● Capítulo VI - Envolvida ●

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Não consigo chorar e talvez eu não deva chorar. Mas as coisas estão indo de mal a pior, é como se meu eco fosse o único som a ser ouvido, não sei se amarei alguém um dia ou se um dia alguém me amará. Só sei que estou precisando ser salva porque estou caindo e sinto que só uma pessoa poderia me salvar. Todos os meus pensamentos me levam direto a pessoa que eu menos quero pensar, todos os meus caminhos me levam até ele. James.

O sino tocou e eu corri urgentemente até a porta deixando-a entreaberta, sentei na cama e torci para que ele viesse, ele é a única parte da minha vida que me faz sentir normal e eu mal o conheço.

Quanto mais os minutos passavam mais eu entendia que ele não estava falando sério sobre as aulas e que ele não se importa comigo. Caminhei até a sacada do quarto e me sentei no chão.

— Cansou de esperar?

Olhei para trás e lá estava ele, James estava sem todas as roupas que acostumei a vê-lo, estava mais parecido como Sebastian costumava ficar, veio até mim sorrindo.

— Podemos começar a aula? — seu sorriso me fez perder o chão.

— Claro que sim — tentei me controlar.

James colocou os livros que segurava no chão e assim começamos a nossa aula, se bem que é bem difícil se concentrar quando está ao lado dele.

Depois de algum tempo de estudo meu cérebro parecia estar derretendo dentro da minha cabeça, então James resolveu parar por ali.

— Iremos passar um bom tempo juntos — levantou-se.

— Como assim? — continuei sentada no chão, minhas pernas pareciam não querer funcionar.

— Serei seu instrutor em algumas coisinhas — colocou os livros na cama e cruzou os braços — Em dança, equitação e em música — seu sorriso desajeitado me tira o chão.

— E quanto a Artemis? — ele pareceu ficar tenso, mas disfarçou com um sorriso.

— Com ela eu tenho outros assuntos — disse apenas.

Assuntos? Senti meu coração acelerar.

Finalmente levantei e fiquei de frente a ele que me encarava sem pudor algum.

— Boa noite Annie — deu alguns passos até mim, abaixou-se e encostou seus lábios gelados em minha bochecha quente.

Não consegui me mover ou responder, meu corpo inteiro paralisou e ouvi a porta se fechar. Fechei os olhos e me joguei de costas na cama.

— Boa noite James — respondi com um sorriso idiota dançando em meus lábios.

Meus passos apressados ecoavam pelo corredor vazio, Astrid me mataria pelo meu atraso para a aula de dança.

— Atrasada — ouvi a voz de Astrid atrás de mim ao entrar no grande salão de festas.

Artemis conversa com seu guarda que, provavelmente, seria seu par. James caminhou até mim, ele não sorria ou me olhava nos olhos.

— Cavalheiros cumprimentem as damas — mal pude acreditar que a Rainha Helena seria a instrutora.

Havia dois violinos e um piano e logo começaram a tocar uma valsa cheia de charme, elegância e romantismo.

James apertou minha cintura com uma de suas mãos e a outra entrelaçou nossos dedos, meus pés pareciam se mover sozinhos, ele me levava na dança como uma pluma bailando ao vento.

— Você dança bem para uma criadora de porcos — brincou.

— Achei que você dançasse melhor para um Lorde — arqueei as sobrancelhas.

Acho que ele levou um pouco a sério demais, em um movimento colou nossos corpos, sei que ele podia sentir meu coração batendo contra se corpo, eu não podia sentir o dele por sua altura bem maior que a minha, desenlaçou nossos dedos e segurou minha cintura com ambas as mãos como se eu fosse me quebrar, virei minha cabeça para trás soltando o meu coque deixando meu cabelo livre fazendo sua dança singular, meus braços dançando pelo ar, James me ergueu alto, senti os meus pés abandonarem o chão e se deliciarem com a leve brisa, James foi descendo meu corpo de volta, quando nossos rostos ficaram próximos pude sentir sua respiração descontrolada colidir com meu rosto, seus lábios estavam tão próximos do meu que podia sentir o seu hálito, a boca dele foi ficando mais próxima da minha, meus pés ainda não tocavam o chão, sentia as mãos firmes dele apertarem ainda mais minha cintura como um encaixe perfeito.

— James — a voz nos tirou do transe.

Meus pés colidiram com o chão causando certo incomodo, mas as mãos de James pareciam estar coladas em meu corpo.

— A aula está acabada por hoje — a Rainha parecia estar nervosa — Fiquem aqui James e Annelise — pediu.

Senti meu estômago apertar, James olhou para mim e seus olhos mostravam certo medo, mas podia ver o pequeno brilho encantador de seu olhar.

— Eu não sei o que deu na cabeça de vocês, mas não poderá acontecer novamente — pela primeira vez senti uma centelha de raiva no tom dela — Você será noiva do Príncipe, não pode se envolver com James e James você sabe que não pode se envolver com ela — encarava-o com seus olhos pegando fogo.

— Perdoe-me — ele abaixou a cabeça.

— Então por que continua agarrado a cintura dela? — parecia estar incomodada.

James soltou-me e eu me senti desprotegida.

— Para o bem de todos e principalmente de vocês dois é melhor ele não seja mais seu instrutor.

Meu chão se abriu, eu queria chorar, queria gritar.

— Mas ma... Majestade... — ele começou.

— Estão dispensados — suspirou.

James saiu antes de mim, seus passos estavam urgentes, meu coração esmagou dentro do peito, meus olhos ardiam.

— James espere um minuto — pedi.

Ele parou na metade do corredor, senti que a Rainha ainda nos observava, mas eu não me importava. Corri até ele tropeçando em meu vestido.

— Te ver e não te ter está me enlouquecendo — ele me encarava com firmeza — Prefiro me afastar porque sei que irei te perder.

— Você não pode simplesmente decidir me evitar — cruzei os braços — E a nossa amizade? Não significa nada?

— Nunca te vi como amiga Annie, desde a primeira vez que te vi imaginei passar a minha vida inteira com você — meu coração acelerou ao ouvir suas palavras — Se não posso te ter como minha também não quero amizade — virou as costas e saiu marchando para longe de mim.

Por que doía tanto?

— É melhor para ambos — Astrid parou ao meu lado — Vocês não nasceram para ficar juntos.

— Por que você é apaixonada por ele? Não me venha com essa história de ser pelo meu dever porque é pura hipocrisia — gritei em meus plenos pulmões.

Astrid me encarou firmemente e então disparou.

— Você é mais parecida com seu irmão do que imaginei — virou-se e se retirou.

Então me perguntei: De onde ela o conhecia? O quanto eles se conheciam? 

A Ascensão da Rainha ♔Onde histórias criam vida. Descubra agora