Meia-irmã

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Já faz algumas horas que eu acordei e ainda estou deitada no sofá, me afogando nos meus pensamentos, imaginando como será, quando eu estiver cara a cara com uma pessoa que faz parte da minha família, porém eu não faço idéia de como ela é. Quando você acha que sua vida deveria ser uma montanha russa, ela se transforma em um carro enferrujado e quebrado. Uma droga de um carro velho enferrujado. Quando você acha que o momento alto da sua vida está perto, vem uma chuva de problemas, te privando de sorrir, de viver e de se sentir bem.

-Está acordada?-Diz Bobby, ao passar as mãos em meus cabelos.

-Estou.

-Nate me ligou e avisou que já achou sua irmã, ela se chama Amélia.

-Já, tão rápido assim?

-É, fiquei surpreso também. Vou dormir, boa noite querida-Bobby me dá um beijo na testa.

Penso em seguir para o meu quarto também, mas ouço um barulho vindo do porão. Desço as escadas e percebo que minha mãe está tentando escapar. Vejo a cena e me sinto mal por estar prendendo ela, afinal me torna um ser humano ruim também, assim como ela. Em segundos, ali, eu decido que não irei fazer nenhuma vingança, só a entregarei a polícia.

-Tente o quando quiser-Digo, rindo de tua atitude.

-O ato de tentar é essencial. Veja por exemplo, você ao menos tentou salvar a vida do seu pai? Cadê ele agora?-Diz Mary, com uma tremenda arrogância.

Respiro fundo e tento com todas as minhas forças não cair na sua provocação.

-Amélia.. Bonito nome, onde achou, numa revista? Ou num filme talvez?-Digo, sentando no chão e cruzando as pernas.

Seus olhos enchem de lágrimas, e sua boca treme de raiva. Acho que herdei a provocação dela.

-Nathaniel e eu fazemos um acordo.

-Foda-se você e esse seu acordo.

-Não sabe no que está se metendo.

-Eu não entendo, você ama ela e não me ama. Afinal, o que eu fiz pra você? Ou o que eu deixei de fazer? -Digo, desabafando.- Não consigo entender esse seu ódio por mim.

-Eu tenho que te odiar.

-Porque, o que eu fiz?

-Porque..-Ela dá uma pausa, e começa a chorar. -Se eu não te odiasse, eu te amaria.

Essas palavras me afetaram de tal maneira que eu nunca conseguiria explicar. Abaixo a cabeça, e tento conter a vontade enorme de não parar de chorar, fica difícil quando eu ouço o choro de Mary.
Eu diria que ficamos 5 minutos em silêncio, olhando juntas pro chão, com o rosto inchado de chorar..

-Jackson Hant. -Diz Mary quebrando o silêncio- Ele foi o amor da minha vida, ele é o verdadeiro pai de Amélia.

Ergo a cabeça e tento entender a situação.

-Você traia meu pai?

-Sim.

-Cada vez eu tenho mais vergonha de ser sua filha. -Digo, balança a cabeça negativamente.

-Seu pai investigou Jackson uma vez, após uma fuga dele da prisão. O objetivo do teu pai era prende-lo novamente, mas as coisas saíram do controle, e Charlie atirou, bem no meio da cabeça de Jackson.

-Então foi por isso que matou meu pai? Vingança?

-Eu sinto muito mesmo por sua perda, minha intenção era te deixar de lado de tudo isso.

-Ah não, jura pra mim?-Digo rindo-Então sente muito por mim dentro da prisão.

-Compreendo sua raiva.

Ignoro suas palavras e subo. Sigo para o meu quarto, deito, e durmo num piscar de olhos.
***
Ouço vozes na sala, me levanto quando ouço a de Nate. Corro em direção a sala e vejo. Bobby conversando com quem eu imagino que seja minha irmã, Lily ao lado. Nate e Robert no balcão. Ela não é muito diferente de mim, e eu acho que tenho uma sobrinha, do jeito que uma menininha a abraça. Amélia se vira pra mim, ao perceber minha presença na sala, ela me vê, e da um sorriso, o que me deixa surpresa e feliz com sua reação. Ela é linda.

Já começo a pensar como seria se a conhecesse a minha vida inteira, ter alguém pra dividir as roupas, ter alguém pra contar segredos, contar sobre tudo, brigar por coisas que só irmãos brigam, eu perdi tudo isso, e agora, eu olhando pra ela, eu já...

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Já começo a pensar como seria se a conhecesse a minha vida inteira, ter alguém pra dividir as roupas, ter alguém pra contar segredos, contar sobre tudo, brigar por coisas que só irmãos brigam, eu perdi tudo isso, e agora, eu olhando pra ela, eu já a considero minha família, minha irmã.

-Amélia, conheça Alicia, sua irmã- Diz Bobby apontando pra mim.

-Será que poderia me ajudar a entender toda essa situação? -Diz Amélia, de uma maneira doce.

-É claro.-Me sento ao sofá, e faço o gesto para ela se sentar- Até onde você sabe?

-Até a morte de um Charlie Carter, que seria meu pai, e que foi morto por uma Mary, que seria minha mãe. E eu tenho uma irmã que nunca conheci-Diz Amélia, olhando pra mim, confusa.

-Charlie não é seu pai. Mary o traia com um criminoso que meu pai matou.-Digo, e percebo que meus olhos já estão derramando lágrimas.

Todos na sala olham pra mim, surpresos também com a revelação. Percebo que Nate e Bobby já fizeram as honras de contar toda a história a Amélia.

-Ai meu Deus-Diz Amélia colocando a mão na boca e começando a chorar-Como ele se chamava?

-Jackson Hant.

-Desgraçado-Diz Bobby, deixando escapar e mostrando nitidamente sua expressão de espanto. Ele o conhecia.

-Eu posso abraça-lá?-Amélia pergunta se aproximando de mim.

Digo que sim com a cabeça, a a abraço. Aconchego eu sinto no momento.

-E quem é essa?-Digo limpando as lágrimas, e olhando pra menininha.

-Minha filha, Juli. -Amélia a pega no colo.-Essa é Julieta.

-Olá Juli, você é linda.-Digo, fazendo um carinho em sua mãozinha.

-Eu posso vê-la? - Pergunta Amélia.

-Acredite que ela é uma pessoa horrível. -Digo.

Amélia diz que sim com a cabeça. Deixa Juli sentada no sofá e segue eu, a caminho do porão.

-Essa é a Mary?.

-É Amélia. Nossa mãe.

Mary nos olha imediatamente, levando um susto, e fica totalmente parada, sem reação, ficando branca igual neve..

Prazer, Alicia CarterOnde histórias criam vida. Descubra agora