Um Só Coração.

Vitória é sol.

Ana Clara :

Estava deitada respondendo a mensagem que Vitória tinha me enviado à pouco e fiquei esperando ela me ligar, mas isso não aconteceu.

Imaginei que ela estivesse com a família ou saído para algum lugar, mas assim que pudesse ela me ligaria, então fiquei ali no quarto lendo, brincando com o violão, escrevendo algumas coisas e logo peguei no sono, acordando no dia seguinte com a minha mãe batendo na porta.

- Ana! Filha, acorda.

- Hum mãe. O que foi? Me deixa dormir ainda é cedo.

Reclamei voltando a me enrolar nas cobertas

- Filha é a irmã da Vitória. Ela tá aqui,  quer falar com tu e ela parece um pouco aflita.

- Sabra?

Falei assustada, levantando logo da cama, olhei o celular e vi que Vitória ainda não tinha respondido a mensagem que enviei na noite passada, então abrir logo a porta do quarto e falei para minha mãe.

- O que será que ela quer?

- Não sei meu amor, vai lá falar com ela.

Me apressei e fui até a sala onde Sabra estava, e ela parecia muito aflita estava com os olhos inchados, parecia que havia chorado.

- Ana!

Ela levantou do sofá ao me ver chegando, e o seu tom de voz era puro nervosismo.

- Você esta bem Sa? Aconteceu alguma coisa? 

- Ana, a Vi...

Sabra nem começou direito a falar e eu já imaginei mil coisas, pela aflição que ela estava, boa coisa não era.

- O que aconteceu com a Vitória? Cadê ela Sabra? Cadê a Vitória?

- Ana, a Vitória sofreu um acidente de carro ontem, logo que chegou à São Paulo na saída do aeroporto, não sei direito ainda como aconteceu, foi tudo muito rápido e ninguém sabia explicar muito bem,  só sei que ela e o meu tio estão hospitalizados...

 
Ao ouvir aquelas palavras ditas pela Sabra meu mundo todinho caiu, parecia que tinha aberto um buraco sem fim em baixo dos meus pés, todo o meu corpo parou e uma dor enorme tomou conta de mim, tudo na minha frente virou  escuridão e eu só conseguia pensar na imagem da Vitória sorrindo.

- Eu to indo para São Paulo hoje a noite. Vim aqui te avisar e sei lá saber se tu quer ir comigo. Sei que vocês se gostam muito e séria bom se tu estivesse lá...

Eu ouvia a Sabra falando, mas o som da sua voz parecia está tão distante, e também eu não conseguia formar frase alguma, as palavras tinham sumido e eu só conseguia pensar na Vitória.

- Ana? Filha, você tá bem?

Só conseguir “voltar” para à realidade depois que sentir o toque da minha mãe no meu braço.

- Cadê a Vitória? 

Falei apressada e sentido meu coração disparar.

- Ela tá hospitalizada Ana, minha tia está lá com eles e a Vitória espera o resultado de uns exames, talvez passe por cirurgia hoje, eu to indo a noite para São Paulo, tu quer ir comigo?

- Claro que quero! Eu preciso vê a Vitória, mãe...

Eu olhei para minha mãe meio confusa e ela logo confirmou.

- Vai sim filha, à Vi precisa de você lá com ela.

Sabra acertou todos os detalhes do vôo com a minha mãe enquanto eu fiquei sentada no sofá, longe longe. Luana me ajudou a arrumar tudo e logo chegou a noite, hora de ir para o aeroporto!

Um vôo nunca demorou tanto quanto esse, parecia não ter fim, São Paulo estava mais longe que nunca e o meu coração apertava mais a cada hora que se passava e eu não tinha notícias da Vi. Sabra ansiosa, nervosa e agitada tentava ao máximo se segurar e não demonstrar o tanto que ela estava com medo de toda aquela situação, mais não adiantava muito.

E naquele momento enquanto eu estava ali no avião  tentando de todas as formas controlar meu nervosismo eu fiquei imaginando qual séria a reação da Vitória se ela estivesse no meu lugar, provavelmente ela ia está  tentando acalmar a Sabra, passando toda aquela luz e paz que só ela tem, talvez ela cantasse alguma coisa, ou tentasse contar algo engraçado só para tentar arrancar um sorriso dela, ela sempre diz que Sabra tem um sorriso bonito que só.  Por dentro seria confusão, mas por fora uma paz que abraça e gruda por onde passa, Vitória é sol.

Enfim chegamos em São Paulo e fomos direto para o hospital queria logo vê a Vitória, meu coração já não aguentava mais, precisava saber como elas estava,  mas assim que chegamos, não foi a Vi que vimos e sim a Gabi, que já estava lá...