Dean
“Eu sou um lutador. Acredito na coisa do olho-por-olho. Eu não sou um babaca vingativo. Não tenho nenhum respeito por um homem que não bate de volta. Se você matar meu cão, é melhor esconder o seu gato”.
Muhammad Ali
A noite passada foi uma merda. Achei que as coisas estavam indo bem, até que o otário do Carmichael quis compartilhar sua fantasia comigo. No final, é claro, tive que enrolar. Entrei lá, fingi amar o show e, então, disse que queria um boquete de Katie. Deixei Samantha com Carmichael e desci para o lounge, para beber algumas doses de Bourbon. Eu não tinha o costume de beber muito, mas achei que esta noite justificava. Eu precisava colocar isso para fora… com urgência. Eu sabia o que precisaria fazer e amanhã seria o dia que eu faria.
Descendo para o porão, coloquei meu moletom e comecei a bater no saco de areia. Todos os meus músculos doíam a cada soco. Lembrei-me de Carmichael e de seu tesão da porra. Lembrei-me dos gritos patéticos de Pinzano, quando o torturei antes da sua morte. Voltei a lembrar de Carmichael, quando ele me coagiu a assistir ao showzinho particular das duas vadias. Normalmente, eu gostava desse tipo de coisa, mas esta noite eu não estava focado nisso, apenas em seguir em frente. Nunca estive interessado em Samantha ou Katie, e nunca me interessaria. Suponho que ele a segurou lá pelos últimos nove minutos que ainda ficou no quarto, depois que saí. Ele deu alguma desculpa, dizendo que precisava ir, e eu pude respirar aliviado. Era uma merda a menos para eu me preocupar.
― Não se desgaste muito! ― A voz de Humphrey soou de longe.
Parei abruptamente, olhando para cima.
― Eu só precisava desabafar depois de ontem à noite ― respondi, continuando a socar.
Humphrey chegou um pouco mais perto e suspirou.
― Você percebe que agora você é intocável, não é? Agora que você se livrou de Pinzano e fez parecer tão fácil, ninguém ousará tentar tomar o seu lugar. Todo mundo vai ficar com muito medo de você. Achei que era isso que você queria. Por que você não parece feliz?
― Estou sentindo a porra de uma felicidade absurda ― rosnei, grunhindo cada vez que dava um soco.
Humphrey bufou.
― Você não me engana, Dean. Você parece como um fio apertado, pronto para explodir. Qual é o problema? ― Humphrey ficou em silêncio por um instante e eu sabia o que estava por vir. ― É ela, não é?
Fechei os olhos e tentei manter minha compostura.
― Não a traga para essa merda. O que aconteceu ontem não tinha nada a ver com ela.
Humphrey soltou um muxoxo.
― Mas, ainda assim, você não conseguiu deixá-la sozinha, na noite passada, não é? Você teve que ir vê-la, apesar de ser uma das noites mais importantes da sua vida. Apesar de estar planejando esta noite há anos!
Cerrei os punhos com raiva, odiando o fato de que ele estava certo. Neste caso, achei que a melhor defesa era o ataque.
― Deu tudo certo ontem à noite, não é? Pare de ficar no meu pé, coroa!
Humphrey fechou os olhos e balançou a cabeça com um suspiro exasperado.
― Escute, vou dizer isso simplesmente porque você é filho do meu irmão e eu me preocupo com você. Você não acha que já fez o suficiente? Se ela está mexendo com a sua cabeça, então, pare. Ninguém vai pensar que você é um perdedor porque ninguém precisa saber. Eu nunca vou pensar mal de você.
Levantando meu punho, bati um pouco no saco e, então, fechei os olhos.
― Não posso desistir agora. Espero por isso há muito tempo.
― Mas você não acha que você já pode tê-la arruinado? Você não acha que, se você seguir com isso, as coisas podem sair dos trilhos muito rapidamente?
Senti a raiva surgir.
― Ei, de que lado você está?
― Seu, Dean, pelo amor de Deus. Só estou preocupado que você esteja indo longe demais e possa se queimar. Ela já foi importante para você. Ela ainda é, mas por razões diferentes, agora.
Não queria ouvir mais nada. Não queria que suas palavras verdadeiras ressoassem em minha mente e, eventualmente, em minha alma.
― Você pode chamar Shifu para mim?
Os olhos de Humphrey se arregalaram.
― Está tão ruim assim?
Tirando minhas luvas, joguei-as no canto.
― Quer que eu vá fazer isso sozinho? ― perguntei com um grunhido.
Humphrey acenou.
― Não, claro que não. Vou ligar para ele agora.
Humphrey saiu, mas não pude deixar de notar o sorriso malvado estampado em seu rosto. Ele sabia que chamar Shifu significava que eu esperava ter minha bunda chutada, mas o jeito que eu estava agora me fez pensar o contrário. Eu estava pronto para chutar alguns traseiros.
****
Shifu veio prontamente. Quando envolvia receber o triplo de dinheiro que ele normalmente recebia, isso acontecia. As pessoas diziam que dinheiro não era tão importante, mas era o que movia o mundo, na minha linha de trabalho. Dinheiro, sexo, drogas e a porra do álcool.
― Pronto para ter sua bunda chutada? ― perguntei ao meu professor de caratê. Eu o conheci aos dezoito anos, quando ainda era um garoto magricela. Ele ajudou a me transformar no homem que eu sou agora. Ele me ensinou a lutar e, rapidamente, virei faixa preta em Tae Kwon Do. Dizer que eu havia superado todas as expectativas era um eufemismo. Shifu era uma das poucas pessoas a quem eu devia a minha vida.
Movendo minhas mãos, estalei meus dedos, olhando-o atentamente.
― Pode vir, sensei ― eu disse, piscando para ele e apontando para frente.
Shifu me deu um meio sorriso e franziu um pouco a testa.
― Parece que estamos animados hoje. Vamos ver aonde isso vai nos levar.
Ficamos em posição. Com uma investida, Shifu veio em minha direção, seus punhos movendo-se de um lado para o outro. Com um gancho de esquerda e depois de direita, consegui segurar todos os seus movimentos. Eu estava focado esta manhã, que era uma das razões pelas quais eu precisava disso. Eu tinha que colocar a cabeça no lugar, e este treino talvez fosse a única coisa que me ajudaria a fazer isso.
Com um chute de esquerda, Shifu tentou me atacar na cabeça, mas eu agarrei seu pé e joguei-o no chão.
― Parece que estar animado me deixa mais forte. Acho que você não vai tirar onda comigo hoje, hein?
Shifu fez uma careta e rapidamente levantou-se. Ele parecia um pouco chateado e desconcentrado, o que não era comum. Ele veio até mim de novo, com um soco direto, depois gancho, então soco… todos os golpes foram defendidos com precisão.
Quando nada disso funcionou, Shifu tentou um giro com um pontapé duplo, mas bloqueei também.
Em poucos minutos, eu já tinha defendido o suficiente. Fui para o ataque, golpeando Shifu com uma série de chutes e socos. Senti que, depois de um tempo, ele estava pronto para recuar, mas eu ainda estava em chamas. Eu podia sentir a frustração dentro de mim, sentindo mais sangue frio do que já senti em muito tempo.
Com um movimento, dei uma chave de braço em Shifu, algo que eu jamais havia conseguido fazer. Então, me senti poderoso, vencendo aquele que sempre tinha sido superior a mim.
Com sua cabeça em meus braços, não perdi tempo. Manobrei por trás do meu corpo, levantei-o no ar e joguei-o no chão. Com um sorriso malicioso, zombei.
― Acho que você já não é mais tão jovem quanto antes. ― Pisquei para ele, mas ofereci minha mão para levantá-lo.
Shifu fez uma careta e bateu na minha mão, tirando-a do caminho.
― Devo estar num dia ruim, só isso. Qualquer dia desses, pego você de novo.
Balancei a cabeça.
― Sim. Claro, sensei.
Com os músculos quentes e me sentindo melhor, me despedi de Shifu e fui para o chuveiro. Senti-me bem depois de acabar com Pinzano, e ainda melhor agora que tinha chutado o traseiro do meu professor. Tudo o que eu sentia agora era tesão e, quanto mais eu pensava em enterrar meu pau em Tyler, mas excitado eu ficava.
Depois de uma chuveirada, me preparei para o resto do dia, tentando colocar os negócios em ordem antes de visitar Tyler.
O dia tornou-se noite, e a noite arrastou-se até a madrugada, quando entrei em meu Dodge e fui para o seu apartamento. Eu estava duro e pronto para ela. Precisava sentir sua boceta apertada em mim. Precisava senti-la gozar, me implorando para trepar com força.
Após estacionar, caminhei até minha entrada secreta, com um sorriso no rosto. Quanto mais perto eu ficava, mais meu pau ficava duro com o pensamento de entrar em sua boceta macia e molhada. Queria deixar minha semente. Queria marcá-la tão profundamente, que só o pensamento quase me fez gozar.
Alcancei o topo das escadas e peguei as chaves. Entrei, observando que todas as luzes estavam apagadas, como o normal.
Assim que entrei no quarto, minha respiração acelerou, meu coração batia forte e meu pau pulsava contra meu jeans. Instintivamente, lambi meus lábios, já sentindo sua doçura em minha língua. Eu era como um animal faminto, pronto para caçar, atacar, devorar.
Empurrando a porta do quarto, meus olhos se ajustaram à escuridão e caíram em sua cama. Quando vi que ela não estava lá, comecei a entrar em pânico. E se ela estivesse escondida, me esperando? E se ela estivesse esperando para me atacar? O pensamento fez meu pau pulsar ainda mais forte e minha cabeça doer. Ela não poderia ter vantagem sobre mim. Isso iria contra todo o meu propósito. Eu estava perseguindo-a, não o contrário. Precisava manter o foco. Se ela estivesse escondida em algum lugar, eu precisava estar pronto para ela como ela estaria para mim. Tinha que ter certeza de que todas as saídas estavam livres e, principalmente, as luzes, apagadas. Não podia permitir que Tyler acendesse qualquer luz, isso revelaria quem eu sou. E eu não estava pronto para isso ainda.
Cuidadosamente, procurei atrás das portas, embaixo da cama e no banheiro. Tive a certeza de me manter alerta o tempo todo, enquanto andava pela casa. Quanto mais eu procurava, mas certeza eu tinha de que ela não estava aqui e eu parecia um idiota. Coisa que eu não podia permitir.
Depois de verificar em todos os cantos, olhei ao redor da sala, procurando indícios de que ela possa ter estado aqui hoje. Fui até seu telefone e pude ver que havia três mensagens, a primeira enviada por volta de uma e meia. Ou ela não tinha estado aqui ou saiu com muita pressa, antes de verificar suas mensagens. Onde diabos ela estava?
De alguma forma, Tyler teve uma vantagem sobre mim hoje, e não gostei. Não gostei nem um pouco desta merda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sortilégio
RomanceEste não é um conto de fadas. Ele não é um príncipe encantado que vai levá-la em direção ao pôr do sol. Esta é uma história sobre traição, luxúria, desejo e, em última análise, vingança... E a vingança só pode conduzir a uma coisa. Tyler Ele era um...