Um Só Coração.

Como duas amigas.

O meu corpo gelou, meu coração disparou e minhas mãos que estavam entrelaçadas as da Ana se soltaram no impulso. 

Ana estava vermelha de vergonha, e não conseguia disfarçar o constrangimento, enquanto Sabra estava imóvel na nossa frente.

Ela sempre soube que eu gostava de meninas, sempre fomos muito amigas e as confidências eram mútuas entre nós. Ela também sabia que existia algo entre eu e a Ana, mesmo que eu nunca tenha falando diretamente sobre isso com ela. O que fez Sabra parar literalmente na nossa frente e um tanto assustada, foi o beijo.

Por mais que tenha me apoiando desde de sempre e soubesse das minhas preferências, ela nunca tinha visto eu beijar outra menina.

- Tatinha...

Fui tentar argumentar com ela, mas ela me interrompeu logo em seguida.

- Vitória vocês estão loucas ou o que? Como é que vocês ficam se beijando no meio do aeroporto.

- Só foi um beijo Sa. Um beijo

- Você acha que vão sair por aí falando que foi só um beijo, quando essa história chegar nos ouvidos da mamãe, Vi? E tu Ana, quando a sua mãe souber?

- Sa fica calma, não precisa...

- Vitória olha só, me escuta.

Mas uma vez ela não deixou eu terminar a frase, e dessa vez sentou ao meu lado segurando minhas mãos, enquanto Ana observava tudo em silêncio.

- Tu sabe que eu sempre te apoiei Vi. E eu vou continuar apoiando sempre, eu amo tu tanto que chega dói e você sabe disso. Mas a mamãe e a mãe da Ana não sabe que vocês duas estão juntas e que gostam de meninas. To certa Ana?

Sabra desviou a atenção, inclinando um pouco o pescoço e olhando para Ana, que permanecia sentada atrás de mim atenta a toda nossa conversa, e  ela só assentiu concordando com a Sa.

- Então meninas, Araguaína é uma cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo e tenho certeza que esse beijo iria chegar nos ouvidos das nossas mães com uma história muito diferente por trás. E vocês já imaginaram o susto que seria para elas? Nossas mães podem até desconfiar que exista algo entre vocês, mas vocês querem que a certeza chegue assim, através de um fofoca? De um beijo no aeroporto?

Tanto eu quanto a Ana balançamos a cabeça negativamente e logo me apressei em da um abraço na Sabra. Ela tinha razão, apesar de não precisar dar satisfação do que existia entre nós duas a ninguém, nossas mães ainda não sabiam, e quando soubessem deveria ser por nós e não por fofocas da cidade.

Nos deveríamos tomar um pouco mais de cuidado em certos lugares, mas foi a saudade e o desejo que haviam falado mais alto. E sem falar que é praticamente impossível ficar ao lado da Ana e não querer beija-lá

- Tu tá certa Tatinha. É que..

- Eu sei Vi deve ser difícil ficar ao lado de uma princesa linda dessa e não querer beijar.

Sabra ainda abraçada comigo, passou a mão no rosto da Ana fazendo graça,  e ela tentou esconder o rosto rosado de vergonha nas minhas costas, me abraçando pela cintura. Soltei uma gargalhada ao sair do abraço da Sabra e grudei na cintura da Ana, fazendo ela colocar a cabeça no meu ombro.

- Sabra você está certa. Vamos tomar mais cuidado.

Ana falou saindo do aconchego do meu ombro

- Andem vão ali no banheiro e matem um pouquinho da saudade, antes que chegue a hora do embarque, mas beijem escondido que é mais gostoso.

Ana não se aguentava de vergonha, já estava toda vermelhinha, enquanto Sabra não parava de rir. Tirei meus bracos da sua cintura levantei e estendi a mão para Ana, que rapidamente segurou e levantou. Mesmo com toda vergonha, aceitamos a sugestão da Sa e fomos em direção ao banheiro, assim como duas amigas que sempre vão ao banheiro acompanhadas.

- Viiii

Ana falou com uma voz dengosa escondendo teu rosto contra o meu corpo, assim que entramos no banheiro.

- Ei fica com essa vergonha não. A Tatinha tá certa, escondido é melhor vem cá.

Levantei seu rosto, ela me olhou no olhos sorriu meio tímida e eu à beijei.  Toda aquela vontade que estávamos sentido se transformou em um beijo lento, suave e que tirava o ar. Ficamos ali entre beijos e carinhos alguns minutos até que ouvimos a chamado do vôo e eu tive que ir...