Ela

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Jeon Sooyan andava, tranquilamente, pela cidade de Omelas.

Havia ido no mercado comprar algumas frutas e verduras para fazer o jantar. Mas, oferecera-se para ir porque estava cansada de ficar em casa. Sentia saudades de conversar, ver os rostos das pessoas. Mesmo que fossem os mesmos rostos, mesmo que ela conhecesse todas elas.

O dia estava tão bonito, as árvores estavam cheias de flores, em tons pastéis. A brisa corria pelo seu rosto, jogando seus cabelos castanhos longos para trás.

Era uma mulher bonita demais, demais. Era impossível não apaixonar-se por ela.

Seus olhos eram castanhos. Olhos puxados e amendoados. Seu corpo era lindo, cheio de curvas e era alta.

Mas a beleza não era tudo. O espírito de libertade que percorria pelas suas veias fazia-se excepcionalmente único. Impossível encontrar alguém de personalidade tão admirável e forte.

Costumava nadar no mar em seus dias mais furiosos. Não podia nem contar quantas vezes havia se jogado do penhasco porque fora desafiada. Não tinha medo de nada, nem da morte.

Até que encontrou o que jamais pensou em encontrar.

Sooyan nadava, dando braçadas lentas na água do lago que havia atrás de sua casa.

Havia acabado de voltar da faculdade de artes que cursava. Fazia várias matérias de artes pois não era capaz de escolher uma apenas.

A paixão pelo corpo e pela alma humana que ela sentia era intensa demais. Porém, aquele amor que os personagens sentiam, tanto os dos livros quanto os das fotos ou das telas, não parecia real. Perfeito demais, puro demais, intocável demais.

As pessoas não devem, realmente, se amar dessa forma, pensava Sooyan enquanto observava ou lia uma narrativa.

Sua mãe e seu pai pareciam estar sempre entediados com a vida. A mesma rotina, as mesmas coisas a serem feitas. As mesmas novelas, as mesmas histórias, as mesmas palavras.

Não experimentavam nada, não viviam de modo que pudessem aproveitar o paraíso em que habitavam.

A garota observava as pessoas sofrendo nos livros, via quadros dolorosos, mortes de artistas e pintores porque eles conheceram a tristeza de um modo que ela nunca conheceu. Por isso começou a estudar a arte. Queria saber o que sentiram, queria saber o motivo da escolha da morte deles.

Ali, na água morna do lago, relaxava e boiava, aprendendo a controlar sua respiração.

As folhas das árvores caíam lentamente no lago e Sooyan olhava tudo de cima. Era tudo tão bonito.

Um arco-íris enfeitava o céu com toda a sua nitidez e delicadeza. Ela era totalmente incapaz de não ser apaixonada por Omelas.

Vendo a beleza do dia, saiu da água e correu para casa, indo tomar um banho. Ela iria para o parque de diversões naquele dia. Estava morrendo de saudades de brincar como criança nos brinquedos, rir à toa, esperando o tempo passar.

Arrumou-se. Pôs um vestido rosa de seda que permitia que se movimentasse e corresse, pulasse ou brincasse. Colocou sua sapatilha delicada e correu enquanto ria sozinha pelas ruas.

Ela passava correndo pelas casas e os vizinhos a reconheciam, é claro. Todos a amavam. A menininha dos olhos puxados era conhecida pela sua ternura e paixão pela vida.
As águas do mar respingavam em seu rosto com força, enquanto ia em direção ao parque.

Omelas | Pjm + Jjk (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora