64- Fuga do pesadelo

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Eu me vejo correndo em disparada
Em meio a uma escuridão de um pesadelo
Passo por abismos, florestas, cidades,
E por jardins desfloridos que mais se assimilam com cemitérios
Uma chuva torrencial desaba sobre mim
Gotas de sangue me molham até a alma
O fôlego se esgota, estou derreado
Bem devagar eu tento respirar
Paro, por um súbito instante, pereço
Revivo, e olho para as nuvens negras que derramam sangue funesto
Cada gota tira lascas de minha pele
Ácido...
E não só isso
Um fedor entra pelas narinas
Um cheiro que invade as entranhas
Pestilencial, brutal, aterroriza ainda mais...
Agoniado, começo a me debater ao chão abrasador...
Os olhos devagarinho vão se revirando, se fechando...
Eu tentava pedir socorro
Mas o som não saia...
Parecia ser a minha hora...
Mas tento uma  última saída
Mentalmente eu clamo pedindo uma solução
Choro do fundo da minha alma dilacerada, peço, meu Deus me ajuda!
Eu imploro por socorro
Grito internamente tão alto
Que um anjo do Senhor se transporta ao macabro pesadelo, que ali estou
A cintilância do ser celestial Afugenta toda treva
Me sopra um ar sereno
Começo a me sentir diferente
Ao fundo as árvores mortas ganham cores
A cena acromática, se torna colorida, com vida
Uma força interior me sustenta de pé
Consigo respirar, ganho firmeza nos pés
O cheiro putrefacto, desaparece
As cicatrizes são curadas
Minha alma é totalmente lavada
Já não existe mais marcas de manchas em mim...
Desperto para mais um dia...

Felippe Lacerda

O Poeta é livre como o ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora