Capítulo 35

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— Lara o que é isso no seu dedo? — meu irmão pergunta curioso enquanto arrumo o café.

— Uma aliança, besta! — meu namorado responde, antes que eu o faça.

Observo os dois sentados à mesa com um sorriso nos lábios. Tê-los juntos novamente, conversando de forma animada, faz com que eu me sinta completa.

— Eu sei que é uma aliança. — Yago retruca, parecendo um pouco aborrecido. — Quero saber o que ela significa.

— É apenas de compromisso. Fique tranquilo. — falo, colocando o bule de café em frente a eles.

— Sócio, melhor amigo, cunhado e namorado da minha irmã...

— É desesperador, não é? — Luan ri e acabo me lembrando de um dia em que afirmei que não haveria a menor possibilidade de eu me envolver com ele.

Tolice da minha parte, eu sei.

Na verdade, acho que se eu não tivesse sido tão cética, teria evitado grande parte do sofrimento que causei. Bela sempre tem razão, afinal de contas. Deveria ter dado ouvidos à mulher, quando lhe contei a respeito da aposta. Ela afirmou logo de início que Luan estava apaixonado por mim, mas o que eu fiz? Simplesmente a ignorei. E a ignorei novamente quando ela me deu motivos para acreditar que eu também estava apaixonada.

E por que fiz isso?

Não sei. Talvez eu estivesse com medo. No fundo, ainda acho que estou. Estou descobrindo um mundo novo. Estar com Luan sem nenhum motivo oculto é completamente diferente. Antes, quando ficava irritada com ele, lembrava-me que não podia desistir da aposta e deixava o momento passar. Agora, quando isso acontece, preciso lembrar-me de todas as razões que me fizeram aceitar estar ao lado dele, de como o amo e de como a vida é difícil quando ele não está por perto.

Em resumo, as coisas não são tão fáceis, mas elas definitivamente valem a pena.

— Você acabou encontrando algo que realmente goste de fazer. — Luan comenta enquanto gira distraidamente na cadeira que está em frente à minha mesa de trabalho na boutique.

— Você me ajudou, mesmo que indiretamente, nisso. Devo lhe agradecer. — afirmo, deixando o desenho novo que estou fazendo de lado.

— Estou aqui para isso. — ele sorri abertamente. — É bom saber que fiz algo útil por você.

— Você fez muitas coisas por mim, Luan. Provavelmente muito mais do que imagina. — afirmo no momento em que alguém bate na porta do meu escritório.

Levanto-me e vou ver quem é. Encontro um rapaz, um pouco mais jovem do que eu, com uma pasta de documentos em mãos.

— Os relatórios financeiros. — ele fala, dirigindo-me um sorriso um tanto quanto exagerado.

— Obrigada. — agradeço, pegando a pasta e dando a ele um sorriso educado.

— Não me diga que você ficou com ele também?! — meu namorado balança a cabeça negativamente quando voltamos a estar sozinhos.

— Claro que não. Ele trabalha aqui, apenas isso.

— Por acaso você participou do recrutamento?

— Não. Inicialmente quando decidi abrir meu próprio empreendimento, achei que teria de vender a parte que tenho na empresa da minha família. No entanto, quando falei da ideia para meu tio, ele se dispôs a investir aqui. Sendo assim, toda essa parte burocrática ficou por conta deles. — explico de forma rápida.

— De todo modo, acho que posso adicionar aquele cara na lista de concorrentes. — diz, semicerrando os olhos.

— Existe uma lista então? — indago, sem esconder o tom divertido em minha voz.

Luan se dirige até onde estou e com um brilho um tanto quanto sedento nos olhos me prensa contra uma parede. Arfo com o contato físico tão explícito.

Deus! Como eu amo esse homem!

— Pequena... — ele sussurra, com os lábios mal tocando os meus. — É tão difícil manter o controle quando se trata de você.

— Não estou pedindo que você o faça. — replico juntando nossas bocas em seguida.

Minhas mãos escorregam para debaixo da sua camisa e acabo deslizando delicadamente minhas unhas sobre sua pele macia. A resposta a minha provocação vem em forma de um gemido abafado.

— Não podemos fazer isso aqui. — balbucio quando sinto o quadril dele pressionar ainda mais o meu.

— Céus! Por que não? — ele pergunta parecendo desapontado, enquanto seus lábios envolvem o lóbulo da minha orelha.

— Esse é meu local de trabalho. — argumento, tentando me apegar ao pouco de racionalidade que ainda me resta.

— Eu vou viajar daqui a pouco, só estou tentado me despedir decentemente. — esclarece e volta a me beijar de forma urgente.

Somos interrompidos por batidas constantes na porta. Luan parece não se importar, mas acabo me desvencilhando para ver quem é.

— Parece que estou atrapalhando o casal. — Luiza sorri timidamente, quando percebe que tenho companhia.

— Está mesmo. — o irmão dela responde, revirando os olhos.

— Exagero dele. Luan já está quase de saída, inclusive. — intervenho, puxando a garota para dentro da sala.

— Estou? — ele pede, parecendo um pouco frustrado.

— Se não me engano, você tem uma viagem para fazer. — lembro a Luan, porque sei que se voltarmos a ficar só, dificilmente manteremos a cabeça no lugar.

Droga! Você tem razão! — derrotado, ele vem até mim e me dá um beijo de despedida. — Cuide-se, pequena.

— Cuide-se também e juízo. — respondo e instantaneamente vejo um sorriso diabólico surgir em seus lábios.

— Só perco o juízo quando estou com você. — sopra ao meu ouvido, aproveitando a oportunidade para me abraçar.

— Ainda estou aqui! — Luiza pigarreia, provavelmente percebendo a demora de nossa despedida.

— É uma pena que esteja. — o homem que ainda me abraça revida, mas posso apostar que ele está sorrindo.

— Luan?! — o repreendo mesmo assim.

— Tudo bem! — ele se afasta, erguendo os braços em sinal de redenção. — Estou indo.

Ele vai e confesso que a ideia não me agrada. Mesmo sabendo que logo o terei novamente, sua ausência faz com que eu me sinta meio perdida. Empurro o pensamento para o fundo da minha mente e me concentro no que Luiza está dizendo.

— Ele é meio insuportável às vezes. — ela comenta, mas posso notar que sua voz é carregada de afeto.

— Ainda não consegui decidir quem é mais convencido, ele ou Yago.

— É uma disputa e tanto! — ela exclama rindo.

— Resta a nós duas suportá-los.

— Não é uma missão fácil. — afirma, sentando-se na cadeira que até minutos atrás era ocupada por Luan. — Vocês dois ficam tão bem juntos... Achei linda a aliança de compromisso que ele te deu. — comenta em tom sonhador.

Faço um lembrete mental para conversar com Yago a respeito disso.

— Ele não pediu sua ajuda quando foi comprá-las? — pergunto sem esconder a curiosidade.

— Não. Fiquei sabendo só quando vi a aliança no dedo dele.

Sorrio satisfeita.

Luan é definitivamente uma caixinha de surpresas.

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