— Como assim você não aceitou ir à festa do Vincent? — Victoria surtou na sala de Artes no dia seguinte, os olhos verdes arregalados.
Alex, ao invés de demonstrar sua forma pasma por falas — como fez minha amiga —, ficou segurando o pincel com a boca aberta. Vincent estava lá no lado oposto a nós, concentrado demais em seu quadro para dar importância ao que estávamos dizendo, o que significava que eu podia falar dele sem me importar. De vez em quando eu olhava para ele.
— Eu não disse "não" — dei de ombros. — Disse que iria pensar. Mas, relaxe, é uma tática inteligente: quanto mais você ignora as pessoas, mais elas correm atrás de você. A diferença é que não vou pisar em ninguém, mas acho que entenderam o jogo que eu quero fazer com Vincent.
— De qualquer forma, Austin conseguiu com que ele admitisse sua orientação sexual — Alex relembrou, enfim pintando seu quadro branco. — Já é motivo de comemoração.
— Então como ele também é gay — Victoria falou, assimilando o que Alex comentou —, isso quer dizer que vocês dois vão...
— Não — a cortei suavemente. Depois pensei melhor. — Quer dizer, não agora. Eu estava falando sério: preciso mesmo frear minha lista de namorados. Já tive mais garotos na minha vida do que já troquei de roupa.
— Pensei que quisesse Vincent.
— Querer eu quero. — Sorri ternamente, desenhando aleatoriamente no meu quadro a única coisa que eu sabia desenhar na aula de Artes: um unicórnio, cujo chifre era colorido e bem vívido. — Mas posso me conter.
Ela riu e balançou a cabeça.
— Eu jamais conseguiria me fingir de difícil com alguém que eu quisesse ficar — admitiu.
Olhei discretamente mais uma vez para Vincent com um sorrisinho, que ainda continuava entretido em sua pintura. Gostaria de saber o que ele estava desenhando.
— Ele é charmoso até parado — sussurrou Alex, os olhos negros admirados. — Vocês combinam.
Olhei para meu amigo com o rosto levemente enrubescido.
— Talvez você tenha perdido a aposta — murmurei. — Ainda falta um pouco mais duas semanas.
Ele achou graça e olhou para meu desenho, balançando o rosto.
— De novo?
— É só o que sei desenhar.
— Por que você não tenta desenhá-lo. — Ele apontou disfarçadamente para Vincent. — Aposto que consegue.
— Não. — Quem sabe em casa? — Vou acabar estragando o rosto dele. — Olhei para Victoria. — Não teria esse problema com você, amiga.
— Hilário. — Ela passou o dedo de tinta vermelha no pote e o direcionou ao meu rosto, sujando-o.
— Hey! — exclamei, puxando do meu bolso meu iPhone e abrindo a câmera. Ela havia feito uma linha horizontal na minha bochecha direita. — Espere aí, tive uma ideia.
Peguei os outros potes de tinta e os pus no meu colo, entregando a Victoria um dos pincéis não usados que estava na mesa de um dos alunos.
— Pinte um arco-íris — pedi.
Ela dividiu seu olhar para o pincel e para minha face, a testa enrugada e a boca quase sorridente.
— Sério?
— É. A próxima aula será Teatro mesmo, e duvido muito que Martha reclame.
— Você é muito gay. Gostei. — Ela endireitou-se na cadeira, deixando sua pintura para trás. — Certo, vou começar.
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DEPOIS DO "EU TE AMO"
RomanceE se você tivesse que abrir mão da pessoa que mais ama para deixá-la ser feliz? Austin Fontennelle - um exemplo claro de vício anormal pelo sexo masculino - passa por essa situação no instante em que vê um novato de seu colégio: Vincent. Apostando t...