Capítulo 11

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Apoiada no batente da porta do banheiro, me pego observando Luan dormir. Em algum momento da noite ele decidiu tirar sua camisa e vejo seu peito despido subindo e descendo, no ritmo da sua respiração.

Ele é bonito.

Mesmo agora, de olhos fechados, como o cabelo completamente bagunçado, perdido em seu mundo de sonhos... ele é inquestionavelmente bonito.

Deixo-o dormindo e desço para a cozinha repreendendo-me pelo rumo que meus pensamentos tomaram. Fico aliviada ao perceber que não terei que lidar mais com eles por enquanto, no instante que vejo que o cômodo não está vazio.

Bela, nossa diarista, está bastante ocupada lavando algumas louças. Ela tem um pouco mais de 50 anos e vem em nossa casa duas vezes por semana. Ela é um dos seres mais adoráveis que já conheci e com a passar do tempo, comecei a considerá-la como uma segunda mãe.

O fato dela nunca ter se intrometido em minha vida, só faz com que minha simpatia por ela aumente. E sempre que eu preciso de um conselho, basta me sentar na cozinha e falar.

— Olá, Bela. — a cumprimento, sentando-me a mesa.

— Olá, querida. Dormiu bem?

— Sim. — digo a ela, tentando reprimir as lembranças do pesadelo da noite passada.

— Bom dia! — ouço uma voz masculina chegar até mim e me viro para encontrar Luan.

Eu e Bela lhe respondemos em uníssono, enquanto o observo vir até onde estou. Seus lábios tocam os meus com leveza, mas posso sentir que ele ainda está preocupado.

— Você está bem? — indaga, colocando alguns fios soltos do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Estou sim. — afirmo, da forma mais convicta que sou capaz.

— Eu realmente preciso ir para casa, mas não quero te deixar sozinha. — ele murmura e noto o quanto a indecisão lhe incomoda.

— Bela irá passar o dia todo aqui, não se preocupe.

— Você tem certeza?

— Claro. Pode ir tranquilo.

— Se precisar de qualquer coisa me ligue, certo? — balanço a cabeça positivamente e recebo um novo beijo.

— Cuide-se. — peço a ele, com os lábios ainda próximos dos seus.

— Cuide-se também. — ele sussurra para mim e em seguida se afasta. — Tchau, Bela.

— Tchau. — ela responde, sorridente como sempre e então estamos sós.

— Luan conhece você? — acabo perguntando, quanto tomo ciência de que ele a chamou pelo nome, sem que eu os tenha apresentado.

— É claro! Trabalho na casa dele também.

Meu queixo cai com a novidade. Por essa eu definitivamente não esperava. Começo a me mexer desconfortavelmente na cadeira, sabendo que isso é uma espécie de aviso para Bela. Ela sabe que tenho algo a dizer, mas não possuo coragem suficiente para tocar no assunto.

— Parece que Yago não é o único nessa casa que está namorando. — ela comenta, lançando-me um olhar de soslaio.

— Tecnicamente. — mordo o lábio, insegura. Bela parece entender que a situação requer sua atenção e deixa o que está fazendo de lado, para me fitar, de sobrancelhas arqueadas, esperando que eu lhe dê algumas explicações. — Estou com ele por conta de uma aposta. — confesso e agora é a vez do queixo dela cair.

— Céus! — ela exclama completamente incrédula.

— Não me olhe dessa forma. A culpa disso tudo é dele e de Yago. Foram eles que apostaram e não eu. — sinto a necessidade de me defender.

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