Nuvens de algodão.

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- Saudades de sentir o teu gosto.

Gabi soltou essa frase, enquanto eu era puro nervosismo. Ana tinha acabado de ver aquele selinho e por mais que tivesse acontecido por um descuido bobo, ela já estava com ciúmes da Gabriela, então presenciar aquele selinho era como puxar o gatilho.

- Gabi não viaja. A Ninha não me atende, que merda!

- Calma, a sua princesa vai atender já.

Gabi sempre foi muito tranquila, não importava a situação, ela sempre via as coisas pelo lado bom. E eu também costumava ser assim, mas naquela situação, toda a minha calma  dependia do bem estar da Ana, só ela importava naquele momento. 

- Anda Vitória, vamos.

Sabra, apareceu na porta do quarto me chamando e eu estava andando de um lado para o outro, ligando para Ana e ela nada de me atender.

- O que foi? Tá tudo bem Vi?

Sabra perguntou, e nem se quer deu atenção,  a Gabi que respondeu.

- A princesa da Ana viu um selinho acidental que rolou aqui. E agora Vitória ta ai surtando

Olhei para a Gabi enquanto ela fazia cara de tanto faz, explicando o que aconteceu para a Sa. Mas eu estava tão preocupada com a Ana que nem falei nada.

- Vem Vi, vamos que a mamãe já tá esperando e no caminho tu tenta falar com a Ana. Vamos!

Sabra segurou minha mão e começou a me puxar.

- Tchau Ga. Cheirinho em Tu!

Deu um beijo na bochecha na Gabi e eu fui saindo do quarto sem nem olhar para ela, concentrada tentando novamente ligar para Ana.

- Tchau para você também Dona Vitória.

Ela falou e eu apenas respondi tchau.  Mas eu não fiquei chateada com a Gabi, foi um selinho acidental sem a menor importância para nos duas, mas naquele momento, eu não conseguia pensar em mais nada à não ser na Ana Clara, então sair e nem falei direito com ela.

E aquela vontade danada de ver a Aninha que eu já estava, triplicou de uma hora pra outra. O fato de está longe piorava tudo, eu precisava conversar com ela pessoalmente.

Entrei no carro e mamãe logo percebeu que eu estava tensa, e  começou a fazer algumas perguntas, mas Sabra puxava conversa, e ela logo mudava o foco.

No caminho nada me saltava os olhos nem mesmo as nuvem que pareciam de algodão de tão branquinhas naquele céu azul. Fui toda a viagem tentando falar com a Ana, mas quando tinha sinal no celular e eu conseguia ligar, ela não atendia.

Sabia que ela estava com raiva e eu até podia sentir a confusão dentro dela, afinal eu também já havia presenciado algo do tipo, e enquanto eu ficava ali repassando tudo o que aconteceu na minha mente.

Sabra se aproximou e falou baixinho  no meu ouvido, me fazendo voltar da viagem nos meus pensamentos.

- Vi quando a gente chegar, tu vai até ela. Fica tranquila tá?

Ela afastou meu cabelo e encostou sua cabeça no meu ombro, segurou firme a minha mão e ficou ali,  brincando com os meus dedos. Me mostrando dessa forma, que mais uma vez ela  estava ali comigo.

- Dói o tanto que eu te amo Tatinha. 

Falei baixinho e dei um beijo demorado na sua cabeça.

- Te amo meu passarinho.

A viagem seguia e o meu coração apetava mais a cada km rodado, não via a hora de chegar em Araguaína e ir falar com Ana. E mesmo que ela não quisesse falar comigo, eu precisava vê-la.

Quando chegamos na cidade, já era tarde e Dona Isabel nem se quer considerou a possibilidade de me deixar ir até a casa da Ana . Apesar de moramos muito perto uma da outra.

Tive de conter toda a minha ansiedade e esperar até o dia seguinte. Mandei uma mensagem para Ana  avisando que tinha acabado de chegar, mas ela obviamente não respondeu.

Não preguei o olho o resto da noite, fiquei deitada imaginando como será que a Ana estava! O que será que ela estava pensando ou sentindo!  E agora o fato de está tão perto e não poder ir até ela, me deixava mais ansiosa ainda.

Pensando bem, não sei se era pior está perto ou longe, nesse momento.

Assim que o dia amanheceu, eu me apressei logo para ir até a casa dela, já não estava aguentando mais.

E quando cheguei lá, tia Mônica que me recebeu.

- Vi, que bom que tu apareceu. Só você pra me ajudar.

Ela falou me abraçando, assim que abriu o portão e eu não fazia ideia do que ela estava falando ou no que eu poderia ajudá-la.

- A Ana tá ai? No quer que eu posso te ajudar Tia? 

- É com a Ana mesmo. Ela tá  deitada naquela cama desde ontem, não saiu para nada nessa vida, e nem fala com ninguém. Tira ela daquela cama Vi. Por favor!

- Vim aqui pra isso.

- Entra lá. Boa sorte meu amor.

Tia Mônica sorriu e eu seguir em direção ao quarto da Ana. Quando cheguei lá a porta estava encostada e dava pra ver ela deitada arrodeada pelas cobertas, então bati na porta e falei.

- Ninha? Eu posso entrar?

Ela ouviu a minha voz e se encolheu mais ainda em baixo daqueles lençóis, e eu nem esperei que ela me desse alguma resposta. Entrei e fechei a porta do quarto...



 







 











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