Capítulo 46

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Dean
 
“A vingança testa o seu próprio carrasco”.
John Ford
 
Vi, nas sombras, quando eles baixaram o caixão de Tyler na cova. Ela não estava lá, e eu sabia que jamais estaria. Ninguém encontrou o corpo e, apesar de estar muito preocupado, eu sabia que a falta de um corpo significava que ela não estava morta. Tive que me segurar para não explodir. Minha Tyler não podia estar morta. Eu não permitiria que ela estivesse.
Olhei para os pais de Tyler. A mãe dela estava chorando, é claro, mas não me convenceu. Talvez seja apenas intuição, mas suas lágrimas não pareciam genuínas. Isso me colocou em alerta imediatamente. Era exatamente por isso que eu precisava vir aqui e ver com meus próprios olhos. O pai de Tyler estava sem expressão e, curiosamente, o mesmo podia ser dito sobre a sua outra filha, Emily. Era estranho vê-la novamente, depois de tanto tempo. Nunca tive muita intimidade com ela, pois Emily era muito nova, na época, mas era nítida a semelhança entre ela e Tyler.
 Balançando a cabeça, eu me amaldiçoei por ter seguido este caminho de autodestruição. Era exatamente isso o que eu tinha feito. Planejei tudo e, finalmente, consegui o que eu queria, mas a um custo muito alto para mim e para uma pessoa inocente.
Repassei as palavras que meu tio disse em meu escritório, naquele dia, quando cometi o maior erro da minha vida. Você procura a destruição, mas o que vai acabar encontrando é o desespero.
Eu estava desesperado. A única coisa que me permitia seguir adiante era acreditar que Tyler não havia morrido. Não podia. Eu nunca permitiria isso. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu correria atrás dela até os confins da terra, para torná-la minha novamente, mas por um motivo diferente, desta vez. Eu queria ser o seu Dean novamente. Queria muito encontrá-la, se ela estiver viva, e escalar sua janela como eu costumava fazer. Eu poderia voltar a ser o menino por quem ela se apaixonou anos atrás.
Balançando a cabeça, virei para ir embora, sabendo que eu tinha que dizer adeus… por enquanto. Não pude afastar esse sentimento persistente dentro de mim, que me dizia que eu deveria voltar ao seu apartamento, por algum motivo. Acho que não faria mal dar uma olhada por lá. Eu poderia percorrer os vinte minutos de carro até lá e ver sua antiga casa novamente, repleta das nossas memórias assombradas.
Ligando o Vanquish, eu sorri, pensando que não era ruim. Olhar apenas mais uma vez era tudo o que eu precisava.
Uma última vez…

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