58- O menino e a cola

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Remelento e com trapos encardidos
Fétido...
Deitado ao chão e com uma garrafa pet na mão
Aquela criança descontruia sua vida
Morria todos os dias
Sem perspectivas e sem família...

Franzino e com um aspecto doentil
Aquela criança, era bombardiada por "êxtases" do consumo de cola
Seus monstros internos acordavam
Um deles, o leviatã, causava tortura física e emocional
Ele se contorcia...
Havia outros, imperavam sobre ele
Acabavam com a sua infância...

Sobrecarregado da infeliz vida
Ele "sobremorria" todos os dias
Aprendia só o que não era certo
Roubava, cheirava, fumava...
Usava drogas como se fosse uma brincadeira
Brincadeira mortífera que a cada dia engolia mais um pedaço daquele miserável menino.

Era descontruida uma história a qual infelizmente não passaria de uma dezena de capítulos
Seria mais um ponto para estatística
Mais um nesse imundo mundo injusto
Aquele pequeno garotinho
Não sabia o que era amor
Não experimentou se quer um colo de uma mãe
Não sabia o que era um abraço confortante
Só sabia o que era cola e drogas...

Perambulando pelas ruas da metrópole
Indo de um lugar ao outro
Sempre em meio a escuridão
No negrito da noite se isolava de sua hostil realidade
Se impregnava de dor, ódio, irrealidade, vazio, mal...
Aquele coração já havia parado de bater, sua alma estava quase sendo consumida...
E com a cola na mão
Começava mais uma vez aquele ciclo mortal...

Felippe Lacerda

O Poeta é livre como o ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora