Capítulo 30

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Não é de se estranhar que passei a noite praticamente em claro. A curiosidade unida a algumas perguntas sem respostas rodeiam minha cabeça de forma persistente.

O sol mal desponta e eu acabo levantando. Arrumo-me e sigo para a sala. Ligo a TV e me pego assistindo a um programa qualquer. A impressão que tenho é a de que os ponteiros do relógio decidiram parar.

Depois do que parece um século ouço a campainha tocar. Praticamente corro até a porta.

— Bom dia! — o homem mais incrível desse mundo abre um sorriso caloroso e por um instante minha respiração falha.

— Bom dia. — respondo e espero que minha cara de idiota não me denuncie.

Como alguém consegue ser tão bonito às sete e meia da manhã?

— Você já está pronta? — ele indaga e apenas assinto incapaz de esconder minha curiosidade.

Entramos no carro e depois de pouco mais de dez minutos paramos em frente a um lugar que faz apenas com que minha confusão aumente.

— Um hospital? — sussurro, sem conseguir entender o que estamos prestes a fazer.

Luan não fala nada, apenas desce do carro e quando me dou conta, ele já abriu a porta para mim.

— Você vem comigo? — ele pergunta, estendo sua mão em minha direção. — Confie em mim. — diz, possivelmente percebendo minha hesitação.

Solto um longo suspiro, mas acabo entrelaçando meus dedos aos dele. Contudo, o fato de eu estar caminhando em direção a algo que desconheço, me deixa nervosa.

— O que você pretende com isso? — disparo, parando abruptamente.

— Eu preciso arriscar, Lara. — ele praticamente sussurra, apertando ainda mais minha mão, na tentativa de me acalmar.

— Arriscar?!

— Exatamente. — confirma, com os olhos atentos aos meus. — Um dia Yago me disse que eu sou o único capaz de ajudá-la. Não me peça porque, sei apenas que preciso tentar. Você não é um caso perdido para mim. Eu não consigo acreditar que aquela garota que foi jantar lá em casa, desapareceu. Nosso namoro pode ter começado pelo motivo errado, mas os momentos que compartilhamos foram verdadeiros. Mesmo que você negue, eu senti paixão em seus beijos.

— Diga-me o que você quer. — falo, percebendo certa tristeza no fundo dos seus olhos.

— Quero que você confie em mim. — clama novamente e percebo o quanto isso é importante para ele.

— Eu confio. — sussurro da forma mais sincera que consigo.

Isso parece suficiente para ele.

Deixo-me levar, literalmente. Luan me guia pelas alas do hospital, mas mal consigo prestar atenção para onde estamos indo. Seguro sua mão e o observo conversar com cada pessoa que nos aborda. Ao que parece não é a primeira visita que ele está fazendo ao lugar.

Luan não desistiu de mim.

O pensamento me dá novo ânimo. Estou aliviada por saber que ele ainda deseja que eu volte a ser sua pequena. Quero desesperadamente atender a esse desejo dele.

— Já estamos chegando. — ele avisa, percebido minha ansiedade.

— Estou curiosa.

— Quero que você conheça algumas pessoas. — comunica, assim que paramos em frente a uma enorme porta de correr. — Esses são meus pequenos anjos.

A porta se abre e por uma fração de segundos meu mundo parece congelar. Algumas crianças caminham em nossa direção e abraçam animadamente Luan. Solto sua mão e o vejo retribuir o carinho com o sorriso mais sincero que já vi em seus lábios.

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