Epílogo

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George Pub, Londres, Inglaterra, 2006
 
― Eu tenho uma boa para você! ― A voz estridente de Mary exige nossa atenção. ― Qual a sua fantasia mais sombria? E estou falando sombria mesmo. Não se segurem. Betsy, vamos começar com você.
Todos voltaram sua atenção para Betsy, à direita de Mary. Ela parecia constrangida. Certamente, era uma questão embaraçosa. Apesar de que seria interessante ver se alguém seria honesto em suas respostas.
― Hum, acho que eu sempre quis ser amarrada.
Besty corou e Justin gritou:
― Porra! Esta noite vai ser interessante! ― Todo mundo riu.
Quando foi a vez de Justin, ele olhou para Betsy com uma sobrancelha levantada.
― Eu diria que sempre desejei amarrar alguém. ― Novamente, todos riram.
― E quanto a você, Ben? ― Mary perguntou.
Coçando a cabeça, Ben parecia extremamente desconfortável.
― Acho que sempre fantasiei com uma garota me forçando.
― Você está brincando comigo, né? ― Justin gritou. ― Você vai precisar pagar para alguém sodomizar você. ― Justin abanou a cabeça em consternação. ― Como se uma mulher pudesse forçar alguém.
― Pode acontecer ― protestei. Todos os olhos se voltaram para mim.
― Ah, não! Não posso acreditar nisso. ― O tom de Justin era beligerante.
― Você está me dizendo que um homem não pode ser violado?
― É uma impossibilidade física. ― Justin ria, como se aquilo fosse um grande absurdo.
― Se não acredita em mim, pesquise. Tenho certeza de que vai achar alguns casos.
― Ok, espertinha, como você sabe tanto sobre isso? ― Justin olhou para mim com um sorriso divertido. Apreciando a brincadeira, todos me olharam atentamente.
― Fiz um trabalho, em uma das minhas aulas, sobre estupro. E as pesquisas mostram que isso não acontece apenas com mulheres. Estou lhe dizendo, isso acontece. ― Tomando um gole da minha bebida, olho para Justin.
― Certo, agora me diga, qual sua fantasia mais sombria, Tyler? ― Mary perguntou, tentando trazer a conversa ao tema original.
Mordi o lábio, surpresa pela questão ter se voltado para mim tão rapidamente. Não sabia se queria compartilhar minha fantasia mais sombria. Jamais falei com alguém sobre isso antes.
Vinte pares de olhos me encaravam agora, esperando uma resposta. Devo contar? Ou disfarço e invento alguma coisa?
Foda-se! Por que não deveria? Não é como se fosse acontecer mesmo. Minha fantasia é irreal demais para acontecer algum dia.
― Sempre quis fazer sexo com um estranho. ― Mordi o lábio, imaginando o que eles deveriam estar pensando sobre mim.
Meu melhor amigo, Ian, franziu a testa.
― Você quer dizer algo do tipo conhecer alguém uma noite, num clube noturno ou algo assim, e ter um caso de uma noite só?
Balancei minha cabeça.
― Não, estou dizendo alguém que nunca conheci. Um homem sem rosto, que venha até a mim, na calada da noite.
Justin soltou uma risada alta.
― Puta merda, Tyler! Você está dizendo que quer ser estuprada?
Dei um olhar atravessado para ele.
― Claro que não, Justin. Não seja vulgar. Estou falando de um estranho sensual do qual eu não saiba nada a respeito. Alguém que eu não tenha ideia de quem é.
Os olhos de Betsy se arregalaram.
― Oh, Tyler, isso é realmente sombrio! Mas, devo admitir, muito sexy!
Sorri.
― Também acho.
Justin, sem querer desistir, afirmou.
― Então, seu desejo é por um “homem sem rosto”, alguém que chegue até você, na calada da noite, e transe contigo? Com sua permissão, é claro.
Balancei a cabeça.
― Acho que foi exatamente isso que falei.
Justin riu.
― Qual seu endereço mesmo?
O salão irrompeu em gargalhadas.

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