Canta pra mim!

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Nunca tinha escutado a Ana cantar, e fiquei ali encostada na porta do seu  quarto quietinha só admirando aquela voz serena, agradável aos ouvidos e de uma harmonia perfeita para mim.

A letra da música até então era desconhecida, mas transmitia uma verdade tão bonita, e ouvi-la no tom da voz da Ana fazia ela parecer familiar.

Porque me preocupar com meu cabelo e minha imagem no espelho? Se na sua visão eu pareço até bonita e nem precisa de comparação...”

Eu poderia ficar horas ali ouvindo ela declamar aquela poesia em forma de canção.

“Mesmo sendo impossível consegui te encantar, com o pouco que tenho pra mostrar, você me prova ao contrário e me faz gostar de mim, e é por isso que eu quero tudo como está e não deixo nada fora do lugar, porque mudar não é um verbo que se encaixa pra nós...

- Droga! Isso não tá legal.

Ana interrompeu a canção. E como que por um impulso eu falei!

- Verdade, legal não é a palavra mais indicada para descrever essa poesia linda em forma de canção que acabei de ouvir. Talvez maravilhosa fosse a palavra correta.

Ana se virou apressada ao ouvir a minha voz, e talvez um pouco assustada, sorrir pra ela e dei uma picadinha.

- Vi? Tu me ouviu? Você estava ai?

- Estava sim, resolvi vim te fazer uma surpresa porque tava que não aguentava mais de saudades de tu e quem foi surpreendida foi eu.

Sorrir, ao ver ela morder de leve os lábios e ficar rosada de vergonha. Colocou o violão de lado na cama, levantou e venho até a porta, parou na minha frente e se jogou nos meus braços me envolvendo em um abraço apertado.

- Não tava me aguentando de saudades de tu, Vi. Saudade de sentir você! 

- Eu to aqui agora. Vim matar um tiquinho desse aperto que tava sentindo aqui dentro. Tava já doendo de tanta saudade da minha princesa.

Ela desgrudou o seu corpo do meu, e foi passeando com suas mãos pelos meus braços, como se examinasse cada pedacinho meu, chegou nas minhas mãos, segurou firme e me puxou para dentro do seu quarto.

Assim que passei pela porta à puxei pela cintura fazendo ela grudar seu corpo no meu novamente.
Com as mãos entrelaçadas pressa a tua cintura, comecei a dar vários beijinhos em seu pescoço, fazendo ela me abraçar mais forte e soltar uns gemidos abafados pelo sorriso, não resisti virei meu rosto olhando para ela e a beijei. Um beijo com sabor de saudade! 

- Vi alguém pode ver as gente aqui.

Ana falou se afastando, e eu por um instante tinha esquecido que estávamos na casa dela, dentro do seu quarto e com toda a sua família logo ali.

- Eu to com tanta saudades de tu.

- Vem cá, senta aqui!

Ela sentou em sua cama e me puxou para sentar também, e eu fiquei ali olhando nos olhos dela e fazendo biquinhos querendo mais beijos.

- Não faz isso que eu não resisto Vi!

Ana alisou meu rosto com toda calma do mundo, chegou mais perto e me deu um selinho rápido e em seguida um beijo na ponta do nariz. Caímos na gargalhada e no mesmo instante a tia Mônica, mãe da Aninha, apareceu.

- Ana, o Pedro ta ai. Quer falar com você! 

- Pode mandar ele entrar mãe.

Tia Mônica saiu em direção ao portão e eu lembrei daquela linda canção, cheinha de amor que tinha acabado de ouvir na voz dela e perguntei.

- Aninha de quem é aquela composição linda que tu tava cantando?

- Ah, tu ouviu né?

- Sim e achei tão cheia de amor. E a tua voz... Mulher, tu canta lindamente.

- Muito obrigada!

Falou sorrindo e colocando as duas mãos no rosto, toda vermelhinha e disse.

- A composição é minha Vi. Mas não tá legal, que vergonha! Não era pra tu ouvir, não era ninguém ouvir. Que vergonha! 

Aninha falou apressada e colocou novamente as mãos no rosto, e eu sentada bem na sua frente, me segurando para não beija-la ali mesmo. Passei a mão no teu cabelo, e comecei a alisar seu rosto. 

- É linda demais gente. E assim vermelhinha de vergonha fica mais linda ainda. Aninha tanto amor que saia daquela música, canta pra mim!

Antes mesmo que ela pudesse me  responder alguma coisa,  o Pedro surgiu na porta do quarto segurando uma rosa branca nas mãos, e já foi logo vindo em sua direção.

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