Hellena faz uma visita

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Estava no escritório de casa, trabalhando em uma ideia para uma matéria quando fui interrompida por Lucy.

-Senhora Carpenter? - Ela adentrou o escritório depois de bater duas vezes a porta.

- Sim, Lucy! - Não tirei os olhos da tela do notebook. - Algum problema com o Maurice? - Finalmente a encarei, sabia que não seria nada com um dos bebês, pois eu tinha conferido a pouco no monitor e eles dormiam tranquilos. - Ele precisa de algo?

- Não, senhora! A sua mãe está aqui para vê-la.

- Que ótimo! - me senti animada- Sirva um café a ela, Lucy! Diga que a recebo em cinco minutos, só vou concluir isso aqui.

- Sim, senhora! - Lucy sorriu amável e deixou-me.

Me senti feliz por mamãe ter aparecido pra me visitar, há dias não nos falávamos e eu estava sentindo sua falta.

Salvei o que tinha feito no computador e segui para a sala, minha mãe estava sentada e se levantou assim que me viu.

- Mamãe! - abri os braços para ela indo ao seu encontro para abraçá-la, mas o que recebi foi, literalmente, um puxão de orelha. - Ai, ai, ai...

- Que história é essa de estar sendo processada?

Minha orelha esquerda ardia a medida que mamãe a puxava como se fosse arrancá-la.

- Ai mãe, solta... - E pra tornar a cena ainda mais humilhante, meu marido descia as escadas nos encarando e ostentando um risinho de canto safado.

Cocei o queixo tentando não rir, mas era tão bom ver Laurah sendo castigada, pelo menos alguém podia fazer isso por mim.

- Hellena... Como vai?  - Abri os braços. - Estávamos com muitas saudades.

Mamãe soltou a minha orelha e foi de encontro a Chris.

- Christopher, querido, como vai? - ela estendeu os braços para ele e eu fiquei ali esfregando a minha orelha e tentando fazê-la parar de arder

- Que bom que veio nos ver... Onde está George? - Abracei calorosamente minha sogra.

- Em casa! Ele não queria que viesse! - Ela o soltou e se voltou na minha direção. - Mas, eu tinha que vir dar uns tapas nessa malcriada. Não sei de quem puxou esse temperamento explosivo.

-Não sabe mesmo, mamãe? - Eu debochei contendo as lágrimas que se insinuavam na minha face.

- Se me responder mais uma vez vou bater nessa sua bunda grande com o sapato do Chris, porque eu estou de salto- eu quis rir daquilo, mas ela continuou. - E se não desmanchar esse risinho sem vergonha do rosto, eu mesma vou arranca-lo daí.

Encarei Chris que parecia fazer uma força descomunal pra não cair na gargalhada.

Dei de ombros como se não tivesse culpa nenhuma.

- Estou esperando você me contar o que aconteceu, Laurah!

Nos sentamos no sofá e relatei os fatos a mamãe. Eu sabia que não adiantaria protelar, porque ela daria um jeito de me arrancar a verdade mesmo.

- Então é isso! - Ela começou o sermão- Você não gostou do que ouviu e meteu a mão na cara do sujeito, se metendo em encrenca... Você não tem juízo algum, Laurah! E não sei onde estou com a cabeça que não lhe dou uns bons tapas.

- Ah, mãe! Por favor não exagera...

- Não me responda, mocinha! Eu ainda sou sua mãe e vou puxar as suas orelhas sempre que for necessário.

- Tá bom, mamãe! Me desculpa!

- Espero que você pense antes de tomar qualquer atitude outra vez.

- A senhora é quem manda!

- E você, Chris! Como vai?

- Melhor... - Olhei para Laurah. - Laurah me ajuda a me sentir melhor e... comas crianças, não tem como ficar tristes, elas são as nossas alegrias. - Sorri amável.

- Isso é bom! - mamãe voltou-se para mim. - Viu só filha, vocês tem quatro filhos pra cuidar e Chris não saberia se virar com eles sozinho! Não seja inconsequente. Pense neles sempre que tomar qualquer decisão, mesmo as mais simples.

- Tá bom, mamãe! - baixei a cabeça reconhecendo que ela tinha razão e voltei a encará-la com um sorriso. - Você está certa!

- Por falar nas crianças. Cadê os meu netos?

Bastou falar em netos para Maurice vir correndo escada abaixo.

- Maurice, quantas vezes eu já disse pra não descer essas escadas correndo? - Eu morria de medo que ele caísse dela.

 - Vamos subir... - Me levantei. - Deixe ele correr... a confiança é um bom sinal... - Peguei na mão de Laurah. - Calma!

Maurice abraçou mamãe e ela me encarou como se dissesse "viu do que eu estou falando?"

Seguimos até o quarto dos bebês, e Maurice se pôs apressado em frente ao berço de Ryan.

- Olha vovó, é o meu irmão! - Ele tinha orgulho de Ryan e acho que já sonhava com as travessuras que fariam juntos.

Os três dormiam tranquilos em seus bercinhos.

- Eu amamentei há pouco, então devem levar umas horinhas pra acordar.

Mamãe os observou e sorriu.

- Eles estão ficando gordinhos.

- Umas horinhas é modéstia para Ryan. - Dei risada. - Ryan não deixa Laurah em paz... Acorda gritando, nem chorando é.

- Saiu a mãe então! - Mamãe acrescentou. - Apesar de que Laurah foi um bebê tranquilo. Mas, depois disso não tive paz.

- Ele saiu ao pai dele, mãe! - Afirmou e Ryan abriu os olhos. - Não disse! Já está acordado.

Eu ia apanhá-lo antes que chorasse, mas Maurice se adiantou. Mamãe me encarou preocupada, mas eu a acalmei com um abano de cabeça.

- Ele fica bem calminho quando está com Maurice!

Sorri de lado ao ver a cara de Hellena surpresa, Maurice era tão cuidadoso com o irmão que era até melhor que eu para pega-lo.

- Esses dois vão ser bastante amigos, tenho certeza.

- Teremos um verdadeiro Clube do Bolinha em casa! - Acrescentei. - E olha as minhas Luluzinhas tão serenas.

- Ah filha! Eu nunca imaginei te ver assim um dia, feliz babando a cria. Obrigada por me permitir viver isso, Chris!

- Viu!... Fiz um ótimo trabalho... - Pisquei para as duas e rimos. - Quero pelo menos mais um... Laurah está de acordo e verá mais um neto ou neta!

-Achei que tinham parado nesses quatro- mamãe me encarou como se eu fosse maluca por concordar em ter mais um.

-Vamos ter mais um dentro de cinco anos- informei dando de ombros.

-Tenho certeza que darão conta do recado.

Maurice colocou Ryan no berço, depois de fazê-lo dormir em seu colo.

- Vamos descer?

- Vem filho... - Dei a mão a Maurice. - Vamos tomar um chocolate quente com creme.

- Oba! - Soltou ele segurando a minha mão, o puxei para mim. - Como você cresceu meu rapaz.

 

SEM PROMESSASOnde histórias criam vida. Descubra agora