Capítulo 13

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Com o corpo coberto apenas por um lençol, relembro os momentos vividos na noite passada. Não me arrependo do que aconteceu. Tanto eu quanto Luan queríamos e no fundo estávamos cientes de que isso não demoraria a acontecer. 

Ergo o olhar, tomada pela sensação de que estou sendo observada.

— O que foi? — pergunto a ele, ao notar sua atenção totalmente voltada a mim. 

— Você é incrível! — afirma, enquanto seus dedos acariciam meu rosto. 

— Já estamos na cama, você pode pular essa parte de tentar me ganhar com seus elogios. — sorrio, torcendo para que ele não perceba que estou um pouco constrangida. 

— Eu sempre elogiei você. As coisas não irão mudar. 

— Você é um pedaço de mau caminho. — confesso, depositando um beijo em sua clavícula. 

— Só um pedaço? — ele ergue as sobrancelhas, convencido como sempre. 

— Você é o mau caminho em pessoa, confesso! 

Ele solta um gargalhada contagiante e em seguida sinto seus lábios sobre os meus. 

— Posso lhe contar uma coisa? — ele sussurra agora sério, segurando meu rosto entre suas mãos.

— Se você quiser. — respondo usando o mesmo tom baixo de voz. 

— Nunca desejei uma mulher, como desejo você. 

Sem saber o que lhe dizer, elimino a distância entre nossas bocas. Sinto-me exatamente como ele. Desejando loucamente alguém que terei apenas por dois meses junto a mim. 

— Já está na hora de levantarmos. — aviso, quando sinto nossa respiração vacilar. 

— Já? Poderia ficar aqui o dia inteiro! 

— Eu tenho certeza que sim. — concordo depois de ter recebido mais um beijo breve. — Mas Yago já deve ter chegado da viagem. Estou com saudade dele. — falo, enquanto me levanto da cama. 

— Viagem longa essa, não? — Luan questiona, ainda deitado, me observando. 

— Luiza estava com ele. Era bastante previsível que a viagem se estenderia por uns dias a mais, não? — respondo, terminando de me vestir. 

— Nós dois deveríamos viajar também, já que estou de férias. — propõe visivelmente animado. 

Você deveria parar de enrolar e levantar dessa cama agora! 

— Tudo bem! — ele concorda enfim e o vejo sair de baixo do lençol. 

O corpo de Luan é definitivamente algo interessante de ser observado. Gosto de saber, que mesmo sendo teoricamente, está ao meu dispor. A ideia de ter um namorando não deve ser tão ruim assim, quando se sabe escolher a pessoa certa. 

— Luan? — o chamo, no momento em que percebo uma das consequências da noite que passamos juntos. — Acho que você não deveria andar sem camisa pelos próximos dias. — alerto, sem conseguir esconder o sorriso em meu rosto. 

— Por quê? — deixo de ter a visão das suas costas, no instante em que ele se vira para me encarar. 

— Eu deixei algumas marcas sugestivas em você. 

— Não acredito que você fez isso! — ele exclama, procurando pelo espelho, na tentativa de ver os arranhões que minhas unhas provocaram em sua pele. 

— Sinto muito. — me desculpo, mordendo o lábio para segurar o riso. 

— Sente mesmo? — ele me lança um olhar desafiador e dá alguns passos em minha direção. 

— O que você vai fazer? — pergunto cautelosamente, ao ver sua expressão ganhar linhas suspeitas. 

— Apenas me vingar. — ele sorri e imediatamente tento aumentar a distância entre nós. 

Percebo que fracassei ao sentir o braço dele envolver a minha cintura e em seguida seu corpo pressionando minhas costas. Sinto sua respiração em meu pescoço e estremeço, sem saber o que me aguarda. 

— Luan, por favor. — peço, desejando que meu tom de arrependimento o faça mudar de ideia. 

— Sinto muito. 

Ele afasta minha blusa e sinto seus lábios tocarem minha pele na altura do ombro. Ao invés de depositar um beijo no local, sinto-o sugar o ar. Fecho os olhos, sabendo exatamente qual será a consequência do seu ato. 

— Você é completamente maluco! — exclamo, quando ele finalmente me solta. 

— Você tem toda a razão. — responde, fazendo com meu corpo fique de frente com o seu. — Sou completamente maluco por você. 

Nem mesmo seu lábios sedentos sobre os meus são capaz de dissipar minha irritação. Não consigo compreender como alguém consegue ser tão egocêntrico. 

— Você consegue ser bastante idiota, ás vezes. — resmungo quando ele se afasta. 

— E você, como sempre, só consegue apontar meus defeitos. — ele reclama e toda a sombra de sorriso que havia em seu rosto desaparece. 

— Estou sem paciência para drama!

— E eu estou tentando entender porque não conseguimos ficar um dia se quer sem discutir. E porque nossas discussões se iniciam sempre por motivos tão ridículos, como o de hoje. — o tom acusatório vai além do empregado em sua voz, está bastante explicito em sua expressão também. 

— Talvez o fato de termos começado da maneira errada, influencie nisso. 

— O que você está sugerindo? — ele indaga, parecendo confuso. 

Sua falsa ignorância faz com que eu tenha vontade de gritar aos quatro cantos que sei sobre a aposta. Não me conformo com o fato do meu corpo desejar alguém que age de maneira tão desleal comigo. 

— Esquece isso. Falei sem pensar. — controlo-me, sabendo que de certa maneira, estou tão errada quanto ele. 

— Você não está pensando em desistir de nós, não é? 

Vendo seus olhos assustados fixos em mim, entrelaço minhas mãos em volta do seu pescoço e o beijo, sabendo que está é a única maneira de fazer com que as perguntas sejam interrompidas. 

— Sinto muito pelo que disse. Fui grosseiro com você. — Luan sussurra, abraçando-me apertado. 

— Está tudo bem. A culpa não foi sua. — respondo, inalando profundamente seu perfume. — Podemos ir tomar café agora?

Ele concorda e veste sua camisa. 

— Suas costas estão doendo? — pergunto, sentindo-me um pouco culpada.

— Não. Estou bem. — ele sorri, estendendo a mão para mim. 

Como eu esperava, encontramos Yago na cozinha, já terminando de tomar café. Apesar de cansado, ele está visivelmente feliz. 

— Como foi à viagem? — pergunto, depois de abraçá-lo. 

— Ótima! Mesmo tendo que resolver os problemas da Estação à distância, já que meu sócio está de férias, eu e Luiza conseguimos aproveitar bastante. — ele sorri, não conseguindo perder a oportunidade de provocar Luan. 

Deixo os dois conversando enquanto preparo o café. Aprecio a forma como eles se entendem tão facilmente. Gostaria que eu e Luan tivéssemos essa mesma sintonia de vez em quando.

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