Meu melhor lugar.

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Depois que saímos para o Cimba mais cedo, todos na casa da Ana viajaram, menos o seu irmão que ficou em casa com a namorada, era aquela tal viagem que o Pedro havia comentando um dia antes e  que a Ana não queria ir. 

Entramos em casa e Ana ainda segurava a minha mão, assim que passamos do portão eu disse:

- Ana, acho que vou pra casa. E amanhã conversamos!

Ela parou e virou olhando na minha direção e disse:

- Vi, vamos conversar. Por favor! Depois se tu quiser, tu vai pra casa, mas vem. Fica!
 
- Tá bom.

Ana suspirou aliviada com a minha resposta e entramos, seu irmão estava na sala assistindo um filme com a namorada.

- Meninas curtiram o passeio?

Ele perguntou assim que nos viu entrando apressadas.

- Sim sim! 

Aninha respondeu e eu apenas sorrir.

- Tem pizza se vocês quiserem.
 
- Tá bom, obrigada.

Nos entramos tão apressada que nem falamos direito com eles. Ana me puxava pela mão em direção ao seu quarto e assim que entramos ela fechou a porta e soltou um suspiro aliviada, como se estivesse prendendo a respiração por alguns minutos e agora pudesse respirar novamente.

O seu quarto era o seu lugar seguro, onde ela era ela mesma e podia falar, fazer e ser quem ela quisesse.

Ela encostou o corpo na porta fechada e desabou em lágrimas. Todo o choro que ela havia segurado lá no Cimba ela resolveu soltar ali, e eu logo larguei a minha bolsa no canto e fui em sua direção.

Segurei o teu rosto e comecei a enxugar as  lágrimas que caíam sem parar. Nessa hora todo o meu mundo desabou, ver a Aninha, aquele ser mais lindo e meigo que eu já conheci, se derretendo em lágrimas acabou comigo.

- Ei, não faz isso não Aninha. Meu coração se quebra todinho, com tu chorando.

Ana não falou nada, e mesmo que quisesse não conseguiria. As suas  palavras se transformaram em lágrimas, ela apenas me abraçou, entrelaçado seus dedos prendendo a minha cintura junto ao seu corpo  e encostando sua cabeça no meu ombro, fazendo do meu corpo o seu abrigo.

- Vem cá meu amô, deita um pouquinhu aqui. 

Levei ela até a cama e ela deitou, enquanto eu fiquei sentada, alisando cada pedacinho daquele rosto lindo e tirando com todo cuidado os fios de cabelo que insistiam em cair na frente.

- Deita comigo!

Ela falou bem baixinho e eu logo atendi ao seu pedido, mesmo ainda confusa com um monte de sentimentos que surgiram tudo de uma vez, eu não podia deixar a Ana daquele jeito, então deitei ao seu lado, e ela logo se aconchegou no meu corpo.

- Vi eu sei que tu tá muito brava comigo, e que não quer conversar agora. Mas não vai embora não,  fica...

Ana nem conseguiu terminar a frase e já caiu em lágrimas novamente, me apertando um pouco mais forte.

- Eu num vou não princesa. Vou ficar com tu, viu?

- Eu amo tu um tanto Vi, que nem sei explicar. Me desculpa pelo que aconteceu hoje. Me desculpa!  O Pe não podia ter feito aquilo. Vi, eu não gosto dele, não do mesmo jeito que ele.

- O amor não se explica não  Aninha! Eu amo tu o amor todinho  de uma vida. E eu não to brava com tu não. Eu fiquei foi confusa com um tanto de sentimento que apareceu tudo de uma vez só. E com um que até agora eu não tinha sentido ainda.

- O qual Vi?

Ana saiu do aconchego do meu corpo e sentou na minha frente na cama e  ficou me olhando com um olhar ansioso e com os olhinhos vermelho de tanto choro.

- Ciúmes Aninha. Medo de perder isso aqui que a gente tem. A gente vive o agora né? Esse foi o nosso combinado num foi?

Ela assentiu com a cabeça e eu continuei.

- Então, hoje vendo aquele beijo lá eu sentir medo do amanhã, Sabe?  Aninha eu sou feita para o mundo, mamãe diz que sou igual passarinho e ela tem razão. Eu não penso muito no amanhã apenas espero que a vida me surpreenda e me presentei.  Eu amo muitas coisas nessa vida e um tanto de pessoas também, porque esse mundo tem tantas coisas para nós mostrar que eu acho um desperdício de amô, amar uma coisinha só sabe? Mas olha o que to sentindo por tu, é tão único é tão bonito que me fez sentir medo do amanhã.  Tu é o meu melhor lugar, minha casa é no teu abraço, tu é o meu abrigo Aninha e eu não quero perde o que a gente tem. 

Ana me olhava atenta a cada palavra que saia da minha boca,  tentando compreender tudo o que eu queria passar, com aquele pensamento meio confuso. E por um momento o silêncio tomou conta daquele quarto, ficamos ali apenas nos olhando. Até ela quebrar o silêncio e disse:

- Vi eu quero dividir todo o meu dia, todo dia com você. E só com você.

Ela se aproximou e me deu um beijinho no canto da boca, não resistir e à puxei para um beijo mais longo que me fez perder o ar.  Ficamos deitadas uma usando a outra como travesseiro e trocando beijos, chamegos e carinhos.

Está ali sentido a Ana me fazia esquecer do mundo lá fora, uma paz me invadia só de está perto dela, e logo todos aqueles sentimentos confusos e medos que haviam tomando conta de mim,  desapareceram.

Ficamos  grudadas na cama a noite inteira e nada mais foi falado sobre o que havia acontecido mais cedo. E nem precisava, eu e Ana nos entendíamos só no olhar e os medos e dúvidas sumiam ao toque de um beijo.

Um Só Coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora