Capítulo 24

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Londres:

Continuo me sentindo completamente perdida. Nem mesmo o tempo parece ser capaz de solucionar meus problemas. Para ser sincera, o tempo faz apenas com que minha vontade de retornar ao Brasil aumente, porém, ainda me falta coragem para tanto.

Cansada de ficar sozinha, acabo ligando para casa.

Alô. — ouço uma voz feminina e meu coração imediatamente se aquece.

— Bela! — exclamo, tentando manter as lágrimas longe dos meus olhos.

Deus!... Lara!... — ela balbucia, parecendo não acreditar que está falando comigo.

— Sinto tanto a sua falta!

Eu também, querida. Você não deveria ter viajado. — me repreende em tom carinhoso.

— Ainda dói muito. — confesso em um murmúrio.

Eu sei. E infelizmente não vai passar tão cedo.

— Deveria haver um jeito mais fácil de lidar com a saudade. Detesto ter que passar por tudo isso.

Suas escolhas a levaram até aí. Você precisa aprender a lidar com elas.

— Juro que estou tentando. — afirmo e acabo não conseguindo controlar a curiosidade. — Como ele está?

Tentando te esquecer. — responde e percebo certo tom de cautela em sua voz.

Bela está escondendo algo.

— Existe alguma coisa que não sei, mas que deveria saber? — questiono sem esconder minha desconfiança.

Não. — ela afirma depois de alguns instantes. — Só acho que ficar aí não vai adiantar em nada.

— Sei que tem algo acontecendo. — digo, agora ainda mais convicta. — Me conte o que é.

Não é nada. — garante com sua voz pacata de sempre. — Só estamos preocupados com você.

Sabendo que Bela não dará o braço a torcer, decido mudar de assunto.

— E Yago?

Está viajando, mas quando fica em casa só sabe falar em você. — conta, parecendo mais animada. — Ele e Luiza se dão muito bem... Finalmente alguém para colocar juízo na cabeça do seu irmão.

Pela primeira vez desde que parti do Brasil, um sorriso verdadeiro se forma em meu rosto.

— Vou voltar para casa! — declaro e não sei se estou fazendo isso porque estou morrendo de saudades ou se porque sinto que há algo errado acontecendo.

Talvez as duas coisas.

Vai mesmo? — ela indaga, um misto de desconfiança e euforia em sua voz.

— Sim. Mas, por favor, não conte nada a ninguém.

Por que não?

— Quero fazer uma surpresa, apenas isso.

Tem certeza que não vai aprontar nada? — exige saber, ainda em dúvida.

— Absoluta. Confie em mim.

Quando você chega?

— O mais breve possível.

Tudo bem. Vá arrumar suas malas e até a volta.

Encerro a ligação e em seguida faço uma nova, dessa vez para a companhia aérea. Reservo minha passagem para o primeiro avião que está partindo para o Brasil.

Rezo para não me arrepender da minha decisão.

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