16 | Você é minha cor favorita

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Ouvi Vincent buzinando em frente de casa na manhã seguinte. Eu estava no intervalo breve do meu almoço, logo depois do meu turno no trabalho. Depois eu partiria para o colégio.

— Esse rapaz faz o tipo romântico, não é? — Minha mãe fez beicinho. — Pensei que o romantismo já havia morrido há muito tempo.

Ah, se fosse só ela...

— Eu também, mãe. Eu também.

Levantei-me da cadeira e inclinei minha cabeça para fora da janela, abrindo o maior dos meus sorrisos ao vê-lo usando óculos de sol — não havia sol nenhum, mas quem diabos iria se importar? — e colete jeans cobrindo a camisa branca. Ele fez um gesto de vitória para mim, lançando um beijo no ar também. Ai, Deus...

Fiz um gesto de cinco minutos para ele e corri para o banheiro. Escovei minha boca, peguei minha mochila às pressas e de forma desajeitada e, por último, me despedi da minha mãe, pronto para entrar no carro de Vincent. Era incrível como minha visão se distorcia abruptamente quando eu estava apaixonado. As coisas pareciam mais vívidas, mais claras, brilhantes, e a vontade de sair por aí sorrindo aos quatro ventos era enorme.

— E aí, unicórnio? — Vincent me cumprimentou assim que entrei em seu Suv, a voz calorosa e tropical.

— Hey. — Deixei minha bolsa no banco traseiro. — Tá tão bonito.

— Me arrumei para meu outro namorado — provocou animadamente.

— Ah, cala a boca.

Com um riso, segurei seu rosto e o beijei, a língua dançando com a dele e transferindo os sabores de cada um de nós à boca oposta. Eu não sabia que gosto tinha meus lábios, mas os dele tinham um leve frescor de castanha, e eu era simplesmente fascinado por elas.

Vincent roçou os polegares na curva do meu maxilar enquanto eu afagava levemente sua nuca com as unhas, sentindo a maciez de seus fios lisos conforme eu percorria meus dedos em seu cabelo. É, meu dia está realmente excelente.

Retornei ao meu banco e pus meu cinto quando nosso afeto acabou, observando a boca vermelha de Vincent.

— Vai me buscar todos os dias? — perguntei.

Ele ligou seu carro e me mostrou aquele sorriso branco.

— Talvez. Vai ter que merecer.

— Então a resposta para minha própria pergunta é "sim" — provoquei. — Eu nunca decepciono.

— Com certeza não. — Ele tocou meu lábio inferior enquanto começava a seguir a estrada. — Ah, eu me esqueci de avisar: vou fazer um teste. Era para eu ter dito ontem.

Aconcheguei-me no banco e me abracei.

— Sério? Quando?

— Na terceira semana de abril, no sábado. Eu te passarei o endereço no fim da aula. — Ele me examinou na primeira oportunidade em que a estrada se encontrava parcialmente vazia. — Por favor, diz que você vai me ver.

— É o jeito, né?

Vincent se assustou, o belo rosto enrugando-se em surpresa.

— Eu estou brincando. Eu irei. — Ajeitei meu cabelo para trás por conta do vento. — Não sente vergonha de ver as pessoas te olhando?

A pergunta já possuía resposta — bastava reprisar a tranquilidade em seu olhar nas duas primeiras semanas no teatro, cujo rosto era sereno demais para dar algum indício de vergonha. Mesmo quando eu o provocava, sua passividade facial estava lá, algo que não estaria comigo se a situação fosse inversa. Eu certamente arremessaria a primeira coisa pontiaguda na direção de Vincent caso ele me lançasse indiretas da mesma forma que eu fiz.

DEPOIS DO "EU TE AMO"Onde histórias criam vida. Descubra agora