Capítulo 29

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Tyler
 
Buckinghamshire, 2000
 
— Por que você sempre tem que parecer sexy em qualquer coisa que usa, Tyler?
Olhando para Dean, corei. Eu tinha acabado de sair da escola e estava usando o mesmo uniforme escolar de sempre. Nunca me achei sexy no uniforme da escola. Era apenas uma saia plissada, camisa branca e gravata, além do blazer preto e vermelho. Nada extravagante e, certamente, nada sexy.
— Para com isso, Dean — protestei, empurrando seu ombro.
— Só estou falando a verdade. Posso levá-la para casa? — Seus lábios sensuais se curvaram num belo sorriso. Ele sempre deixava meus joelhos fracos quando sorria. De alguma forma, ao fazer isso, ele me fazia sentir a garota mais preciosa e estimada da terra. Era quase como se aquele sorriso tivesse sido feito só para mim.
— Claro que pode — finalmente consegui dizer, após meu coração se acalmar um pouco. — Mas acho que Ian está saindo em um minuto. Ele vai querer ir com a gente também. — Ian continuava estudando na mesma escola, mas Dean decidiu trabalhar para seu pai. Isso me preocupou um pouco. Dean só tinha dezessete anos, e eu sabia que seu pai trabalhava com pessoas que eu não gostava muito.
— Ok — ele respondeu, colocando delicadamente uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. — Vou ter que te admirar até que ele chegue.
E assim ele o fez. Ficamos ali, apenas nos olhando. Era tão fácil me perder naqueles olhos azuis.
Naquele momento, eu quis que esse sentimento nunca tivesse fim.
****
Acordei atordoada, me perguntando, por um momento, onde eu estava. Claro. No hospital. Eu tinha caído no sono, debruçada sobre a cama de Jeremy novamente. Eu estava aqui há quatro dias e, durante esses quatro dias, não houve qualquer mudança. A única vez que o deixei para ir para casa, fui buscar alguns pertences e meu laptop, e então me arrastei de volta para a enfermaria. Trabalhei no hospital e disse à Suzie que não podia ir para o escritório por estar muito gripada. Achei que era uma boa desculpa. Muitas pessoas haviam ficado doentes no escritório, e era quase um milagre que eu também não tivesse pego essa gripe.
O bom disso é que eu ainda poderia fazer tudo o que precisava, sem estar fisicamente no trabalho. Eu sabia que as pessoas achariam estranho, tendo em vista que nunca fiquei doente, desde que comecei a trabalhar lá, há três anos.
Além disso, eu poderia trabalhar nas fotos que Jeremy tirou. Eu estava determinada que ele as visse ao acordar. Peguei a que Jeremy tirou comigo e fiz uma cópia para nós dois. Comprei um porta-retratos para a minha cópia, determinada a pendurar na parede, quando estivesse em casa. Nós dois parecíamos tão felizes… era como se isso tivesse acontecido há um milhão de anos.
O médico apareceu várias vezes ao dia para vê-lo, e seus sinais vitais estavam melhorando a cada dia. Eu me agarrava à esperança, porque era a única coisa que eu tinha para me segurar. Eu falava para ele, dia após dia, que ele não se livraria de mim. Ele tinha que melhorar, porque eu não o deixaria desistir. Eu era a sua âncora, assim como ele era a minha. Precisávamos um do outro. Nossa ligação era muito forte para nos afastarmos agora.
Pensando se eu deveria me mover, me mexi um pouquinho. Senti que cada osso e músculo do meu corpo gritaria, no momento em que eu levantasse a cabeça.
― Quem é Dean?
A voz de Jeremy me assustou, me fazendo levantar a cabeça mais rápido do que eu tinha planejado. Eu tinha razão. Ela doeu. Muito.
― O quê? ― perguntei, ainda um pouco grogue, mas, assim que meus olhos fixaram em Jeremy, eu ofeguei. Ele parecia muito melhor. ― Jeremy! ― gritei, levantando da cadeira para dar-lhe um grande beijo.
Jeremy riu.
― Sentiu tanta falta assim de mim?
Balancei a cabeça e lhe dei um empurrãozinho. As lágrimas estavam começando a escorrer.
― Não se atreva a fazer isso comigo de novo! Eu estava completamente assustada.
Jeremy riu.
― Eu sei. Rachael já me colocou a par. Você realmente ficou no hospital durante todo esse tempo?
Acenei concordando e vi seus olhos úmidos.
― Obrigado ― ele sussurrou, virando a cabeça para o outro lado. Eu sabia que ele estava emocionado e tentava desesperadamente conter as lágrimas.
― Como está se sentindo? ― perguntei, tentando mudar de assunto.
― Me sinto muito melhor. Eu ainda estou um pouco cansado, o que é estranho, porque eu estive dormindo pelos últimos quatro dias. ― Ele sorriu e olhou para mim quando toquei sua mão.
― Sinto muito, Jeremy. Não deveríamos ter saído naquele dia.
O sorriso de Jeremy desapareceu quando ele puxou minha mão.
― Não se atreva a tirar isso de mim. Eu não teria feito nada diferente. Foi o melhor dia da minha vida. Outra coisa a tirar da minha lista. A única coisa que resta agora é um beijo da Julie. ― Ele sorriu.
Sem querer pensar na sua lista de coisas a fazer antes de morrer, mudei a abordagem.
― Bem, isso é algo para fazermos quando você estiver melhor e fora do hospital.
Jeremy parecia triste e olhou para sua cama.
― Isso me assusta um pouco, sabe? Sair daqui… não quero acabar em algum tipo de centro para garotos da minha idade.
Dei a Jeremy um sorriso insolente. Eu estava planejando isso pelos últimos quatro dias. Parecia o certo.
― Quando você estiver melhor, gostaria de morar comigo? Você podia ficar lá em casa, voltar para a escola, e, quando estiver pronto, ir para sua própria casa. Não vou permitir que você seja um sem teto, Jeremy. De jeito nenhum.
― Você está falando sério?
Balancei a cabeça.
― Mais sério do que nunca.
Tão rápido quanto seu sorriso surgiu, ele desapareceu e Jeremy balançou a cabeça.
― Não posso. Você já tem trabalho suficiente sem ter que lidar com um adolescente pendurado em você. Não seria justo. E o seu estranho? Ele pode não gostar de me ver vivendo com você.
Devo admitir, o pensamento passou pela minha cabeça, mas, no fim, isso não importou.
Agarrando sua mão, apertei-a.
― Não seja bobo, Jeremy. Se ele não ficar feliz, ele pode ir embora e encontrar outro apartamento para comer biscoitos e trocar as coisas de lugar. ― Eu ri. ― Será divertido. Eu tenho um quarto que uso como escritório, mas podemos comprar-lhe uma cama. Posso levar minhas coisas de trabalho para o meu quarto. Há muito espaço lá. ― Quando ele não disse nada, mordi meu lábio. ― Vamos lá, Jeremy. Quero você comigo. Quero que você saiba que tem alguém. Estou aqui por você, agora. Eu lhe disse que você não se livraria de mim tão facilmente. ― Dei-lhe o meu sorriso insolente e ele finalmente sorriu.
― Bom, vou ficar com você, mas com uma condição. Você precisa se comportar. Não posso lidar com você entrando sorrateiramente em meu quarto à noite, não importa o quão irresistível você me ache.
Eu ri, colocando a mão sobre meu coração.
― Prometo.
Ouvir o que Jeremy tinha acabado de dizer sobre entrar sorrateiramente em seu quarto me fez pensar sobre o meu estranho. Pergunto-me se ele tinha estado em meu apartamento, se ele tinha ficado frustrado, sem saber onde diabos eu estava. O pensamento me fez sorrir.
― Puta merda! ― Jeremy gritou. Levantei minha sobrancelha para ele, que apenas deu de ombros. ― Você tem que admitir, este é definitivamente um momento puta merda.
Eu sorri.
― Sim, acho que eu tenho que concordar com você nisso.
De repente, Jeremy se sentou.
― Agora que nós vamos ser colegas de apartamento, você vai me contar sobre Dean?
Minhas costas se endireitaram e meus olhos se arregalaram.
― Como diabos você sabe sobre ele?
Jeremy sorriu.
― Pouco antes de você acordar, você gemeu e sussurrou Dean. Eu percebi que queria dizer algo para você. É alguém importante para você?
Eu me encolhi. É claro que ele era importante para mim. Ele era o mundo para mim. Ele foi meu primeiro amor, então desapareceu sem deixar rasto. Algo que acho que nunca vou superar. Dei de ombros.
― É complicado.
Jeremy não estava acreditando.
― Complicado porque você ainda tem sentimentos por ele? ― Quando eu não disse nada, ele revirou os olhos. ― Ah, vamos lá, Tyler. É comigo que você está falando. Não finja que não posso ver o que está realmente acontecendo. Conte-me. Qual é a história?
Suspirei, mas aceitei o fato de que Jeremy era agora uma parte de mim e, provavelmente, sabia mais sobre mim do que qualquer um. Eu confiava nele implicitamente e esperava que ele sentisse o mesmo com relação a mim.
Ajeitando-me em meu lugar, comecei a minha história.
― Bem, quando eu era pequena, morava em Buckinghamshire. Meu melhor amigo era um menino chamado Ian. Quando passei para o segundo ano da escola, Dean chegou. Nós éramos inseparáveis. Crescemos juntos, brincamos juntos, passamos pela puberdade juntos. Nós tínhamos uma conexão, um vínculo forte que achei que duraria até o dia em que morrêssemos.
Jeremy rapidamente cortou.
― O que aconteceu? ― Ele parecia realmente interessado e isso me fez sorrir. Mas também me fez ficar um pouco triste por tudo que eu havia perdido.
― Como eu disse, nós crescemos juntos e éramos muito próximos, mas Dean e eu tínhamos uma ligação ainda maior. ― Vi Jeremy levantar a sobrancelha. ― Não era assim, Jeremy. Ele sempre foi um cavalheiro. Ele dizia que queria ficar comigo, mas esperaria que eu crescesse. ― Jeremy sorriu. ― Para com isso! Por que tudo tem que ter maldade com você? ― brinquei.
Jeremy balançou a cabeça com um sorriso.
― Brincadeira. Por favor, vá em frente. Eu quero ouvir o resto.
Eu vi o quão sério ele estava, então continuei.
― Dean deixou suas intenções claras. Ele mesmo sugeriu casamento e flores…
― Flores?
Balancei a cabeça.
― Sim, flores. Ele dizia que eu era o tipo de mulher que deveria receber uma flor a cada dia, ao chegar em casa, e que ele faria isso quando nos casássemos. Ele esperou por mim e, quanto mais ele esperava, mais eu queria que se tornasse real. Eu o amava, Jeremy. Sei que parece loucura, mas é algo que…
― Que você nunca vai superar ― finalizou Jeremy.
Eu sorri, mas acenei.
― Sim, exatamente.
― Então o que aconteceu? Quer dizer, algo deve ter acontecido; caso contrário, você o teria mencionado. Nem uma vez você falou no nome dele. Se não fosse por esse sonho, acho que eu jamais saberia quem ele era.
Sorri, pensando em como ele era perspicaz para alguém tão jovem.
― Eu ainda sou muito amiga de Ian. Nunca perdemos o contato. Fomos para a escola, universidade… tudo juntos. E, agora, trabalhamos no mesmo jornal.
― Mas Dean?
― Dean desapareceu, um dia. Ele e sua família sumiram, sem falar uma palavra. Dean tinha me avisado que isso poderia acontecer, mas nunca imaginei que aconteceria mesmo. Ele me prometeu que voltaria para mim, caso isso acontecesse, mas ele nunca mais voltou. Desde este dia, não sei por que ele sumiu, ou ainda, por que ele nunca mais voltou como deveria. Como eu disse, ele foi meu primeiro amor e alguém que achei estar destinado a passar o resto da minha vida.
― Você e ele… ― Jeremy perguntou com um sorriso.
― Não. ― Sorri de volta. ― Mas era o que aconteceria quando eu fizesse dezesseis anos. Ele estava determinado a esperar por mim…
― Então, ele se foi antes que você completasse dezesseis anos?
― Não, só depois.
― Então, vocês nunca tiveram oportunidade.
― Não.
― Então, com quem você perdeu?
Suspirei.
― Depois que fiz dezoito anos, fomos para a casa de um amigo. Foi uma grande festa, todo mundo estava comemorando os resultados do fim do semestre. Eu estava um pouco bêbada e conheci um cara. Nos demos bem de imediato. Seu nome era Dillon e eu gostei dele porque ele era meio misterioso. Alcoolizada, falei para ele que eu era virgem. Ele ficou chocado, acho que todas as meninas da minha idade já tinham saído com alguém. Eu era uma exceção. Bem, uma coisa levou a outra. Ele ofereceu, eu aceitei e o resto é história.
― Foi bom? ― ele perguntou, animado.
Estremeci um pouco, lembrando que foi um pouco doloroso.
― Foi como eu esperava para minha primeira vez, mas Dillon era incrivelmente delicado. Ele foi paciente e amável, tornando todo o processo mais agradável do que eu poderia ter imaginado. ― Por que diabos eu estava lhe contando isso eu não fazia ideia.
― Então, o que aconteceu com Dillon? Se viram outra vez? Tiveram um relacionamento?
Balancei minha cabeça.
― Não. Nunca mais soube dele, mas eu fiquei bem. Dillon me deu aquilo que eu estava querendo e, se tivesse que fazer tudo de novo, eu faria. Preferi que fosse com alguém por quem eu não tinha sentimentos. ― Suspirei, afundando em minha cadeira. Olhei para cima e encontrei os olhos de Jeremy. ― Por que estou lhe dizendo tudo isso? ― perguntei com uma risada.
Jeremy deu de ombros.
― É fácil contar todos os seus segredos para alguém que você sabe que não vai julgá-la. Esse é o problema com os amigos, às vezes. Uma vez que eles sabem tudo sobre você, eles julgam tudo o que você diz e faz. Eles sempre têm conselhos e sempre querem se meter.
Vi a expressão de Jeremy e soube que ele havia sido magoado por alguém.
― Eu entendo o que você quer dizer, Jeremy, mas nem todas as amizades são assim. Você pode ter amigos para compartilhar experiências e oferecer consolo quando necessário, sem controle ou julgamento. Qualquer um que queira julgar sua vida não é verdadeiramente seu amigo. ― Me mantive em silêncio por um tempo, me perguntando se deveria perguntar mais sobre isso. ― Alguém te magoou, Jeremy?
Ele olhou para baixo e acenou.
― Sim. Seu nome era Stuart e ele era o filho de um dos pais adotivos que ficaram comigo. Tínhamos mais ou menos a mesma idade e nos tornamos amigos muito rapidamente. Senti como se, finalmente, tivesse encontrado alguém em quem pudesse confiar. O problema era que ele só estava me usando como bode expiatório. Sempre que ele fazia algo errado, ele me culpava. Eu ficava me perguntando por que era acusado de coisas que não havia feito. Na terceira vez, ele roubou dinheiro dos pais e disse que eu havia pego a bolsa da sua mãe. Quando seus pais me falaram que Stuart havia me pego no flagra, percebi o que ele estava fazendo. Ele nunca foi meu amigo.
Coloquei minha mão sobre a dele.
― Sinto muito por ouvir isso, Jeremy. Espero que Stuart tenha seu castigo no final. Ele nunca foi digno da sua amizade e espero que você perceba isso. Também espero que você perceba que nem todo mundo é como Stuart. Eu nunca, jamais, o machucaria intencionalmente ou faria algo para entristecê-lo. Você tem a minha palavra sobre isso.
Jeremy sorriu e puxou minha mão.
― Você parece cansada. Por que não vai para casa e dorme um pouco? Podemos os dois dormir um pouco, e você pode vir me visitar amanhã de manhã. A menos, claro, que você precise ir para o trabalho.
Balancei a cabeça.
― Não. Tenho trabalhado daqui do hospital pelos últimos quatro dias. Amanhã já é sexta. Posso muito bem tirar a semana de folga. ― Abri um grande sorriso. ― Tem certeza de que vai ficar bem? ― Embora estivesse exausta, o choque dos últimos quatro dias estava cobrando seu preço, eu não queria deixá-lo. Ver Jeremy caído no chão me fez sentir completamente impotente, abalada e confusa.
Ele balançou a cabeça.
― É claro. Isso lhe dá uma desculpa para me trazer salgadinhos amanhã. ― Ele piscou com um sorriso travesso.
― Ok ― respondi, ainda um pouco insegura. ― Por favor, me chame se acontecer alguma coisa. Eles me disseram que você me indicou como seu parente mais próximo, na manhã do seu aniversário. Senti-me tocada.
Jeremy me deu um sorriso tímido.
― Puta merda! Me sinto feliz por ter tocado em você.
Engoli em seco.
― Jeremy, pare com isso agora.
Jeremy riu e não pude deixar de rir com ele.
― Sinto muito. Não pude evitar. Você cai na pilha tão fácil. Viver com você vai ser divertido.
Olhando para Jeremy, vi uma pitada de felicidade pela primeira vez. Ele parecia praticamente radiante. Com esse pensamento em mente, eu estava determinada a me certificar de que ele lutaria pela sua vida, porque agora ele me tinha para lutar com ele.
Assim que me levantei, Rachael se aproximou.
― Parece que estamos muito melhores agora ― ela o repreendeu divertidamente.
Concordei.
― Ah, sim. Ele está, definitivamente, melhorando. ― Rolando os olhos, balancei minha cabeça.
― Ela me ama secretamente ― Jeremy sussurrou para Rachael.
Eu ri e olhei para Rachael.
― Vou para casa. ― Fiz uma careta para ele. Ele e Rachael riram quando eu agarrei o meu casaco.
― Se ele precisar de mim para qualquer coisa, não importa a hora, me liga. ― Rachael assentiu e Jeremy revirou os olhos.
― Estou bem aqui, sabia? Posso ouvir tudo o que você diz.
Eu me encolhi.
― Sinto muito. É que me preocupo com você. Eu não quero ver você assim de novo.
Ele viu as lágrimas em meus olhos e seu rosto se suavizou.
― Eu sei. Eu realmente não quero que isso aconteça novamente.
Respirei fundo, tentando controlar meus sentimentos.
― Bem, estamos todos de acordo, então. ― Me inclinei sobre a cama de Jeremy e dei um beijo suave em sua testa. ― Durma bem, vejo você amanhã. ― Virei e comecei a ir embora.
― Com meus salgadinhos! ― ele gritou.
Com um aceno, eu ri e caminhei para fora da porta.
― Com os salgadinhos.
Quando cheguei do lado de fora, o ar frio da noite me envolveu e eu cerrei os dentes. Estava escuro e frio, e eu só desejava chegar em meu carro. Os últimos quatro dias tinham sido bem difíceis e, agora, tudo o que eu queria era deitar.
Entrei no carro e dei a partida. Liguei o aquecedor e segurei o volante com uma respiração profunda. Eu não queria perder o controle aqui. Eu não podia. Precisava chegar em casa, primeiro. Eram apenas nove da noite, mas não me importava. A primeira coisa que eu faria, ao chegar, era tomar um banho e ir direto para a cama.
E foi exatamente isso que eu fiz.

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