12 | Eu te conheço um passo a mais

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— Então dançamos até eu não aguentar mais? — perguntei só para ter a compreensão do que Vincent estava me falando. — E eu apaguei?

— Você ficou cansado demais, na verdade, e acabou dormindo no sofá da sala. Seus amigos tiveram que me ajudar a levar você até meu quarto. — Ele deu uma risadinha. — Você é muito pesado.

— Ah, vai, nem tanto. Minha massa não passa dos sessenta quilogramas.

Tentei pensar nos esclarecimentos de sua parte enquanto andávamos a alguma região da casa, mas nada me vinha à mente, não importava o quão intenso fosse meu esforço para pensar.

— Nunca mais vou beber tanto — afirmei fazendo uma careta e balançando o rosto.

— Sério que não se recorda de nenhum momento da noite anterior? — Ele me olhou com curiosidade. — Ela foi tão incrível.

Suspirei calmamente.

— Bem, só me lembro de algumas coisas, como... hum... quando dançamos juntos ao som de uma música lenta... — Sorri quando a cena vagou meu cérebro. — Bem juntos, na verdade.

Ele abriu um sorriso lento.

— Estávamos conversando sobre seus testes de ator, não sei ao certo, antes que a música ficasse agitada novamente. — De repente engoli em seco. — E lembro-me que quase... nos beijamos. Ou eu interpretei aquele gesto errado?

Seus olhos ficaram desfocados por um instante.

— Estávamos perto um do outro o suficiente para nos beijarmos. — Ele parou em frente a uma porta dupla, larga e branca e aproximou-se de mim. — Segurei seu queixo assim... — sussurrou, fazendo exatamente o que acabou de dizer.

Congelei.

— E, então, a música nos interrompeu — falei baixinho. — Não foi?

Vincent engoliu em seco.

— Foi.

— Estou lembrado disso.

Com muita cautela, ele soltou meu queixo, representando, pela segunda vez, que nosso beijo ainda não iria acontecer. Comecei a me perguntar se algum dia chegaria; cada dia parecia mais longo que o anterior. Os olhos de Vincent ficaram frágeis e suas bochechas coraram. Não eram muito frequentes as vezes em que seu rosto ficava assim — na verdade, não convivi tempo suficiente ao seu lado para ter uma noção do que era ou não considerado naturalidade de sua parte —, mas ele ainda assim ficava lindo.

— Tem alguma coisa errada comigo? — indaguei num sussurro.

Ele estreitou o olhar.

— Como?

Demorei um pouco para prosseguir. Talvez eu devesse beijá-lo — por que, afinal, eu teria que esperar uma atitude vinda dele? Por que ele interrompeu o ato?

— Nada. — Balancei o rosto, tendo uma leve decepção semelhante à da noite anterior, e olhei para a porta, só para arranjar uma escapatória mais favorável e menos inexa de fugir do rumo que nossos gestos estavam seguindo. — Então... O que tem aí?

Vincent piscou os cílios algumas vezes, como se tivesse desnorteado, e grunhiu.

— Perdão. — Suspirou e tocou as maçanetas de vidro. — Bom, essa é a parte da casa predileta. Vai entender o motivo.

Sorri.

Com uma abertura lateral das portas duplas, ele me deu visão do que seria... uma sala. Mas não uma sala qualquer: ela era grande e bege, continha quadros de alguns filmes cujos títulos eu desconhecia — pelo menos à primeira vista — e umas três estantes de madeira escura com vários outros filmes, todos ordenados delicadamente em ordem alfabética. Havia três sofás brancos também, sendo o maior deles direcionado a uma enorme TV.

DEPOIS DO "EU TE AMO"Onde histórias criam vida. Descubra agora