eu passava nossos nomes para a recepcionista.

— Sua mesa estará pronta em quinze minutos, senhor Espinosa. Queiram me acompanhar até o lounge, sim?

Assenti e fui seguindo a funcionária enquanto arrastava Maile pela mão, que estava sendo muito discreta no quesito "Estou impressionada".

— Fiquem à vontade e sejam bem-vindos ao Firefly¹. – e com isso, fomos deixados numa espécie de "bar" dentro de uma biblioteca. Genial.

— Matthew. – Maile me chamou bem baixinho enquanto cutucava meu braço.

1 | faking it · m. espinosa [✔️]Onde histórias criam vida. Descubra agora