Omelas: A Outra Dimensão pt. 3

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Mike havia se perdido dos meninos, mas pouco se importava. Ele não via nada além da riqueza, de como as pessoas pareciam ter dinheiro e uma vida totalmente auto-sustentável.

Será que elas trabalhavam? Será que elas sabiam o que era suar para conseguir sustentar-se? Provavelmente não. Estavam todos felizes demais e ele não achava que dava para serem tão felizes como eles estavam, enquanto você tem que dar toda a sua alma, hora e esforço para conseguir viver.

Talvez o dinheiro aparecesse na conta deles com a mesma facilidade que a porta que por onde os meninos haviam entrado sumira.

A porta desapareceu, mas ele não ligou. Onde existe dinheiro, existe felicidade. E era ali que ele iria ficar.

- Michael, você não está fazendo os arremessos direito, porra! Como quer entrar pro time da escola desse jeito? - Disse o homem que o havia criado desde o dia em que nasceu, enquanto corria com a bola de basquete ao redor da quadra do bairro em que moravam. - Desta forma, nunca vai conseguir fazer uma cesta de três pontos.

Mike era um menino de pele escura e cabelos crespos. Era muito bonito. Corpo forte desde criança, em resultado de ajuda no trabalho do pai. Ele tinha que carregar peso, quando o mais velho o chamava para ajudar nas obras que trabalhava. O garoto nunca perdia uma oportunidade: vinte dólares por um dia inteiro de pedreiro.

Seu pai, na verdade, não era seu pai.

Benson era um homem de pele parda, cabelo raspado, com uma tatuagem em seu couro cabeludo e corpo escultural, que se apaixonou perdidamente por Karine - a mãe de Mike.

Os dois moravam numa parte pobre da Califórnia. Ela era garçonete de um restaurante para motoqueiros. Uma negra linda, de cabelos negros, olhos amendoados, corpo maravilhoso - invejado e quisto por todos. Se não queriam ser como ela, queriam tê-la em seus braços, em sua cama, à noite.

Benson era um motoqueiro nato, ensinado a ter esse estilo pelo seu pai. Tinha orgulho de ser quem era apesar de não ter muito dinheiro.

Sempre fora desapegado em relação às questões relacionamentais. Nunca se envolveu e nunca sentiu necessidade de envolver-se. Porém, no momento que entrou naquele bar e viu Karine, ele a quis, como todos a queriam.

Apenas não pensou que seria capaz de consegui-la, mas conseguiu.

Mudaram-se para um apartamento perto do trabalho dela, no qual ela trabalhava desde os dezesseis anos e perto da companhia da mão-de-obra, da parte dele.

Não se casaram nem fizeram algum tipo de união estável, pois não tinham dinheiro para isso. Entretanto, não significa que não comemoraram.

- Até a morte - ele disse enquanto erguia a taça de plástico - que possuía um vinho barato, comprado na loja de conveniência - para Karine.

- Até a morte - ela disse, brindando. Eles tomaram a bebida alcoólica em um só gole e se beijaram, enquanto estavam abraçados à luz da lua e unidos pelas luzes da cidade de Los Angeles, da cobertura daquele prédio abandonado.

Eles eram muito felizes. Conhecidos como "casal barra pesada" e os dois amavam aquilo. Amavam morar em um apartamento simples, serem felizes e satisfeitos com as pequenas coisas não tão caras e tudo conseguido com o maior esforço da parte deles: mais horas trabalhando no restaurante e horas extras ajudando na obra.

Até que um dia, eles deixaram de ser felizes.

Ele havia acabado de sair do novo projeto que estavam construindo para buscar Karine no trabalho e ao chegar lá, ele não a encontrou.

Omelas | Pjm + Jjk (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora