A conversa de Luan e Yago é interrompida apenas quando entrego a meu namorado uma xícara de café e me sento ao seu lado. Somente agora tomo ciência de quão faminta estou.
— Achei uma serventia para você. O café está bom! — ouço Luan exclamar e me viro para encará-lo.
— Que bom que tenho alguma serventia para você, porque você não tem nenhuma para mim. — retruco e Yago começa a rir.
— Vou deixar vocês discutirem a relação em paz. — disse, levantando-se.
Meu comentário faz meu namorado ficar emburrado durante o restante do café. Assim que se dá por satisfeito ele deixa a mesa e vai se sentar na sala. Deixo-o alimentando sua raiva por mim e vou lavar a louça. Sei que não vai demorar para ele voltar a estar na palma de minha mão.
Somente quando termino meus afazeres é que vou até ele. Ignoro seu jeito rígido de sentar e seus braços cruzados, que demonstram claramente sua irritação. Sento-me em seu colo, de frente para ele e entrelaço minhas pernas em volta de sua cintura.
— Oi. — sussurro, meu nariz roçando o dele.
— Não me provoque, Lara.
— E por que eu não deveria?
— Porque não tenho nenhuma serventia para você, lembra?
— Eu andei pensando a respeito. Conclui que você tem bastante serventia para mim quando está no meu quarto, deitado na cama... — faço uma pausa, fazendo minha boca chegar até o ouvido dele. — Sem roupa!
— Você é muito sem vergonha, sabia?
— Claro que sou! Mas convenhamos que exatamente por isso que você gosta de mim.
— Gosto até mais do que deveria. — ele solta um longo suspiro e deixo meus lábios tocarem os dele, selando nossa reconciliação. — Quero lhe pedir uma coisa.
— Estou ouvindo.
— Quero que você vá jantar hoje lá em casa.
— Não tenho boas lembranças de jantares em família. — respondo, fazendo uma careta.
— Eu muito menos. Mas quero que você conheça meus pais.
— Mesmo? — indago, sem entender porque ele deseja isso, já que sabe melhor do que ninguém que nosso namoro irá durar apenas dois meses.
— Claro! Vou convidar o Yago também, assim você não se sente tão perdida...
— Obrigada! — sorrio ao perceber que ele continua se preocupando comigo.
— Preciso ir para casa agora. Mais tarde ligo para o Yago, está bem?
— Claro. — concordo, levantando-me.
Acompanho Luan até a porta e volto para o sofá, sem querer incomodar Yago que possivelmente está descansando em seu quarto. Me pego pensando no jantar que terei que participar essa noite. Inconscientemente volto no tempo, para ser mais exata, no dia em que ouvi Yago dizer a seguinte frase:
"Dois meses namorando ela. Mas namoro sério, com tudo o que tem direito".
Aí está o motivo pelo qual Luan quer que eu conheça seus pais. Tudo está incluso no maldito pacote que adquiri chamado aposta.
Já está anoitecendo quando sigo para meu closet com a finalidade de me arrumar. Vasculho o lugar tentando encontrar algo apropriado para vestir. As opções que tenho parecem não me satisfazer. Só depois do que parece uma eternidade me deparo com um vestido que tinha ganhado de minha mãe.
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Revelações
RomanceComo a vida de alguns parece tão certa, enquanto a de outros não passa de uma grande e inacabável confusão? Lara vem se perguntando isso desde que uma grave notícia mudou completamente o rumo de sua vida. A garota doce, de futuro promissor, que sonh...