Perdoe-me

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Negando, continua ela, me dizendo que sua outra filha não lhe incomoda em nada, que ao menos ligava pra ela, mas seu comportamento dizia algo diferente, algo muito diferente do que as palavras de negação que sai da sua boca.

—Durante todas as minhas perguntas em relação a ter algum afeto por ela, você piscou três vezes em cinco segundos, se retorceu na cadeira e engoliu seco duas vezes. Seu pescoço curvou-se ao tocar no suposto "amor" que sente por ela, você não tira os olhos dos meus, exceto pelo momento que eu digo "Sua outra filha, você olha pro chão. E tua perna direta balança.—Digo sem pausas.

—E o que isso tem haver? Além de provar que você é uma boa observadora?—Diz ela, se retorcendo novamente.

—Tem haver que você se incomoda, e seu comportamento demostra aflição, nervosismo, e isso só prova, o que você—Para por um segundo, levantando as mãos e fazendo apas com os dedos— "Supostamente" sente por ela.

—Você não sabe de nada, eu só me importo comigo mesmo.—Ela diz com a cabeça inclinada—E é tolice, considerando o fato que você nunca a encontraria—Afirma ela.

—Se acredita nisso..—Digo, saindo e a deixando um tanto preocupada, sua expressão facial demostra isso. 

Subo as escadas, e meus pensamentos só voltam a Nate, ele não voltou desde então, e eu sinto que deveria ter entendido o lado dele. Eu fui totalmente egoísta, e possa ser que eu esteja arrependida. Possa ser...
Com tudo que está acontecendo, eu me esqueci completamente do meu pai, na verdade das cinzas dele... Pedi a Robert que cuidasse disso pra mim, a desejo do meu pai, seu corpo seria cremado. Nunca imaginei que a dor seria tão insuportável como está sendo.
Os pensamentos de saudades são interrompidos por um barulho na porta, logo, já tiro a arma do meu bolso e aponto.

—Culpado—Diz Nate entrando e levantando o braço direito.

Solto um suspiro de alívio, ao vê-lo. Lembrando que agora são 6:00 da manhã, é, eu não consegui dormir, pelo jeito, nem ele.

—Nate?—Solto um suspiro— O que faz aqui? 

—Você tá brincando se achou que iria te deixar sozinha né?—Ele ri ironicamente—Trouxe comida, você precisa se alimentar, tomar um banho e dormir um pouco. Já deu comida a sua mãe?

—E-Eu ia comprar agora.

—E deixar ela sozinha? Deixa que eu levo, enquanto isso tome um banho.

—Não acha que deveríamos conversar?—Digo, com um tom meio arrogante.

—Depois do seu banho.—Diz ele ao descer as escadas do porão, juntamente com a comida.

Sigo o conselho de Nate, pois realmente, estou precisando.
Vou em direção ao quarto, onde estão minhas coisas, que gentilmente Robert tinha trazido. Pego algumas peças de roupa e sigo para o banheiro.
Ligo o chuveiro no quente, no mais quente possível. Sinto a água queimar meu corpo, mas não sinto dor alguma, na verdade, quanto mais queima, quanto mais a minha pele fica vermelha, mais eu gosto. De algum jeito, isso é bom.

***
Nate está sentado no balcão, com seus braços apoiados. Sento ao seu lado, e faço a mesma posição dele.
Ele vira pra mim, e me olha por cinco segundos.

—Eu gostaria de me explicar—Diz Nate.

—Estou escutando.

—Você tem que entender que eu desde que eu te conheci, eu quis te proteger. Na...

—Eu posso me proteger sozinha—Digo, interrompendo sua fala.

—Vai me deixar continuar?—Diz ele, parecendo irritado.

Prazer, Alicia CarterOnde histórias criam vida. Descubra agora